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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 9, 18-26)

Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou-se, inclinou-se profundamente diante dele, e disse: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá”.

Jesus levantou-se e o seguiu, junto com os seus discípulos. Nisto, uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos veio por trás dele e tocou a barra do seu manto. Ela pensava consigo: “Se eu conseguir ao menos tocar no manto dele, ficarei curada”. Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. E a mulher ficou curada a partir daquele instante. Chegando à casa do chefe, Jesus viu os tocadores de flauta e a multidão alvoroçada, e disse: “Retirai-vos, porque a menina não morreu, mas está dormindo”. E começaram a caçoar dele. Quando a multidão foi afastada, Jesus entrou, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. Essa notícia espalhou-se por toda aquela região.

A Deus sapientíssimo, “rico para com todos os que o invocam” (Rm 10, 12), que “apascenta entre os lírios” (Ct 2, 16) e diante do qual “não há distinção de pessoas” (Rm 2, 11), aprouve ornar com a palma do martírio e o lírio da virgindade a santa cuja memória a Igreja hoje celebra, a humilde menina Maria Goretti, que passou por este mundo sem os faustos de uma vida rica e célebre, mas enriquecida com os dons do Espírito Santo e digna de ser proposta como exemplo de pureza e fortaleza heróica a todos os fiéis, sobretudo aos jovens de ambos os sexos, dos quais não poucos, atraídos pelas vaidades do mundo, temerariamente põem em risco a salvação da própria alma. Grande e estupendo milagre, que admirou o mundo inteiro, foi a coragem de S. Maria Goretti, uma pobre menina vinda de uma família de lavradores que, antes de completar doze anos, preferiu morrer pela castidade a deixar-se inquinar pela impureza de seu algoz. Com efeito, no dia 5 de julho de 1902, resistindo fortemente às violentas insinuações de Alessandro Serenelli, por quem fora tentada mais de uma vez, Maria foi lançada ao chão e apunhalada quatorze vezes. Morreu no dia seguinte em odor de santidade, mas não antes de perdoar ao seu assassino. O povo a proclamou mártir, a Igreja a declarou beata em 1947 e o Papa Pio XII, depois de uma comovente homilia, a elevou às honras dos altares em 1950. Que o exemplo desta santa menina, cujo pudor heróico mereceu a conversão inclusive de quem a matou, possa sempre nos lembrar que, com o auxílio da graça, podemos viver generosamente todas as virtudes cristãs, hoje tão desprezadas por um mundo que se crê autossuficiente, mas não enxerga a própria impotência para fazer o bem sem Cristo e longe de Cristo [1].

Referências

  1. O texto desta homilia se baseia em dois documentos da antiga Sagrada Congregação dos Ritos, de 11 dez. 1949 e 12 jan. 1950, assinados pelo seu então prefeito Card. Clemente Micara, nos quais se descrevem os milagres atribuídos a S. Maria Goretti e se dá prosseguimento ao seu processo de canonização (cf. AAS 42 [1950] 312.331).
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