Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 3, 31-35)
Naquele tempo, chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura”. Ele respondeu: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
A Santa Igreja Católica se enche hoje de alegria ao celebrar a memória do seu maior e mais insigne Doutor, Santo Tomás de Aquino, burilado com singular esmero pela divina Sabedoria para ser mestre imbatível de todos os cristãos. Tão grande é a autoridade de Santo Tomás aos olhos da Igreja que, não à toa, ela o considera, ao lado de S. Paulo Apóstolo e de S. Agostinho, uma de suas colunas mestras em matéria doutrinal e teológica. Inumeráveis documentos pontifícios atestam sem margem a dúvidas esse sentir comum que atravessa já sete séculos. Não é exagero afirmar, com efeito, que, mesmo antes de sua morte, não houve Pontífice, de Alexandre IV até os dias de hoje, que não tenha encarecido e recomendado vivamente a obra do Aquinate, na qual a razão humana — escrevia o Papa Leão XIII — alçou-se aos mais elevados cumes que lhe são possíveis, e a fé encontrou nas forças naturais da razão os mais numerosos e válidos auxílios para defender-se dos seus impugnadores (cf. Encíclica Aeterni Patris, de 4 ago. 1879). Mas se a Igreja tem a Santo Tomás em tão grande em estima por causa do valor perene e inconcusso dos seus escritos, nem por isso o deixa de propor aos fiéis como modelo de santidade singular. Seria, pois, uma grave desfiguração querer ver nele um intelectual ensimesmado, metido em seu escritório sem interesse algum pela vida ou pelos irmãos. Antes, pelo contrário, a história demonstra claramente que à grandeza de sua inteligência estava unida sempre uma vontade não menos agraciada, que o fazia amar intensamente e degustar com não menor fruto as verdades que com tanto gênio ele investigou, dilucidou e defendeu, em favor das gerações futuras e para triunfo da Santa Igreja Romana. Mas, se quisermos saber melhor como era de feições esse coração por trás de uma Suma Teológica, basta-nos recordar aquele conhecido episódio em que, diante do crucifixo que lhe perguntara: “Escreveste bem a meu respeito, Tomás. Que queres em recompensa?”, ele se limitou a responder, com a humildade e a santa pretensão de quem só se satisfaz com o único necessário, o amor de Cristo: “Nada além de ti, Senhor”. Encomendemo-nos hoje e sempre à intercessão de Santo Tomás de Aquino, jóia e ornamento incomparável da Madre Igreja e dom preciosíssimo do céu. Que Deus nos conceda, pelo méritos e preces do Doutor Comum, poder imitar na terra as virtudes de tão grande santo e participar, tanto quanto nos for possível, da ciência de tão grande sábio. — Santo Tomás de Aquino, rogai por nós!
O que achou desse conteúdo?