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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 11,37-41)

Naquele tempo, enquanto Jesus falava, um fariseu convidou-o para jantar com ele. Jesus entrou e pôs-se à mesa. O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tivesse lavado as mãos antes da refeição. O Senhor disse ao fariseu: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior? Antes, dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós”.

Hoje celebramos a Memória de Santo Inácio de Antioquia. Santo Inácio foi bispo de Antioquia, na Síria, que é a cidade onde os cristãos foram chamados de cristãos pela primeira vez; era uma cidade ligada a São Paulo (quando São Paulo recebeu a imposição das mãos e foi enviado) e a São Pedro, porque tradicionalmente Antioquia é uma das cátedras que foi diocese — digamos assim — de São Pedro.

Santo Inácio foi aprisionado e levado para ser executado em Roma. Estamos aqui mais ou menos no início do segundo século. Ele foi levado para Roma, debaixo do Imperador Trajano, e provavelmente foi executado nos circos que os romanos faziam nos seus jogos, entregando os cristãos às feras. Porém, antes de ser executado, ele escreveu sete cartas, que são testemunhos extraordinários de amor a Cristo.

Nelas, Santo Inácio nos apresenta aquilo que é o centro da fé cristã; e não somente: mostra a organização da Igreja, mostra como a Igreja não “ficou” Católica com Constantino, como dizem alguns protestantes; mas, muito pelo contrário, que a Igreja sempre foi Católica.

Nós estamos aí diante de um bispo que conheceu os Apóstolos: é sucessor direto dos Apóstolos. Ele mostra a organização da Igreja com bispos, presbíteros, diáconos; e não somente: fala da Igreja de Roma que “preside na caridade”, ou seja, já então, na época sub-apostólica, nós vemos Roma como o lugar do Apóstolo Pedro, o lugar que preside à Igreja na caridade.

Pois bem, na sua Carta aos Romanos, Inácio escreve para a comunidade que irá recebê-lo. Ele, que está prisioneiro, indo em direção ao martírio, pede aos cristãos de Roma que sejam bondosos para com ele e deixem-no verdadeiramente morrer por amor a Deus.

É interessante aqui ver a lição de Santo Inácio, que nos ensina onde está o verdadeiro amor. Se você ama uma pessoa com verdadeira caridade, o que você quer acima de tudo é que ela esteja unida a Cristo. Às vezes, amamos pessoas da nossa família, mas o que nós queremos antes de tudo é que elas estejam conosco ou que elas não sofram, e procuramos bens que não são o bem maior.

Na vida existem conflitos de bens. Nem sempre podemos ter todas as coisas que queremos; aliás, na maior parte das vezes nós não temos todas as coisas que queremos, e precisamos escolher. Nessa escolha tem de haver uma hierarquia de bens. Às vezes temos de escolher entre descansar e trabalhar; às vezes, entre rezar e estar com um amigo; às vezes, até mesmo ao tomar um medicamento ou remédio, eu tenho de escolher se o custo benefício que aquele remédio vai me dar vale a pena comparado aos efeitos colaterais do próprio remédio.

Pois bem, são escolhas da vida; mas existe uma escolha fundamental, que deveria brilhar acima de todas: é a nossa salvação eterna. Ou seja, se você ama uma pessoa, saiba que ela não pode ter tudo, mas tem uma coisa que é inegociável: é a salvação dela. Então queira, antes de tudo, que ela seja salva. Santo Inácio nos ensina isso de forma luminosa. 

Ele diz aos romanos: “Deixem de ter para comigo um amor inoportuno. Vocês querem salvar a minha carne; mas eu sou bispo, já estou velho, estou sendo entregue às feras para ser um sacrifício, não somente um sacrifício de amor a Deus, mas de amor também pela salvação das almas. Não sejam inoportunos, querendo fazer artimanhas e articulações para me salvar. Deixem-me ir para Cristo”. Aqui ele nos ensina e nos ilumina como devemos querer bem às pessoas.

Fica o nosso exame de consciência: o amor que temos pelas pessoas a quem amamos (a nossa família etc.), é um amor que realmente busca “primeiro o Reino de Deus, e tudo o mais vai ser acrescentado”? Ou será que nós preferimos o bem-estar terreno e, com isso, colocamos em risco a salvação das almas daqueles a quem mais amamos?

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