Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 22, 14-20)
Quando chegou a hora, Jesus se pôs à mesa com os apóstolos e disse: “Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de sofrer. Pois eu vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se realize no Reino de Deus”. Então Jesus tomou um cálice, deu graças e disse: “Tomai este cálice e reparti entre vós; pois eu vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”. A seguir, Jesus tomou um pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim”. Depois da ceia, Jesus fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós”.
Nós celebramos hoje uma memória devocional que não está no calendário universal da Igreja, mas que é muito querida e estimada: trata-se da memória do Coração Eucarístico de Jesus. Na sexta-feira passada, nós celebramos o Coração de Jesus, que consiste no amor de Jesus por nós. Santa Margarida Maria de Alacoque, quando recebeu a revelação do Sagrado Coração de Jesus, estava diante do Santíssimo, numa noite de quinta-feira, exatamente o dia em que Jesus instituiu a Eucaristia — este sacramento no qual Jesus recebe as maiores das ofensas.
Jesus, Deus Santíssimo, fez-se homem para nos amar e, tendo amado os seus, amou-os até o fim e entregou-se completamente no sacramento da Eucaristia. Quando, na Última Ceia, São João se reclinou no peito de Jesus, ele estava reclinando-se sobre o Coração de Jesus, o Coração Eucarístico de Jesus que, querendo entregar-se a nós, disse aos Apóstolos: “Tomai, isto é o meu corpo. Bebei, isto é meu sangue”.
São João d’Ávila, Doutor da Igreja, recorda-nos que a forma mais fácil de mover as pessoas é movê-las por amor. Claro, você pode mover uma criancinha dando a ela um bombom. Ela vem contente e alegre, porque ela quer o bombom. E, então, Deus querendo mover o nosso coração, nos dá seus benefícios e suas graças. Porém, São João d’Ávila diz que o que mais move o coração humano não é quando se dá a ele um benefício ou um presente, por pequeno ou grande que seja; o que mais move as pessoas é quando alguém dá a si mesmo. Esse é o maior ato de amor, o amor que move o universo.
Deus, que nos ama, não nos quer dar somente os seus benefícios; Ele quer dar a si mesmo, Ele quer se doar a nós porque sabe que disso depende a nossa felicidade, que consiste em acolhermos esse amor bendito de Deus que se doa e se entrega. E isso nós encontramos plenamente no sacramento da Eucaristia. Nela, o Coração de Jesus palpita de amor por nós, doando-se e entregando-se. É o próprio Deus que se faz dom e entrega-se a nós, porque sabe que, desse modo, Ele irá mover o nosso coração para amá-lo de volta, e só com isso seremos felizes.
Meus queridos, Deus quer a nossa felicidade no céu. Mas, para que a alcancemos, precisamos reconhecer esse dom de amor, Deus que se doa. Jesus mostrou isso de forma extraordinária na Cruz. Na Cruz nós vemos Jesus que dá o seu Corpo e Sangue: “Isto é o meu corpo que é dado. Este é o cálice do meu sangue derramado por vós”. Nela, encontra-se a mais completa prova de amor de Deus. E, para perpetuar essa doação, para que nós tivéssemos sempre acesso a essa bondade, Jesus, na ceia anterior à sua morte na Cruz, instituiu o sacramento da Eucaristia, numa quinta-feira como hoje.
Que amor, que amor enorme fez com que Ele instituísse a Eucaristia! Um pouco desse amor deve ter experimentado São João quando se reclinou no peito de Jesus. Que palpitações de amor daquele que, em pouco tempo, estaria subindo o Getsêmani para suar sangue por nós; estaria sendo acorrentado, julgado, flagelado, coroado de espinhos, escarnecido, crucificado, transpassado e morto. Que amor grandioso levou Nosso Senhor a fazer tudo isso!
No Coração Eucarístico de Cristo havia amor suficiente para suportar a Paixão. Jesus ficou pregado na Cruz somente três horas, mas havia amor suficiente para que Ele ficasse pregado até o fim dos séculos. Jesus morreu uma vez por todos os seres humanos, pelos bilhões e bilhões de seres humanos que viriam a existir, mas ali havia amor suficiente para morrer por cada um individualmente, quantos bilhões de vezes fossem necessários!
Esse amor que Jesus tinha em seu Coração, nós o podemos experimentar a cada vez que comungamos. Celebrar o Coração Eucarístico de Jesus é celebrar esse amor com que Jesus nos amou no Calvário, mas também com que nos ama ainda no sacrário. Aqueles que se devotam à adoração eucarística fazem muito bem porque estão, com esse ato, retribuindo o amor dado por Jesus a nós. No sacrário, Ele está dizendo: “Eis o meu Corpo que é dado. Eu vos amo”. Diante disso, como não reagir amorosamente a esse amor tão grande? Não iremos amar de volta esse Coração Eucarístico transbordante de amor?
É isso que nós fazemos essa comemoração devocional do Coração Eucarístico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se você gostaria que ela fosse celebrada na sua paróquia, ou se você é padre e gostaria de celebrá-la, temos em nosso site um formulário da Missa do Coração Eucarístico de Jesus, tanto na Forma Ordinária quanto na Forma Extraordinária do Rito Romano.
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