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Os obstáculos que impedem os frutos da graça

Na conhecida parábola do semeador, vemos significadas as principais dificuldades que encontra a graça divina para frutificar em nossos corações, pois os vários tipos de terreno em que ela pode ser semeada correspondem, de certo modo, às diversas etapas por que temos de passar em nossa caminhada espiritual.

Texto do episódio
554

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 4, 1-20)

Naquele tempo, Jesus começou a ensinar de novo às margens do mar da Galileia. Uma multidão muito grande se reuniu em volta dele, de modo que Jesus entrou numa barca e se sentou, enquanto a multidão permanecia junto às margens, na praia.
Jesus ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. E, em seu ensinamento, dizia-lhes: “Escutai! O semeador saiu a semear. Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; vieram os pássaros e a comeram. Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda, mas, quando saiu o sol, ela foi queimada; e, como não tinha raiz, secou. Outra parte caiu no meio dos espinhos; os espinhos cresceram, a sufocaram, e ela não deu fruto.
Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, que foi crescendo e aumentando, chegando a render trinta, sessenta e até cem por um”. E Jesus dizia: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Quando ficou sozinho, os que estavam com ele, junto com os Doze, perguntaram sobre as parábolas. Jesus lhes disse: “A vós, foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece em parábolas, para que olhem mas não enxerguem, escutem mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados”.
E lhes disse: “Vós não compreendeis esta parábola? Então, como compreendereis todas as outras parábolas? O semeador semeia a Palavra. Os que estão à beira do caminho são aqueles nos quais a Palavra foi semeada; logo que a escutam, chega Satanás e tira a Palavra que neles foi semeada. Do mesmo modo, os que receberam a semente em terreno pedregoso, são aqueles que ouvem a Palavra e logo a recebem com alegria, mas não têm raiz em si mesmos, são inconstantes; quando chega uma tribulação ou perseguição, por causa da Palavra, logo desistem. Outros recebem a semente entre os espinhos: são aqueles que ouvem a Palavra; mas quando surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e todos os outros desejos, sufocam a Palavra, e ela não produz fruto. Por fim, aqueles que recebem a semente em terreno bom são os que ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto; um dá trinta, outro sessenta e outro cem por um”.

No Evangelho de hoje, Jesus nos conta a famosa parábola do semeador e, ao falar dos vários tipos de terreno, Ele está descrevendo quais são os obstáculos que nós devemos vencer para verdadeiramente dar frutos de santidade. 

Quando somos batizados, recebemos a graça de Deus — representada pela semente na parábola — que é colocada em nossos corações. No entanto, essa semente também é a Palavra de Deus, mas é importante sabermos que ela não é simplesmente uma “estratégia de marketing”. Infelizmente, o mundo no qual nós vivemos não compreende que existem a verdade e a graça de Deus, que operam em nosso interior. Logo, muitas pessoas tendem a interpretar que a Palavra de Deus é uma “técnica de retórica” que convence as pessoas por certo período.

Entretanto, ao lerem essa parábola, os católicos entendem que a Palavra de Deus, que atinge o coração da pessoa, vem com a graça atual, e esta age dentro do coração daquele que foi santificado pelo Batismo e restaurado pela Confissão. Então, é necessário que a graça de Deus frutifique em nós, mas existem obstáculos objetivos. 

Em primeiro lugar, temos o fato de que a pessoa que recebe a Palavra do Senhor geralmente não compreende que, exatamente por ter optado por Deus, ela será perseguida, passará por provações e sofrerá dificuldades. Existe uma espécie de ilusão em que as pessoas pensam que, uma vez que entraram na Igreja, elas serão protegidas por Deus. Claro, Ele cuida de nós, mas isso não quer dizer que estaremos imunes a sofrimentos.

Nosso Senhor disse: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16, 24). Essa é a realidade sobre a semente que caiu em terreno pedregoso. Ou seja, a pessoa se converteu, e a Palavra criou alguma raiz dentro de seu coração, mas logo veio a provação, e ela desistiu, desanimada. Jesus quer que abracemos a cruz, enfrentando doenças e dificuldades, pois da mesma forma que o odiaram, odiarão também a nós. Abraçar a realidade da provação não irá resolver nossos problemas, mas colocará em ordem as nossas paixões e o nosso mundo interior. 

Somos como uma Marta agitada que, mesmo já tendo abraçado a Cruz de Cristo, fica pensando ora em Deus, ora no dinheiro, ora no mundo, na saúde, na família… Certamente, pensar nessas coisas é importante, mas precisamos entregar tudo para Deus. Se fizermos isso, essas realidades serão eternas. Contudo, se elas estiverem em nossas mãos, iremos fazer com que apodreçam, porque não somos o Deus da vida. Portanto, devemos entregar tudo a Jesus. 

O espinheiro que dificulta que a planta cresça e dê frutos é a realidade das preocupações mundanas, onde nos perguntamos o tempo todo: “E eu? Como é que eu fico?” Para lutar contra isso, é preciso abraçar a cruz do dia a dia e perseverar, tendo uma vida de oração ativa a fim de ordenar as paixões. Não há outra maneira: para pôr em ordem as paixões, devemos passar pela noite escura, ou seja, pela purificação. 

Se não abandonarmos a vida de oração, logo nos tornaremos o terreno que dá frutos. Nosso Senhor quer que isso aconteça, mas também precisamos colaborar. Portanto, coragem! Sejamos um terreno frutuoso e renunciemos a nós mesmos, a fim de que a purificação que Deus nos proporciona no dia a dia nos leve a bom êxito.

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