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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 6, 43-49)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons. Toda árvore é reconhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem uvas de plantas espinhosas.

O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois sua boca fala do que o coração está cheio. Por que me chamais: ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o que eu digo?

Vou mostrar-vos com quem se parece todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as põe em prática. É semelhante a um homem que construiu uma casa: cavou fundo e colocou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a torrente deu contra a casa, mas não conseguiu derrubá-la, porque estava bem construída.

Aquele, porém, que ouve e não põe em prática, é semelhante a um homem que construiu uma casa no chão, sem alicerce. A torrente deu contra a casa, e ela imediatamente desabou; e foi grande a ruína dessa casa”.

É com grande alegria que a Igreja celebra hoje a memória do santíssimo nome de Maria, escolhido por Deus desde toda a eternidade para significar a altíssima dignidade a que predestinara a Mãe do seu Filho unigênito. Porque, com efeito, assim como Maria foi predestinada antes de toda criatura, no mesmo decreto com que foi predestinado Cristo, assim também devia ela receber um nome antes de toda criatura, razão por que se lhe podem atribuir aquelas palavras do profeta Isaías: “O Senhor chamou-me desde o meu nascimento; ainda no seio de minha mãe, ele pronunciou meu nome” (Is 49, 1). E como os nomes, sobretudo os definidos e impostos por Deus, não são mais do que uma brevíssima descrição da natureza ou da propriedade mais característica da coisa a que são atribuídos, não há dúvida de que, depois do santíssimo nome de Jesus, no de Maria há de manifestar-se não só a grandeza do que ela é, mas a magnificência e sabedoria insondáveis daquele que pensou e amou desde toda a eternidade. Eis por que, no correr dos séculos, incontáveis santos e teólogos deram o melhor de sua inteligência para descobrir o sentido profundo deste nome inefável, que, no parecer de alguns, é como certo sacramental que, pronunciado ou escrito, produz quase ex opere operato efeitos admiráveis na alma de quem piamente o invoca [1].

Prova desse culto tradicional ao nome de Nossa Senhora é o conhecido hino Ave, maris stella, atribuído a Venâncio Fortunato, de inícios do séc. VII, no qual a Virgem SS. é apresentada qual um estrela luminosa, por cujo nome é desfeita a maldição iniciada com Eva: “Sumens illud ave Gabrielis ore, funda nos in pace, mutans Hevæ nomen”. Com efeito, teve início a nossa condenação com a saudação da antiga serpente, que, encontrando-a junto à árvore da ciência do bem e do mal, se dirigiu à nossa primeira mãe, Eva; instigou-a, curiosa; e, com suas mentiras, lhe instilou o veneno da desobediência. A serpente, decerto, é um animal mudo e irracional, nem pudera, por si só, falar ou confabular com a mulher; o demônio, porém, serviu-se de sua língua como de um instrumento para falar a Eva, porque, transformado de nobilíssimo anjo em vilíssimo demônio depois da queda, o diabo não poderia tomar outro instrumento senão esta abjeta criatura, mais apropriada ao tema nefando — o pecado — de suas conversas. Do mesmo modo, teve início a nossa salvação com a saudação de Gabriel à Virgem. Entregue à meditação do Messias prometido e ardendo de amor a Deus, Maria se confiava humildemente à vontade divina, quando, de repente, aparece o anjo trazendo aquele Ave àquela por quem Deus, vencendo com uma mulher humilde o pecado de outra, soberba, destruiria os efeitos da transgressão de Eva: “Mutans Hevæ nomen” [2].

Que a memória deste santíssimo nome, amado por Deus, venerado por Cristo e reverenciado pelos anjos, nos encha hoje de firme confiança na bondade divina, que por meio de Maria nos deu a salvação, e na intercessão poderosíssima da Virgem, nossa Mãe, que, ao contrário de Eva, nos faz nascer para a vida da graça. “Com todas as medulas do nosso coração, ó Maria, nós vos invocamos, como filha muito amada de Deus! É tanta a virtude e tamanha a excelência do vosso nome, que os próprios céus se alegram ao ouvi-lo, a terra se enche de gozo, os anjos festejam, tremem de horror os demônios e se turba e confunde o inferno inteiro. É pois tão grande a força do vosso nome, ó bendita Virgem Maria, que ele, só, tem o poder de penetrar admiravelmente a dureza do coração humano” (Raymundus Iordanus, Contempl. de B.V.M.); tão grande, enfim, que às vezes, ao invocá-lo, alcançamos a graça mais rápido do que invocando o nome de Cristo, não por serdes maior do que ele, mas porque o Senhor, ouvindo os seus servos invocarem o vosso santíssimo nome, é movido mais facilmente, e por suave necessidade, à misericórdia e ao perdão [3].

Referências

  1. Cf. Gabriel M.ª Roschini, Mariologia. 2.ª ed., Roma: Angelus Belardetti, 1947, vol. 2, p. 58.
  2. Cf. Frans de Costere, em: A. J. Haehnlein (ed.), Mariologia. Wirceburgi, sumptibus Stahelianis, 1859, pp. 332-333.
  3. Cf. Gabriel M.ª Roschini, op. cit., p. 66.

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