Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 8, 5-11)
Naquele tempo, quando Jesus entrou em Carfanaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: “Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. Pois eu também sou subordinado e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: ‘Vai!, e ele vai; e a outro: ‘Vem!, e ele vem; e digo a meu escravo: ‘Faze isto!, e ele o faz”. Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó”.
O Evangelho com que se abre a féria desta primeira semana do Advento recorda-nos a um tempo a vinda de Cristo para a qual mais nos devemos preparar e o meio adequado de fazermos essa preparação. A vinda de Cristo, como já meditamos em anos passados, pode ser entendida de três modos: a) de um lado, há o advento na carne, a ser celebrado dentro em pouco no Natal; b) de outro, há o advento na glória, que aguardamos, expectantes, ao longo de todo o ano; c) e, por fim, há o advento espiritual de Cristo em nossas almas, para o qual a Igreja nos prepara proximamente em cada Missa, ao repetir no momento da comunhão aquelas palavras que vemos caírem hoje, cheias de humildade, dos lábios do centurião romano: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra, e serei curado”. É para esta última vinda que mais nos devemos preparar, não por terem as outras pouca importância, mas por não poderem ser bem vividas sem esta. Pois Cristo veio na carne justamente para vir à nossa alma, e quando voltar em sua glória não irá mais do que consumar no céu o que já começou a operar em nós na terra. Mas como se preparar para receber a Cristo desse modo? Responde o centurião, e repete-o a Igreja: “Dizei uma palavra”. E que palavra é esta senão a que pronuncia o sacerdote, ministro de Nosso Senhor, ao recitar a fórmula da absolvição sacramental, pela qual a graça santificante nos é restituída, se a houvermos perdido, ou fortalecida, se a houvermos bem guardado? Por isso, a primeira coisa a que nos exorta a Santa Igreja, neste início de Advento, é que sem demora, feito um diligente exame de consciência, nos apresentemos no tribunal da Penitência para ali, com devoção e o firme propósito de nunca mais pecar, limparmos a nossa alma, abrirmos o nosso coração à graça divina e, deste modo, podermos oferecer a Jesus sacramentado uma morada menos indigna, menos impura, ornamentada com os seus próprios dons, construída, como templo vivo, por suas próprias mãos: “Dizei uma palavra, e serei curado”, — sed tantum dic verbo, et sanabitur anima mea.
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