Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 17, 20-25)
Naquele tempo, os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.
E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”.
Celebramos hoje a memória de São Leão Magno, Papa e Doutor da Igreja. Quem foi este grande santo? O Papa São Leão Magno viveu numa época conturbada, em que ele teve de combater várias heresias. A Igreja — como se sabe —, no século IV, começou a poder cultuar a Deus livremente. O imperador Constantino deu “paz” à Igreja. No entanto, esta paz, graças à qual a Igreja agora já não era mais perseguida externamente, significou uma série de atritos internos. Por que isso? Porque durante o tempo das perseguições, a Igreja, que manteve a fé dos Apóstolos, não tivera a oportunidade de se organizar internamente no mundo inteiro. Por quê? Porque havia sempre heresias, pessoas que se desviavam da fé dos Apóstolos.
No século IV, a Igreja teve de esclarecer sua fé trinitária: nós cremos em um só Deus — Pai, Filho e Espírito Santo — em três Pessoas realmente distintas. No século V, século em que viveu nosso grande São Leão Magno, a Igreja precisava esclarecer a sua fé em Cristo. Quem era este homem, Jesus Cristo? A Igreja teve de enfrentar duas grandes heresias. A heresia de Nestório queria separar Cristo de Deus. Por quê? Porque “uma coisa é Deus, outra coisa é o homem, coisas realmente separadas”. E uma heresia oposta, a heresia do monofisismo, a qual unia tanto o homem a Deus que as duas realidades acabavam “misturadas”.
São Leão Magno, homem de grande fé apostólica, se dedicou a combater esses dois extremos, e então escreveu uma famosa carta, já como Papa, a outro santo, São Flaviano, que era Patriarca de Constantinopla. Nela se estabelecia claramente a fé da Igreja: Nosso Senhor Jesus Cristo é uma Pessoa da Trindade (é “unus ex trinitate”), portanto é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que se fez homem e, ao se fazer homem, não perdeu o que tinha, mas assumiu o que não tinha, a sua humanidade. Assim, ficou claro: Jesus é uma só Pessoa, divina, com duas naturezas, humana e divina.
Por que isso é tão importante? Isso é importante porque nós precisamos entender que, para que haja salvação, Deus e homem precisam estar unidos, mas não podem se unir tanto, a ponto de a humanidade desaparecer, senão não há salvação alguma. É por isso que nós vemos hereges, panteístas de outras religiões, pensarem a salvação de forma completamente estranha. Eles acham que nós somos uma espécie de “gotinha” que vai se dissolver no “oceano divino”… Nada disso. Nós continuaremos humanos, mas unidos a Deus de forma extraordinária. Foi esse o ensinamento de São Leão Magno.
Ele teve de enfrentar hereges, mas não somente isso: enfrentou também adversários externos da Igreja, como os bárbaros. São Leão Magno ficou famoso pelo confronto com Átila, o Huno, um bárbaro chamado de “flagelo de Deus” que queria invadir a cidade de Roma. Leão, já velhinho, foi enfrentar o bárbaro e assim salvou a cidade!
Que São Leão Magno, lá do Céu, grande Doutor da Igreja, interceda por nós, para que nos mantenhamos firmes na fé ortodoxa, católica e verdadeira, sem heresias. E assim como enfrentou os grandes bárbaros de sua época, que ele nos ensine a enfrentar o bárbaro que está dentro de nós e quer se desviar da fé verdadeira, para que, assim, possamos servir a Deus como ele serviu.
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