Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 16, 12-15)
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora. Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará.
Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu”.
No Evangelho de hoje, Jesus, na Última Ceia, está fazendo o seu discurso de despedida e promete aos seus Apóstolos que o Espírito Santo virá.
É interessante notarmos que o Espírito Santo já não é chamado por Cristo de Paráclito, mas de Espírito da Verdade, — em grego, Pneuma tēs alētheias (Πνεῦμα τῆς ἀληθείας). E o que quer dizer este título? O próprio Jesus explica: “Não sois capazes de compreender agora” (Jo 16, 12). Esse é o grande mistério: Jesus passou o seu tempo neste mundo semeando sem cessar, mas colhendo muito pouco. É como diz o Salmo 126: “Uns iam semeando e chorando, outros vêm colhendo e sorrindo”, ou seja, o Paráclito que é Cristo foi semeando e chorando ao ver que o povo não entendia nada do que Ele estava pregando, dizendo e tentando revelar para eles. Mas depois chega o Espírito Santo, que virá colhendo e, sorrindo, realmente nos dará a compreensão da Verdade que Jesus havia semeado.
Os tempos não estavam maduros, e era necessário para os Apóstolos compreenderem isso para que eles recebessem o Espírito Santo. Mas em que consiste receber Aquele que nos conduz até a Verdade? Para melhor entendermos, olhemos para aquilo que acontece em uma alma quando ela finalmente começa a conhecer Deus. Na sua obra “Castelo Interior”, Santa Teresa d’Ávila nos ajuda a entender essa realidade quando fala da quarta e da quinta moradas. Na quinta morada, a alma finalmente enxerga e contempla a Verdade de forma infusa ao receber o Espírito Santo. Porém, o que devemos fazer para que isso aconteça? Santa Teresa explica ao falar da quarta morada, onde Deus eleva a alma em arroubos de amor cada vez mais frequentes. Não é a alma propriamente quem ama, pois trata-se de um amor infuso, recebido, e até passivo, em que Deus já purificou a alma nas três primeiras moradas e agora deseja preparar aquele coração para finalmente conhecê-lo.
Não é possível conhecer a Deus sem um grande amor. Sim, primeiro Deus causa um amor no coração da pessoa e vai elevando a sua alma a um amor cada vez mais intenso, apesar de passageiro. Assim, na quarta morada, ela já é elevada cada vez mais, até finalmente o coração estar pronto para amar a Deus verdadeiramente, de modo que Ele infunde na alma a contemplação por meio do Espírito da Verdade.
Os discípulos não estavam prontos para entender Jesus, porque não o haviam amado com um amor heroico e abrasador, que só Deus é capaz de fazer brotar em nossos corações. Portanto, para recebermos o Espírito da Verdade, precisamos antes ser tocados pelo Espírito do Amor. É o mesmo Espírito Santo, mas é somente com a sua graça que conseguiremos amar para, com a alma purificada, chegarmos ao conhecimento da Verdade que irá nos libertar.
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Estou ainda na quarta morada! Deus, ajuda-me a atingir a quinta morada!
Na sua obra “Castelo Interior”, Santa Teresa d’Ávila nos ajuda a entender essa realidade quando fala da quarta e da quinta moradas. Na quinta morada, a alma finalmente enxerga e contempla a Verdade de forma infusa ao receber o Espírito Santo.
...e a Verdade vos libertará!
Este conhecimento da verdade é a única coisa que de fato importa.
Infundi, Senhor em nossos corações o fogo do vosso Amor e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Amém!