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Orai, mas não como pagãos!

Como deve ser a oração cristã? Por que parecem dar tão pouco fruto as nossas preces? Será que estamos com o coração no lugar certo na hora de rezar ou estamos, ao contrário, buscando que Deus faça a nossa vontade, em vez de fazermos nós a dele?

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 6,7-15)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes”.

No Evangelho de hoje, Jesus nos ensina a oração do Pai-nosso. Por que rezar? Você se lembra que, no nosso itinerário quaresmal, existem obras que precisamos realizar: o jejum, a oração e a esmola. Mas por que rezar? De que serve rezar? Muita gente reza porque acha que precisa mudar a Deus. É uma visão completamente pagã da oração.

Que fazem os pagãos? Os pagãos fazem atos religiosos, atos de culto à divindade, para conseguir convencer a divindade a fazer a minha vontade, os meus caprichos, as minhas veleidades: “Ah, eu quero tal coisa, então vou fazer um despacho, um sacrifício”. Ou seja, uma obra humana, algo para que a divindade seja complacente e, então, se molde às minhas vontades.

Eis aqui a grande tragédia da espiritualidade pagã: um deus a serviço do homem, e um homem que compra favores desse deus através de sacrifícios.

Não é esse o projeto nem o caminho de Deus. Há algo de profundamente perverso e até satânico em inverter e colocar as coisas de cabeça para baixo: Deus “a serviço” do homem!

O que na realidade Deus quer — o projeto de Deus desde Adão e Eva — é que o homem domine todas as coisas e depois as ofereça em sacrifício a Deus para o amar e servir. Deus é o meu Senhor, é Ele quem me molda. Nós fomos moldados de barro por Deus.

Então, a oração é um ato de culto prestado a Deus no qual eu pego tudo o que sou e tenho e o coloco diante de Deus, para que seja Ele o Senhor a moldar a minha vida e a transformá-la.

O itinerário quaresmal é esse: “Pai nosso, seja feita a vossa vontade”. Ora, é evidente que nós, de alguma forma, não estamos dispostos a isso, porque olhamos para Deus sempre como inimigo, como se Ele quisesse o nosso mal. Parece que tudo o que queremos, Deus decretou como “imoral”, “ilegal” e “pecado”: “Não pode!” Mas Deus é o nosso verdadeiro amigo.

Façamos, então, o exercício da oração.

Paremos de ouvir a propaganda da serpente, paremos de ser movidos por aquilo que, na verdade, são os inimigos da alma: a serpente, Satanás; o mundo, ou seja, os mecanismos diabólicos que foram se tornando realidades sociais concretas; e a carne, ou seja, a nossa tendência, por causa das feridas dos nossos pecados e do pecado original, a não dar ouvidos a Deus.

Precisamos calar, em primeiro lugar, a voz dos inimigos de nossa alma, o demônio, o mundo e a carne, para ouvir a voz de Deus.

A oração é isso. A oração é colocar-se diante de Deus como se estivéssemos diante de um amigo e ouvir os seus paternos conselhos, deixando que a luz da verdade ilumine a inteligência e convide a vontade.

Então, saiamos da visão pagã da oração e comecemos a viver na dinâmica cristã. Ao  rezar, devemos ter claro que não vamos mudar a vontade de Deus; é Deus quem vai nos mudar e nos modelar. Orar é ser barro nas mãos do oleiro.

Eis aí o nosso itinerário quaresmal.

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