Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 8, 28-34)
Naquele tempo, quando Jesus chegou à outra margem do lago, na região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois homens possuídos pelo demônio, saindo dos túmulos. Eram tão violentos, que ninguém podia passar por aquele caminho. Eles então gritaram: “Que tens a ver conosco, Filho de Deus? Tu vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?”
Ora, a certa distância deles, estava pastando uma grande manada de porcos. Os demônios suplicavam-lhe: “Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos”.
Jesus disse: “Ide”. Os demônios saíram, e foram para os porcos. E logo toda a manada atirou-se monte abaixo para dentro do mar, afogando-se nas águas. Os homens que guardavam os porcos fugiram e, indo até a cidade, contaram tudo, inclusive o caso dos possuídos pelo demônio. Então a cidade toda saiu ao encontro de Jesus. Quando o viram, pediram-lhe que se retirasse da região deles.
No início do mês de julho, queremos voltar a nossa atenção para uma devoção muito antiga, mas que, de uns anos para cá, tem caído no esquecimento dos fiéis de modo mais ou menos generalizado. Trata-se da devoção ao Preciosíssimo Sangue de Cristo. Fazemos, assim, eco ao desejo do Papa S. João XXIII, que, na Encíclica “Inde a primis”, escrita dois anos após sua eleição ao sólio pontifício, exortava os católicos do mundo inteiro a se “volverem com ardente fervor para a expressão divina da misericórdia do Senhor” (n. 1) que é o Sangue adorável que Jesus, num ato supremo de caridade, derramou pela nossa salvação. No n. 11 do mesmo documento, o Papa nos recorda pela boca de S. João Crisóstomo que, depois de termos comungado, saímos da mesa eucarística “quais leões expirando chamas, tornados terríveis ao demônio, pensando em quem é o nosso Chefe e quanto amor teve por nós” (In Iohann., homil. 46). Os demônios, com efeito, tremem diante do amor de Cristo, amor este que se expressou de modo excelentíssimo no derramamento do seu Sangue, o qual, se recebido dignamente sob as espécies eucarísticas, tem o poder de afugentar para longe de nós toda horda infernal e chamar para junto da nossa alma, inebriada de caridade divina, “os anjos e o próprio Senhor dos anjos”. A devoção ao Sangue de Cristo, nesse sentido, tem por objeto principal a caridade infinita com que Ele, entregando-se por nós até a morte, nos resgatou de Satanás e operou, por tantos e tão variados títulos, a nossa salvação: “Porque”, escreve S. Pedro, “vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso Sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum” (1Pd 1, 17ss). Precioso, sim, porque foi o preço que Deus mesmo se dispôs a pagar, a fim de resgatar-nos da escravidão do pecado e da sujeição à morte eterna. Pelo pecado, havíamo-nos tornado mancípios de Satanás; pelo Sangue de Jesus, fomos não só alforriados, mas também agraciados novamente com a liberdade de filhos adotivos do Pai. Que, ao longo de todo o mês de julho, e não apenas neste dia 1.º, possamos venerar com mais intensa devoção o Preciosíssimo Sangue do Filho de Deus encarnado, adorá-lo como toda a nossa alma durante a elevação do Cálice na Santa Missa e, com sentimentos profundos de reparação, honrá-lo diariamente pela récita de sua ladainha. — Sangue de Cristo, torrente de misericórdia, salvai-nos!
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