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Quem se eleva será humilhado!

Deus resiste a um coração soberbo, mas não a um humilde: ao primeiro, ainda que muito cumpridor da Lei, nega a sua graça; mas ao segundo, ainda que coberto de faltas, Ele justifica, agracia e torna capaz de amar.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 18, 9-14)

Naquele tempo, Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros: “Dois homens subiram ao Templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos. O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’.

O cobrador de impostos, porém, ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’ Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”.

No Evangelho de hoje, Jesus conta a parábola do publicano e do fariseu. Somente um deles voltou para casa justificado, o publicano que foi humilde, e o fariseu não. O fariseu, na sua soberba, está praticando uma religião que, na verdade, o está afastando de Deus. Vamos ver o que isso significa. Veja, em primeiríssimo lugar, nós, para estar diante de Deus, precisamos ser humildes. Como recorda Santa Teresa d’Ávila: “A humildade é andar na verdade” (VI Moradas 10, 8). Ou seja, diante de Deus, quem somos nós? Então, é evidente que, se Deus é Deus, esta verdade que Deus é nos põe no nosso lugar e — vamos dizer com clareza — nos humilha.

Você vai dizer assim: “Mas, padre! Deus é amor, Deus não humilha ninguém”. Sim, Deus é amor; mas diante de sua grandeza e majestade, todo ser humano, de alguma forma,  é tomado de vertigem. Se a pessoa não sente vertigem diante da grandeza de Deus, é porque ela não tem noção de quem seja Deus. Agora, Deus, na sua santidade, no seu amor infinito, comparado com a nossa miséria, egoísmo e pecado — é evidente —, a verdade de Deus coloca-nos com os pés no chão, cientes da realidade da nossa miséria e, dessa forma, torna-nos mais humildes.

Essa é a primeira atitude da vida de oração, ou seja, um ato de fé na grandeza de Deus e na sua majestade, e um ato de humildade diante da miséria humana. É daí que pode surgir a adoração, é daí que pode surgir um pedido, uma súplica filial, confiante e piedosa, de quem sabe que, na verdade, mesmo sem merecer, é infinitamente amado por Deus. Mas o que faz o fariseu? Ele esquece essa primeira parte e já se apresenta diante de Deus olhando para si mesmo. Olha para si mesmo de forma deformada e distorcida. Ele diz: “Ó Deus, eu te agradeço”. Mas será que agradece mesmo? Continuemos: “Porque não sou como os outros seres humanos”.

Quanta soberba! A marca fundamental da soberba é eu me achar melhor do que os outros. Assim ele, considerando-se superior e melhor do que os outros, perde o chão da realidade. Por quê? Porque se apresenta diante de Deus sem enxergar a sua miséria. É o delírio do soberbo. É esse o mesmo delírio no qual caiu Satanás, e no qual caíram os seus anjos, os demônios. É nesse mesmo delírio que caem todos os condenados e réprobos que estão no inferno. A soberba, como nos recorda o Papa São Gregório Magno, é a raiz de todos os outros pecados, é nela que são gerados todos os outros pecados.

Então, o Evangelho nos ensina com toda a clareza a atitude de humildade diante de Deus. Essa é a primeira atitude porque, claro, a verdade é dolorosa. Dói vermos a nossa miséria. Isso fica evidente na atitude do pobre publicano. Ele diz: “Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador”, e ele nem sequer se atrevia a levantar os olhos para o céu. E no entanto essa atitude humilde diante de Deus faz com que ele se atreva — sim, grande atrevimento — a pedir o amor de Deus e a sua misericórdia. Sim, na parábola do publicano vemos o grande encontro da miséria com a misericórdia; mas, se nós não nos dermos conta de nossa miséria, jamais iremos encontrar a misericórdia divina.

Então, muitas vezes o que falta mesmo nas pessoas é uma atitude de humildade, de se humilhar diante da presença de Deus: “Humilhai-vos debaixo da poderosa mão de Deus” (1Pd 5, 6s), pois “Deus resiste aos soberbos, e dá a sua graça aos humildes” (Tg 4, 6). Que o Senhor nos ensine essa atitude fundamental e arraigada de verdadeira humildade para podermos nos apresentar diante dele — a miséria pedindo por misericórdia.

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