Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 17, 22-27)
Naquele tempo, quando Jesus e os seus discípulos estavam reunidos na Galileia, ele lhes disse: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará”. E os discípulos ficaram muito tristes. Quando chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do Templo aproximaram-se de Pedro e perguntaram: “O vosso mestre não paga o imposto do Templo?”. Pedro respondeu: “Sim, paga”. Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: “Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?”. Pedro respondeu: “Dos estranhos”. Então, Jesus disse: “Logo os filhos são livres. Mas, para não escandalizar essa gente, vai ao mar, lança o anzol, e abre a boca do primeiro peixe que tu pescares. Ali tu encontrarás uma moeda; pega então a moeda e vai entregá-la a eles, por mim e por ti”.
Celebramos hoje, com muita alegria, a Memória de Santa Clara de Assis, grande companheira de São Francisco na fundação das Clarissas Franciscanas.
Em que consiste o carisma franciscano? Primeiro, devemos nos colocar no contexto de uma época em que estava surgindo um movimento de certa autonomia do poder econômico, a burguesia na Idade Média. Foi nesse contexto que São Francisco gritou e pregou aos quatro cantos sobre a pobreza evangélica. É interessante notarmos como ele foi profético e como Deus mandou os seus santos no tempo e na hora certa, porque o poder econômico que começou com a burguesia se desenvolveu aos poucos e desembocou no sistema bancário moderno, que foi inventado há cerca de 400 anos e agiu como o motor de todas as revoluções que hoje estão destruindo o cristianismo.
Não podemos pensar que isso faz parte de um discurso anticapitalista. Ora, se fôssemos olhar na linguagem de Marx, quem seriam os capitalistas e os proletários? Os empresários e os trabalhadores. Contudo, a briga entre eles não é o ponto principal de nossa reflexão, mas sim a realidade do sistema financeiro que incentiva, investe e dá dinheiro para todos os lados, tanto para os trabalhadores como para os capitalistas, a fim de que continuem lutando entre si.
O sistema financeiro quer que nós vivamos para ganhar cada vez mais dinheiro para, no fim, podermos emprestá-lo. Então, tanto os capitalistas como os comunistas acabam enxergando um ao outro como inimigos, quando, na verdade, eles estão servindo a uma mão invisível que vai se tornando cada vez mais poderosa com esses conflitos.
É isso, infelizmente, que está acontecendo com as nossas famílias: elas estão se transformando em empresas. O que é uma família de verdade? É um lugar onde as pessoas não são tratadas como descartáveis, mesmo depois de mortas. No entanto, nas chamadas “novas famílias”, o marido ou a esposa são descartáveis pelo divórcio; o filho é descartável pelo aborto; os pais são descartáveis pela eutanásia; e os irmãos são descartáveis levando um ao outro aos tribunais para lutar pelos despojos dos pais falecidos. E, assim, reina o dinheiro a todo custo.
Mas o Evangelho é claro: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6, 24). Por isso, São Francisco de Assis e Santa Clara, com a sua pobreza evangélica, são para nós um convite a voltarmos ao despojamento de Nazaré, onde a Sagrada Família, modelo de todas as famílias, viveu o desapego dos bens materiais.
É necessário voltarmos a ser família, mas o primeiro passo que devemos dar é exorcizarmos de nossa vida pessoal a hipnose pelo dinheiro, que é capaz de fazer com que abandonemos as pessoas mais importantes de nossas vidas. Portanto, tenhamos consciência de que, sendo filhos de Deus, é nosso dever levar uma vida cheia de santidade e de abandono aos prazeres materiais deste mundo, do mesmo modo que fez a grande santa Clara de Assis.




























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