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Ver Jesus com os olhos da fé

De pouco nos adiantaria ver Jesus com os olhos da carne se o não pudéssemos ver com os da fé. Viram-no as multidões, viram-no Pilatos e Herodes, mas só uns poucos tiveram os olhos abertos pela graça para ver quem de fato era o Senhor.

Texto do episódio
11

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 9,7-9)

Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou perplexo, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos. Outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. Então Herodes disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus.

No Evangelho de hoje, o tetrarca Herodes quer ver Jesus. Estamos diante de um fenômeno público, que todo o mundo podia ver: Jesus não é um homem qualquer. É necessário agora explicar esse fenômeno Ele prega com sabedoria e autoridade, expulsa os demônios, cura os doentes, faz milagres, acalma tempestades, multiplica pães…

Ora, diante destes fenômenos e efeitos, é necessário procurar uma causa. Há um efeito, mas qual é a causa? É necessário que haja uma causa proporcionada, então a multidão começa a criar “teorias” para explicar tais efeitos.

Há três teorias básicas e fundamentais apresentadas: 1. Jesus só pode ser João Batista ressuscitado; 2. ou Elias, que fora levado numa carruagem de fogo e voltou; 3. ou algum dos antigos profetas que deve ter ressuscitado.

Eis aí as teorias para explicar quem é Jesus e o porquê daqueles efeitos. E, no entanto, a multidão não acertou nem de longe. Viram coisas que — sejamos bem sinceros — até nós gostaríamos de ver. Quem de nós não gostaria de ver Jesus em carne e osso na nossa frente? Quem não gostaria de ver Jesus e ouvir diretamente dele uma pregação? Quem não gostaria de vê-lo acalmar o mar, multiplicar pães, curar coxos e cegos, ressuscitar mortos?

Aquela gente o viu e ouviu, porém a graça de Deus não entrou em seus corações. Ao ouvir as várias teorias e explicações populares a respeito de Jesus, Herodes fica perplexo, porque não consegue dar o passo da fé.

Aqui está o problema: ele não consegue crer; quer ver e então formular sua própria teoria, sua própria explicação sobre Jesus a partir de algo empírico, palpável, constatável. Herodes não crê na multidão, mas tampouco dá o passo da fé para crer que Jesus é o próprio Messias, o Filho de Deus feito homem. Herodes quer fazer sua própria explicação, uma quarta teoria, porque, na verdade, Herodes só quer crer em si mesmo.

O Evangelho de hoje termina com a interrogação de Herodes. Mas, posteriormente, Ele terá a oportunidade que tanto quis. Durante a Paixão, ele vai se encontrar com Jesus; mas, infelizmente, irá morrer sem saber quem Ele é, porque não é a carne nem o sangue que geram os filhos de Deus. Não é a realidade física, por sublime que seja… Quem não gostaria de ter contato com as realidades superiores de Jesus em carne e osso, pregando, fazendo milagres?

Ora, toda a realidade que Deus fez na história, aqui fora, é ineficaz se a Palavra feita carne não reverberar em nosso coração e não dermos o passo da fé. Se não estamos buscando verdadeiramente a verdade nem nos colocando humildemente diante de Deus para pedir a Ele a fé, nunca iremos receber.

A atitude de Herodes é de soberba, típica de quem não quer crer, mas apenas ver. Talvez alguém ache que isso é o mesmo que fez São Tomé, querendo inicialmente ver para crer. Contudo, São Tomé é um exemplo luminoso de fé, porque ele viu um homem de carne e osso, mas se ajoelhou e professou o que não estava vendo, a divindade de Cristo: “Meu Senhor e meu Deus!” Isso é dar o passo da fé.

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