O ser humano é não somente diferente dos outros animais; ele é também obra feita à imagem e semelhança de Deus. Num primeiro momento, como estudamos até aqui, o homem precisa ter família por uma exigência de sua própria natureza, que demanda o concurso de outras pessoas para que ele, auxiliado pelos seus, possa chegar à realização de suas possibilidades. Mas, além disso, o homem precisa de uma família porque também Deus, embora seja único, não é contudo um solitário; Ele é, mais do que qualquer outro, família e comunhão de amor; Pai, Filho e Espírito Santo, sendo um só Senhor, são três Pessoas distintas que se amam mutua e infinitamente. Refletindo pois algo da natureza divina, há no homem algo que o inclina à família, a formar vínculos, a ter, numa palavra, uma aliança de amor e entrega.
A realização dessa natural vocação à família, no entanto, foi dificultada pelo pecado, que introduziu no coração humano uma tendência forte ao egoísmo, ao amor desordenado por si mesmo, a usar e abusar dos outros. Para reparar essa situação, no entanto, o próprio Filho de Deus se fez homem e, conquistando-nos por sua Paixão dolorosa a graça de participarmos da natureza divina, deu-nos...