De quanto até agora dissemos pode concluir-se que o mundo moderno vive um profunda crise de sentido, de falta de orientação. As ideologias liberal e socialista, ao imanentizarem o propósito da vida humana, quiseram criar à força uma "bem-aventurança" que este mundo caduco e passageiro não nos pode oferecer; pretenderam, por assim dizer, reabrir as portas do Éden, mas o que conseguiram foi instalar numa terra já miserável um caos nunca antes imaginado. Pois se a vida tem de fato um sentido, diz-nos a boa lógica, este sentido encontra-se necessariamente fora da vida, e não dentro dela. Ou seja: se há uma finalidade para esta existência e para a totalidade dos atos que ao longo dela realizamos, esta finalidade é de per si transcendente à vida.
Já tivemos ocasião de explicar este ponto em diversas outras aulas. O que aqui mais nos interessa é ressaltar uma vez mais que, se a família humana — como o cremos e defendemos — tem um fim, este fim não pode estar senão fora da família humana, isto é, na família que Deus quer formar conosco, primeiro na Igreja militante aqui na terra, e por fim na Igreja triunfante da glória do Céu.