Vimos na última aula que a família humana, sendo uma aliança de amor entre homem e mulher, não pode ter outra finalidade que a de todo e qualquer homem: ser feliz na glória do Céu. Segundo a visão cristã, portanto, o homem possui algo de profundamente distinto dos animais, que não são capazes de amar e, por isso mesmo, não exercem em sentido próprio nenhum papel familiar. As relações que os bichos estabelecem entre si regem-se por ritmos e inclinações naturais ordenados à mera satisfação de necessidades biológicas (comer, beber, reproduzir-se etc.). O ser humano, no entanto, traz em seu coração, animado por uma alma espiritual, muito mais do que desejos e carências orgânicas; há nele um anseio mais fundamental, que prazer físico nenhum pode substituir, qual seja: amar e ser amado.
Prova disto é a profunda insatisfação que continuamos a sentir, ainda que pensemos ter conquistado tudo o que desejamos. Comida, sexo, estabilidade financeira, realização profissional e pessoal, nada disso é capaz de aquietar aquela ansiedade que parece estar sempre à espreita, bem no fundo de nossa alma. Ainda que tudo tenhamos neste mundo, ainda assim sentimos que algo nos falta. Sempre...