Pretendemos oferecer neste programa algumas ferramentas de leitura que nos permitam encarar as polêmicas que envolvem o chamado terceiro segredo de Fátima. Já tivemos oportunidade de ver em outros encontros que o conteúdo desta mensagem suscita mais dúvidas do que oferece respostas. Basta, para tomar uma entre tantas outras amostras, levar em consideração o tom indeterminado e reticente com que, nas quartas memórias da irmã Lúcia, se conclui a narração da segunda parte da mensagem de Nossa Senhora: "Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé, etc." [1]. Some-se a isso o fato de que o terceiro segredo tampouco parece ser continuidade lógica das outras duas visões, senão que constitui, antes, um todo mais ou menos independente. Como quer que seja, está claro que o texto, além de ser em si mesmo de difícil interpretação, dá margem a especulações de todo tipo.
Polemistas como o jurista norte-americano Christopher Ferrara, por exemplo, advogam a tese de que, embora verdadeiro, ao segredo revelado pelo Vaticano em junho de 2000 estaria faltando um apenso de poucas linhas contendo a genuína interpretação da mensagem: a "cidade em ruínas", com efeito, seria imagem não de...