Este texto não foi escrito pelo Pe. Paulo Ricardo; trata-se de uma tradução, feita por nossa equipe, de um texto do Pe. Dwight Longenecker, sacerdote americano. Portanto, os sentimentos e preocupações expressas no início deste texto são pessoais e não necessariamente manifestam o sentir e o parecer do padre e de nossa equipe.

De todo modo, os dez conselhos oferecidos abaixo por esse sacerdote, para que enfrentemos esse tempo de pandemia, são muitíssimo apropriados. Daí a oportunidade da tradução. 

Para conferir as reflexões do próprio Pe. Paulo Ricardo a respeito da atual crise do coronavírus, recomendamos a nossos leitores que assistam a todos os episódios do programa COVID-19 e aos últimos dos programas Ao vivo com Pe. Paulo e Homilia Dominical.


A vida da maioria das pessoas se tornou uma confusão por causa da pandemia. Não foi diferente com a minha. A suspensão completa dos sacramentos me deixou muito preocupado. Consigo entender a interrupção dos serviços públicos oferecidos pela Igreja, mas a suspensão de todos os sacramentos — inclusive das visitas aos lares e das confissões individuais — parece-me algo draconiano. No entanto, com tanta incerteza em relação ao vírus, entendo que todos os líderes prefiram pecar por excesso de cuidado. Inicialmente, a maioria das pessoas negaram que houvesse um problema sério. Isso é natural. Também reagi assim. Ainda temos de verificar qual é a exata dimensão do problema, mas é melhor prevenir do que remediar.

O fato de o mundo ter virado do avesso por causa da pandemia deixa muitas pessoas preocupadas. Preocupamo-nos com nossa saúde. Ficaremos doentes? Será grave? Morreremos? A preocupação aumenta no caso dos idosos ou daqueles que já possuem outras doenças. Também nos preocupamos com aqueles que amamos. Se temos amigos ou parentes mais velhos, preocupamo-nos com eles. Além disso, existe uma preocupação numa dimensão mais abrangente. O sistema de saúde entrará em colapso? E se a situação durar mais do que o esperado e provocar um colapso social? O que acontecerá se a infraestrutura e os sistemas começarem a ruir? E se a economia colapsar integralmente?    

É natural que essas e outras inquietações nos atinjam. Então, o que podemos fazer para não nos preocupar? Eis algumas ideias:

1. Pare de ver notícias ruins. — Quando há uma colisão entre veículos, todos nós gostamos de xeretar. É difícil não parar e ficar observando. Pelo amor de Deus, não verifique o noticiário a cada cinco minutos. As notícias ruins estão lá. O mundo inteiro está confinado por causa de uma pandemia. As pessoas estão preocupadas e doentes; algumas estão morrendo. Sabemos disso, e não há muito o que fazer em relação aos grandes problemas. Portanto, veja o noticiário de manhã e de noite. Compense as notícias ruins com as boas. A situação é ruim, mas muitas pessoas estão trabalhando para cuidar dos enfermos e encontrar novas formas de combater a doença. Não estou dizendo que você deva ignorar a realidade e adotar algum tipo de otimismo artificial. Seja realista, mas não fique refém da agitação causada por notícias negativas.   

2. Ponha as notícias nas intenções de suas orações. — Depois de se atualizar com as notícias, apresente-as ao Senhor na oração. Depois de verificar as notícias da manhã, faça as orações da manhã. Faça o mesmo com as orações da noite. De que modo a oração pode ajudar? Ela desencadeia o poder de Deus no mundo. Suas orações ajudarão a fortalecer aqueles que estão trabalhando no combate à doença. Fortalecerão e ajudarão as pessoas que a contraíram. Auxiliarão os que estão de luto, os que sofrem de ansiedade e de depressão. Também ajudarão você ficar em paz, a se concentrar e a confiar em Deus.

3. Desenvolva um novo hobby. — Se estiver em confinamento, dedique algum tempo para ler os livros que sempre quis ler ou invista nos estudos ou interesses específicos aos quais sempre quis se dedicar. Faça mais exercícios físicos. Leia novos livros. Pinte ou desenhe. Pegue um livro de receitas e faça refeições magníficas. Faça pães. Isso não é somente uma coisa boa em si, mas ajudará você a não se preocupar.

4. Leia os Salmos. — São antigos poemas que muitas vezes foram compostos por pessoas em apuros. Os salmos 27 (26), 62 (61) e 91 (90) são bons para períodos de ansiedade. Eles enfatizam a necessidade de confiarmos em Deus.

5. Viva um dia de cada vez. — Lembre-se do ensinamento de Jesus: “Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado” (Mt 6, 34). Agradeça a Deus se hoje você estiver bem e se tiver aquilo de que precisa. Se amanhã você ou as pessoas que ama adoecerem, Deus estará ao seu lado para ajudar a superar a situação. “Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo” (Sl 23 [22]). 

6. Entre em contato com outras pessoas. — Por telefone e e-mail, permaneça em contato com amigos, familiares e paroquianos que talvez estejam sozinhos ou com medo. Um breve telefonema tem muito significado para as pessoas e também ajudará a não se preocupar. 

7. Memorize frases que ajudem a minimizar a preocupação. — Decore algum versículo da Bíblia ou alguma citação memorável que auxilie a diminuir a preocupação. Por exemplo: “A preocupação não mudará as coisas ruins, mas fará com que você não enxergue as boas”, “Não se preocupe. Reze”, “O mundo inteiro está nas mãos dEle” ou “Não se preocupe com o dia de amanhã. A cada dia basta o seu cuidado.”

8. Lembre-se do panorama global. — A humanidade já passou por isso. Trabalhamos juntos para superar pragas, guerras, escassez de alimentos e todos os tipos de desastres terríveis. Nossos pais e avós enfrentaram crises econômicas e guerras nas quais todos os dias foram dominados por temores horríveis, preocupações e prejuízos reais. As pessoas se mobilizam. Nós sobreviveremos. 

9. Apoiemo-nos mutuamente. — Fale de forma aberta; manifeste seus medos e preocupações; escute outras pessoas. A preocupação fica pior quando se transforma em medo interior e passa a nos corroer. Exponha sua inquietação e fale sobre ela. Quando compartilhamos uma preocupação, ela é reduzida pela metade.

10. Faça um ato de abandono. — O ato de abandono é uma oração por meio da qual depositamos nossa confiança e fé apenas em Deus. É possível fazer este outro ato de fé simples: “Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, em tuas mãos eu entrego o meu espírito”. É impressionante ver como a preocupação simplesmente desaparece quando nos entregamos a Deus de modo verdadeiro, integral e simples. Permanecemos em Cristo Jesus e reivindicamos a promessa de São Paulo aos Romanos (Rm 8, 35-39): 

Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? Realmente, está escrito: ‘Por amor de ti somos entregues à morte o dia inteiro; somos tratados como gado destinado ao matadouro’ (Sl 43,23). Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou. Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, Nosso Senhor.

Finalmente, que o Senhor possa usar este período para fortalecer a fé, a esperança e a caridade em nossos corações. Que possamos dedicar um tempo para repensar nossas prioridades e compreender que a vida é breve e instável. Não estamos num ensaio geral. Agradeçamos a Deus pelo bem que temos e desfrutemos dessas bênçãos. Usemos o tempo com sabedoria e, antes que seja tarde, peçamos para o nosso coração a graça de amar a Deus e ao próximo como devemos.

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