Esta é uma “novena do Espírito Santo com as meditações para cada um dos dias da novena, começando no dia da Ascensão” — nas palavras do próprio Santo Afonso Maria de Ligório, que a compôs. Trata-se, portanto, da tradicional novena de Pentecostes. Esta, porém, tem início na Quinta-feira da 6.ª Semana da Páscoa (que é o dia próprio da Ascensão; no Brasil, a solenidade é transferida para o domingo seguinte, imediatamente anterior ao de Pentecostes), perfazendo um total de dez dias, e não de nove, como é o usual nas novenas.

Santo Afonso explica que “a novena do Espírito Santo é, entre todas, a principal, uma vez que foi celebrada pelos santos Apóstolos e por Maria Santíssima no Cenáculo”. É considerada também a mãe de todas as novenas, pois o período que separa a subida de Jesus aos céus e o envio do Espírito Santo sobre os Apóstolos é exatamente o de uma novena.

O texto original italiano foi tirado da obra Via della salute: meditazioni e pratiche spirituali per acquistare la salute eterna, “Via da salvação: meditações e práticas espirituais para alcançar a salvação eterna”. Servimo-nos de uma tradução portuguesa já à disposição no site Rumo à Santidade, mas cotejamos o texto em nossa língua com o original e adaptamo-lo passim. As referências bíblicas e algumas dos santos foram colocadas no corpo do texto; as citações latinas dos santos e as demais referências consideradas relevantes estão todas no fim.

Façam todos um bom proveito desse excelente material, que com certeza ajudará vocês e suas famílias a se prepararem melhor para a solenidade de Pentecostes. Para a oração em família, talvez seja conveniente ajuntar à meditação de cada dia um hino como o Veni Creator ou a Ladainha do Espírito Santo. As duas sugestões encontram-se neste .pdf e podem ser impressas para este fim.


Introdução

A novena do Espírito Santo é, entre todas, a principal, uma vez que foi celebrada pelos santos Apóstolos e por Maria Santíssima no Cenáculo, e é enriquecida de prodígios e dons excelentes, dos quais o principal é o próprio Espírito Santo, o qual é um dom que nos foi merecido por Jesus Cristo com sua Paixão. 

Isto nos deu a conhecer o próprio Jesus, quando disse a seus discípulos que, se Ele não morresse, não nos poderia enviar o Espírito Santo: Si enim non abiero, Paraclitus non veniet ad vos; si autem abiero, mittam eum ad vos — “Se eu não for, o Paráclito não virá a vós, mas se eu for, eu o enviarei a vós” (Jo 16, 7). Portanto, nós bem sabemos, pela fé, que o Espírito Santo é o amor que o Pai e o Verbo eterno têm um pelo outro; e por isso o dom do amor, que é dispensado pelo Senhor às nossas almas e constitui o maior de todos os dons, se atribui especialmente ao Espírito Santo, como fala São Paulo: Caritas Dei diffusa est in cordibus nostris per Spiritum Sanctum, qui datus est nobis — “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5, 5). Convém pois que, nesta novena, consideremos sobretudo as grandes prendas do amor divino, a fim de que nos encorajemos a obtê-lo, e nos preparemos com atos de devoção, especialmente com as orações, para tomar parte nele, já que Deus o prometeu a quem humildemente lhe pedisse: Pater vester de caelo dabit spiritum bonum petentibus eum — “O Pai do céu dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem” (Lc 11, 13).

1.º dia: O amor é fogo, que inflama

“A Descida do Espírito Santo”, por Ticiano.

Deus ordenou na antiga Lei que o fogo ardesse continuamente no seu altar: Ignis in altari meo semper ardebit (Lv 6, 12).

Diz São Gregório que os altares de Deus são os nossos corações (Mor. in Iob XXV, 15) [i], onde quer Ele que arda sempre o fogo do seu divino amor. Por isso, o Pai eterno, não satisfeito em nos haver dado Jesus Cristo, seu Filho, para nos salvar por sua morte, quis dar-nos ainda o Espírito Santo, para que habitasse em nossas almas e as conservasse continuamente abrasadas de caridade. Jesus mesmo protestou que viera à terra exatamente para inflamar com este fogo sagrado os nossos corações, e que outra coisa não desejava senão vê-lo aceso: Ignem veni mittere in terram, et quid volo, nisi ut accendatur? (Lc 12, 49). Eis por que, esquecendo as injúrias e ingratidões recebidas dos homens nesta terra, logo que subiu ao céu, nos enviou o Espírito Santo.

Ó amantíssimo Redentor, então é assim que nos amais sempre, tanto em vossas penas e ignomínias quanto nas vossas glórias? 

Pela mesma razão quis o Espírito Santo aparecer no Cenáculo sob a forma de línguas de fogo: Et apparuerunt illis dispartitæ linguæ, tamquam ignis — “E apareceram-lhes repartidas umas como que línguas de fogo” (At 2, 3). Por isso também a Igreja nos faz rezar [com estas palavras]: Illo nos igne, quaesumus Domine, Spiritus inflammet, quem Dominus Iesus Christus misit in terram, et voluit vehementer accendi — “Que o Espírito Santo nos inflame, Senhor, naquele fogo, que Jesus Cristo veio trazer à terra e vivamente deseja que se incendeie” [ii]. Foi este, portanto, aquele fogo sagrado que inflamou os santos a fazer grandes coisas por Deus: amar os inimigos, desejar os desprezos, despojar-se de todos os bens terrenos e abraçar com alegria até os tormentos e a morte. O amor não sabe ficar ocioso e nunca diz: “Basta”. Uma alma que ama a Deus, quanto mais faz pelo amado, mais deseja fazer, a fim de lhe dar gosto e ganhar a sua afeição. Este fogo sagrado se acende na oração mental. In meditatione mea exardescet ignis — “No decorrer da minha reflexão, um fogo se ateou” (Sl 38, 4). Se desejamos, pois, arder de amor para com Deus, amemos a oração: é ela a bem-aventurada fornalha onde se acende este ardor divino.

Afetos e súplicas

Meu Deus, até agora nada fiz por Vós, que tão grandes coisas haveis feito por mim. Ai de mim! Minha frieza muito vos impele a vomitar-me! Ah, Espírito Santo, fove quod est frigidum, “aquecei o que está frio”, livrai-me desta minha frieza e acendei em mim um grande desejo de agradar-vos [iii]. Renuncio agora a todas as minhas satisfações, e antes quero morrer que dar a Vós o menor desgosto. Aparecestes sob a forma de línguas de fogo; eu vos consagro a minha língua, para que ela não mais vos ofenda. Ó Deus! Vós me destes a língua para Vos louvar, e dela me tenho servido para vos ultrajar e levar também os outros a ofender-vos! Arrependo-me de toda a minha alma.

Ah! Pelo amor de Jesus Cristo, que na sua vida tanto vos honrou com sua língua, fazei que também eu de agora em diante não cesse de vos honrar, celebrando vossos  louvores, invocando muitas vezes o vosso auxílio e falando da vossa bondade e do amor infinito que mereceis. Eu vos amo, meu sumo bem; eu vos amo, ó Deus de amor.

Ó Maria, vós sois a mais cara esposa do Espírito Santo, obtende para mim este fogo sagrado.

2.º dia: O amor é luz, que ilumina

“Pentecostes”, por Pedro de Campaña.

Um dos maiores danos que nos causou o pecado de Adão foi o obscurecimento da nossa razão pelo efeito das paixões, que ofuscam nossa mente. Pobre da alma que se deixa dominar por alguma paixão! A paixão é um vapor, um véu, que nos impede de ver a verdade. Como pode fugir do mal quem não o conhece? E este obscurecimento da nossa razão aumenta em proporção do número dos nossos pecados. 

Mas o Espírito Santo, que é chamado [na sequência de Pentecostes] de lux beatissima, é aquele que com seus esplendores divinos não só inflama os corações para o amor, mas também dissipa as trevas e nos faz conhecer a vaidade dos bens terrenos, o valor dos bens eternos, a importância da salvação, o preço da graça, a bondade de Deus, o amor infinito que Ele merece e o imenso amor que Ele nos traz. 

Animalis homo non percipit ea, quæ sunt spiritus Dei  — “O homem animal não percebe aquelas coisas que são do Espírito de Deus” (1Cor 2, 14). O homem enlameado nos prazeres da terra conhece pouco essas verdades, e portanto o homem infeliz ama o que deve odiar e odeia o que deve amar. 

Santa Maria Madalena de Pazzi exclamava: “Ó Amor não conhecido, ó Amor não amado!” Por isso Santa Teresa dizia que Deus não é amado porque não é conhecido (cf. Exclamações da Alma a Deus, 14) [iv]. Por isso os santos sempre buscavam em Deus luz, e mais luz: Emitte lucem tuam. Illumina tenebras meas. Revela oculos meos — “Envia a tua luz. Esclarece as minhas trevas. Tira o véu dos meus olhos (Sl 42. 3; Sl 17, 29; Sl 118, 18). Sim, porque sem a luz não podemos evitar os precipícios, nem encontrar a Deus. 

Afetos e súplicas

Ó santo e divino Espírito, creio que sois verdadeiro Deus, mas um só Deus com o Pai e com o Filho. Adoro-vos e reconheço-vos como o doador de todas as luzes, com as quais me fizestes conhecer o mal que cometi ao vos ofender, e a obrigação que tenho de vos amar. Dou-vos graças por isso e lamento profundamente por vos haver ofendido. Eu merecia que me abandonásseis nas minhas trevas, mas vejo que ainda não me abandonastes. 

Ó Espírito eterno, continuai a iluminar-me e fazei que eu conheça cada vez mais a vossa infinita bondade, e dai-me forças para vos amar no futuro com todo o meu coração. Acrescentai graça sobre graça, para que eu seja docemente atraído a Vós e impelido a não amar nada além de Vós. Rogo-vos pelos méritos de Jesus Cristo. Amo-vos, ó meu soberano Bem, amo-vos mais que a mim mesmo. Quero ser todo vosso; recebei-me e não permitais me separe de Vós novamente.

Ó Maria, minha Mãe, ajudai-me sempre com a vossa intercessão.

3.º dia: O amor é água, que sacia

“Jesus e a Samaritana”, por Carl Bloch.

[Na sequência de Pentecostes] o amor também é chamado de fonte viva: Fons vivus, ignis, caritas — “Fonte viva, fogo, caridade”. Nosso Redentor disse à mulher samaritana: Qui autem biberit ex hac aqua, quam ego dabo ei, non sitiet in aeternum — “O que beber da água que eu lhe der, jamais terá sede” (Jo 4, 13). O amor é água, que sacia: quem ama a Deus com um coração verdadeiro, não busca nem deseja mais nada, porque em Deus encontra todo o bem. Assim, feliz por estar com Deus, sempre diz com alegria: Deus meus, et omnia. Meu Deus, Vós sois todo o meu bem. 

Mas por isso Deus se queixa de tantas almas, que vão mendigando misérias e breves prazeres das criaturas, e abandonam a Ele, que é um bem infinito e fonte de toda alegria: Me dereliquerunt fontem aquæ vivæ, et foderunt sibi cisternas, cisternas dissipatas, quæ continere non valent aquas — “Abandonaram-me a mim, que sou fonte de água viva, e cavaram para si cisternas, cis­ternas rotas, que não podem reter as águas” (Jr 2, 13). Por isso Deus nos ama e deseja nos ver felizes; grita e faz saber a todos: Si quis sitit, veniat ad me — “Se alguém tem sede, venha a mim”  (Jo 7, 37). Quem quiser ser feliz, venha a mim, e eu lhe darei o Espírito Santo, que o fará feliz nesta e na outra vida. 

Qui credit in me (continua a dizer) sicut dicit Scriptura, flumina de ventre eius fluente aquæ vivæ — “O que crê em mim, como diz a Escritura, do seu seio correrão rios de água viva” (Jo 7, 38). Portanto, quem crê e ama Jesus Cristo será enriquecido com tanta graça, que do seu coração (isto é, da vontade, que é o seio da alma) brotarão muitas fontes de santa virtude, que não só ajudarão a conservar a sua vida, mas também a dar vida aos outros. E precisamente esta água era o Espírito Santo, o amor substancial, que Jesus Cristo prometeu enviar-nos do céu depois da sua Ascensão: Hoc autem dixit de Spiritu, quem accepturi erant credentes in eum; nondum enim erat Spiritus datus, quia Iesus nondum erat glorificatus — “Ele dizia isto, falando do Espírito que haviam de receber os que cressem nele; porque ainda não tinha sido dado o Espí­rito, por não ter sido ainda glorificado Jesus” (Jo 7, 39).

A chave que abre os canais desta água bem-aventurada é a santa oração, que nos obtém todo o bem em virtude da promessa: Petite, et accipietis — “Pedi e recebereis” (Jo 16, 24). Somos cegos, pobres e fracos, mas a oração nos dá luz, força e graça em abundância. Dizia Teodoreto: Oratio, cum una sit, omnia potest — “Mesmo que seja uma só, a oração pode tudo” (Religiosa Historia, c. 15) [v]. Quem ora recebe o que deseja. Deus quer nos dar as suas graças, mas [para isso] quer ser invocado.

Afetos e súplicas

Domine, da mihi hanc aquam — “Senhor, dá-me desta água” (Jo 4, 15). Meu Jesus, eu vos rogo com a samaritana, dai-me desta água do vosso amor, que me fará esquecer a terra, para viver só para Vós, amável infinito. Riga quod est aridum [vi]. Minha alma é terra árida, que não produz senão abrolhos e espinhos de pecados. Ah! Regai-a com a vossa graça, para que ela dê algum fruto para vossa glória, antes de deixar este mundo com a morte.

Ó fonte de água viva, ó sumo bem, quantas vezes vos deixei pelas águas lamacentas desta terra, que me privaram do vosso amor! Ah! Quisera eu morrer e não vos ter ofendido! Mas no futuro não quero procurar nada além de Vós, meu Deus. Ajudai-me e tornai-me fiel a Vós. 

Maria, minha esperança, guardai-me sempre sob o vosso manto.

4.º dia: O amor é orvalho, que fecunda

“A Descida do Espírito Santo”, por um seguidor de Gerard David.

É precisamente assim que a Santa Igreja nos faz rezar: Sancti Spiritus corda nostra mundet infusio, et sui roris intima aspersione fecundet  — “Que a efusão do Espírito Santo nos lave os corações e os fecunde com o orvalho da sua graça” [vii]. O amor fecunda os bons desejos, os santos propósitos e as obras santas das almas; esses são as flores e os frutos que a graça do Espírito Santo produz. O amor também é chamado de orvalho, porque tempera o ardor dos maus apetites e tentações. Por isso o Espírito Santo também é chamado [na sequência de Pentecostes] de alívio e refrigério no calor: In æstu temperies, et dulce refrigerium — “Calma na turbação e refrigério dulcíssimo”. 

Esse orvalho desce aos nossos corações no momento da oração. Um quarto de hora de oração é suficiente para aplacar toda paixão de ódio ou de amor desordenado, por mais ardente que seja. Introduxit me rex in cellam vinariam, ordinavit in me caritatem — “O rei introduziu-me na dispensa do vinho, ordenou em mim o amor” (Ct 1, 3; 2, 4). A santa meditação é precisamente esta cela, onde se ordena o amor, amando o próximo como a nós mesmos e a Deus acima de tudo. Quem ama a Deus ama a oração; para aquele que não ama a oração é moralmente impossível vencer suas paixões.

Afetos e súplicas

Ó santo e divino Espírito, não quero mais viver para mim mesmo; os dias que restam da minha vida, quero gastá-los todos amando e agradando a Vós. Imploro-vos, pois: dai-me o dom da oração. Entrai no meu coração e ensinai-me a fazê-la como se deve. Dai-me forças para não deixá-la de lado pelo tédio em tempos de aridez; e dai-me o espírito de oração, isto é, a graça de rezar sempre a Vós e de vos fazer as orações mais caras ao vosso divino Coração. Eu já estava perdido por meus pecados, mas vejo que Vós, com tantas delicadezas que me fizestes, quereis que eu seja salvo e santo; e eu quero fazer-me santo para vos agradar e amar mais a vossa bondade infinita. Amo-vos, meu sumo bem, meu amor, meu tudo; e porque vos amo, dou-me todo a vós.

Ó Maria, esperança minha, protegei-me.

5.º dia: O amor é repouso, que revigora

[Na sequência de Pentecostes] chama-se também ao amor in labore requies, in fletu solatium: “descanso no trabalho, bálsamo no pranto”. O amor é repouso, que revitaliza, já que a principal função do amor é unir a vontade do amante à do amado. Para uma alma que ama a Deus, em cada afronta que recebe, em cada dor que padece, em cada perda que lhe vem, para tranquilizá-la basta saber que é vontade do amado que ela sofra essa provação. Ao dizer apenas: “Esta é a vontade do meu Deus”, em todas as tribulações ela encontra paz e contentamento. É aquela paz que supera todos os prazeres dos sentidos: Pax Dei quæ exuperat omnem sensum — “A paz de Deus, que está acima de todo o entendimento” (Fl 4, 7). Santa Maria Madalena de Pazzi sentia-se cheia de alegria ao dizer apenas: “Vontade de Deus”. 

Nesta vida cada um tem de carregar a sua cruz; mas Santa Teresa diz que a cruz é dura para quem a arrasta, não para quem a abraça (cf. Conceitos do Amor de Deus II, 10) [viii]. Assim é que o Senhor sabe ferir e curar: Vulnerat, et medetur, como dizia Jó (5, 18). O Espírito Santo, com a sua doce unção, torna doces e amáveis também as ignomínias e os tormentos. Ita, Domine, quoniam sic fuit placitum ante te (Mt 11, 26). Desse modo, devemos dizer em todas as coisas adversas que nos acontecem: “Assim seja, Senhor, porque assim foi do vosso agrado”. E quando nos aterrorizar qualquer medo de mal temporal que possa nos sobrevir, devemos dizer sempre: “Faça-se a vossa vontade, meu Deus; de agora em diante, aceito tudo quanto fizerdes”. É também utilíssimo oferecer-se muitas vezes a Deus no decurso do dia, como o fazia Santa Teresa.

Afetos e súplicas

Ah, meu Deus, quantas vezes para fazer a minha vontade me opus com desprezo à vossa vontade! Lamento este mal mais do que qualquer outro mal. Senhor, de agora em diante, quero vos amar com todo o meu coração. Loquere Domine, quia audit servus tuus — “Fala, Senhor, que teu servo escuta” (1Rs 3, 10). Dizei o que quereis de mim, que tudo eu quero fazer. Vossa vontade sempre será meu único desejo, meu único amor. Ó Espírito Santo, ajudai a minha fraqueza. Vós sois a própria bondade: como posso amar outra coisa além de Vós? Ah, atraí para Vós, pela doçura do vosso santo amor, todos os afetos do meu coração! Renuncio a tudo para dar-me inteiramente a Vós. Aceitai-me e socorrei-me.

Ó minha mãe Maria, em vós confio.

6.º dia: O amor é virtude, que dá força

“Pentecostes”, por Juan de Flandes.

Fortis ut mors dilectio — “O amor é forte como a morte (Ct 8, 6). Assim como não há força criada que resista à morte, não há para uma alma amorosa dificuldade que o amor não possa superar. Quando se trata de satisfazer o amado, o amor supera tudo: perdas, desprezo e dor. Nihil tam durum, quod non amoris igne vincatur — “Nada há tão duro que o fogo do amor não possa vencer”, diz Santo Agostinho [ix]. Este é o sinal mais seguro para saber se uma alma ama verdadeiramente a Deus: se ela é fiel em seu amor tanto nas coisas prósperas como nas adversas. 

São Francisco de Sales diz: “Deus é amável seja quando nos consola seja quando nos aflige, porque faz tudo por amor” (Tratado do Amor de Deus, IX, 2). Na verdade, quanto mais nos flagela nesta vida, mais nos ama. São João Crisóstomo considerava São Paulo acorrentado mais feliz do que São Paulo arrebatado ao terceiro céu [x]. Por isso os santos mártires se alegravam em meio aos tormentos e agradeciam ao Senhor, como a maior graça que lhes dava, o poder sofrer por seu amor. E os outros santos, onde não os afligiam os tiranos, tornavam-se carrascos de si mesmos com penitências, para dar prazer a Deus. Santo Agostinho diz que quem ama não cansa; e se cansa, o próprio cansaço é amado: In eo quod amatur, aut non laboratur, aut ipse labor amatur [xi].

Afetos e súplicas

Ó Deus da minha alma, eu digo que vos amo; mas então o que faço por Vós? Nada. Então é sinal de que não vos amo, ou vos amo muito pouco. Enviai-me, portanto, ó meu Jesus, o Espírito Santo, para que venha me dar forças de sofrer por vosso amor e fazer algo por Vós, antes que me venha a morte. Ah, não me deixeis morrer, meu amado Redentor, neste estado de frieza e ingratidão em que tenho vivido até hoje. Dai-me forças para amar o sofrimento, depois de tantos pecados que me fizeram merecer o inferno. Ó meu Deus, todo bondade e todo amor, Vós desejais habitar em minha alma, da qual tantas vezes vos expulsei; vinde, habitai nela, tomai posse dela e fazei-a toda vossa. Amo-vos, amo-vos, ó meu Senhor, e se vos amo, já estais comigo, como me assegura São João: Qui manet in caritate, in Deo manet, et Deus in eo — “Quem permanece na caridade, per­manece em Deus, e Deus nele” (1Jo 4, 16). Portanto, já que estais comigo, fazei crescer as chamas, fortificai as cadeias [do vosso amor], a fim de que eu não deseje, não busque e não ame senão a Vós, e assim unido [a Vós], não me separe jamais do vosso amor. Ó meu Jesus, quero ser vosso, e todo vosso. 

Ó Maria, minha advogada e rainha, obtende para mim amor e perseverança.

7.º dia: O amor faz Deus habitar na alma

O Espírito Santo é chamado [na sequência de Pentecostes] de doce hóspede da alma: Dulcis hospes animæ. Esta foi a grande promessa feita por Jesus Cristo aos que o amam, quando disse: “Se me amais, observai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Paráclito, para que fique eternamente convosco” (Jo 14, 15-16). Porque o Espírito Santo nunca abandona uma alma, a menos que seja expulso dela. Non deserit, nisi deseratur, diz o Concílio de Trento [xii].

Portanto, Deus habita em uma alma que o ama, mas declara que não fica satisfeito se não o amamos de todo o coração. Santo Agostinho conta que o senado romano não quis admitir Jesus Cristo no número dos deuses, alegando que Ele é um Deus orgulhoso, que quer ser o único a ser adorado [xiii]. E assim é: Ele não quer rivais num coração que o ama; quer que seja só Ele a habitá-lo, só Ele a ser amado. E quando não vê somente Ele sendo amado, sente inveja (por assim dizer) daquelas criaturas que têm parte naquele coração, que Ele queria todo para si, como escreve São Tiago: An putatis, quia inaniter Scriptura dicat: Ad invidiam concupiscit vos spiritus, aqui habitat in vobis?  — “Porventura imaginais que a Escritura diz em vão: O Espírito que habita em vós ama-vos com ciúme?” (Tg 4, 5). Em suma, como diz São Jerônimo, Jesus é ciumento. Zelotypus est Iesus. Por isso, o Esposo celeste louva aquela alma que, como a rolinha, vive solitária e escondida do mundo: Pulchræ sunt genæ tuæ, sicut turturis — “As tuas faces têm a beleza da rola” (Ct 1, 9). Porque Ele não quer que o mundo tome uma parte desse amor que deseja todo para si. Por isso Ele também elogia sua esposa, chamando-a de jardim fechado: Hortus conclusus, soror mea sponsa — “Jardim fechado és, irmã minha esposa” (Ct 4, 12). Jardim fechado para todo amor terreno. Duvidamos que Jesus merece todo o nosso amor? Totum tibi dedit, nihil sibi reliquit, diz São João Crisóstomo, “Todo a ti [ele] se deu, nada para si [ele] guardou” [xiv]. Ele nos deu tudo, seu sangue e sua vida; mais do que isto não nos podia dar.

Afresco de Pentecostes na Igreja de Nossa Senhora em Annecy, na França.

Afetos e súplicas

Ah, meu Deus, vejo que me quereis só para Vós. Muitas vezes eu vos afastei de minha alma, e não vos dedignastes de voltar a se unir a mim. Por favor, tomai posse de todo o meu ser, pois hoje eu me dou inteiramente a Vós. Aceitai-me, ó Jesus, e não permitais que, no futuro, nem por um momento eu viva sem o vosso amor. Vós me quereis e eu nada quero senão a Vós. Vós me amais e eu vos amo. E já que me amais, uni-me a Vós, para que eu não mais vos deixe.

Ó Maria, Rainha do Céu, eu confio em vós.

8.º dia: O amor é um laço, que aperta

Assim como o Espírito Santo, que é o amor incriado, é o elo indissolúvel que liga o Pai ao Verbo eterno, assim também Ele une a alma a Deus: Caritas est virtus coniungens nos Deo, diz Santo Agostinho [xv]. Assim exclamava, cheio de júbilo, São Lourenço Justiniano: “Então, ó amor, teu elo tem tanta força, que pode prender um Deus para uni-lo às nossas almas!” — O caritas, quam magnum est vinculum tuum, quo Deus ligari potuit! Os vínculos do mundo são vínculos de morte, mas os vínculos de Deus são vínculos de vida e saúde: Vincula illius alligatura salutaris (Eclo 6, 31). Sim, porque por meio do amor os vínculos de Deus nos unem a Ele, que é a nossa verdadeira e única vida.

Antes da vinda de Jesus Cristo, os homens fugiam de Deus e, apegados à terra, recusavam-se a unir-se ao seu Criador; mas um Deus amoroso os atraiu para si com vínculos de amor, como prometeu a Oséias: In funiculis Adam traham eos, in vinculis caritatis — “Atraí-os para mim com vínculos próprios de homens, com os vínculos da caridade” (Os 11, 4). Esses vínculos são os seus benefícios, as luzes, os apelos ao seu amor, as promessas do céu, mas sobretudo o dom que Ele nos deu de Jesus Cristo no sacrifício da cruz e no sacramento do altar, e finalmente o dom do Espírito Santo. 

Por isso exclama o Profeta: Solve vincula colli tui, captiva filia Sion — “Desata as cadeias do teu pescoço, cativa, filha de Sião” (Is 52, 2). Ó alma, tu que foste criada para o céu, livra-te das amarras da terra e vincula-te com Deus através do elo do santo amor. Caritatem habete, quod est vinculum perfectionis — “Tende caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3, 14). O amor é um vínculo, que une consigo todas as virtudes e torna perfeita a alma. Ama, et fac quod vis, disse Santo Agostinho, “ama a Deus e faz o que quiseres” [xvi]: sim, porque quem ama a Deus procura fugir de [dar] qualquer desgosto ao amado e procura em todas as coisas agradar ao amado.

Afetos e súplicas

Meu querido Jesus, muito me haveis obrigado a amar-vos; muito vos custou obter o meu amor. Muito ingrato seria eu se vos amasse pouco, ou se dividisse meu coração entre Vós e as criaturas, depois de haverdes dado o sangue e a vida por mim. Quero me desapegar de tudo, e só em Vós quero colocar todos os meus afetos. Mas sou fraco para pôr em prática este meu desejo. Vós, que o inspirais, dai-me forças para realizá-lo. 

Feri, meu amado Jesus, meu pobre coração com a doce flecha do vosso amor, para que eu possa sempre ansiar por Vós e me derreta por vosso amor: a fim de que a Vós procure sempre, a Vós só deseje, a Vós ache sempre. Meu Jesus, eu só quero a Vós, e nada mais. Deixai-me sempre repetir durante a minha vida, e especialmente no momento da minha morte: “Só quero a Vós, e nada mais”.

Ó Maria, minha mãe, fazei que de hoje em diante eu não queira nada além de Deus.

“Pentecostes”, por Jean II Restout.

9.º dia: O amor é um tesouro, que contém todos os bens

É o amor é este tesouro que, segundo o Evangelho, devemos deixar tudo para adquirir: sim, porque o amor nos torna participantes da amizade de Deus. Infinitus est thesaurus, quo qui usi sunt, participes facti sunt amicitiæ Dei — “Porque ela é um tesouro infinito para os homens; os que usaram dela foram feitos participantes da amizade de Deus” (Sb 7, 14). Ó homem, diz Santo Agostinho, por que estás à procura de bens? Procura aquele único bem, no qual estão contidos todos os outros bens.

Mas a esse Deus não podemos encontrar se não deixarmos as coisas da terra. Santa Teresa escreve: “Afasta o teu coração das criaturas e encontrarás a Deus”. Quem encontra a Deus encontra o que deseja. Delectare in Domino, et dabit tibi petitiones cordis tui — “Põe as tuas delícias no Senhor, e te concederá o que o teu coração deseja” (Sl 36, 4). 

O coração humano está sempre à procura de bens que o façam feliz; mas se ele os busca nas criaturas, por mais que receba delas, nunca está satisfeito; mas se não quer nada além de Deus, Deus satisfará todos os seus desejos. Quem são os mais felizes nesta terra, senão os santos? Por quê? Porque eles querem e buscam somente a Deus. Um certo príncipe, indo caçar, viu um homem solitário que corria pela floresta e perguntou-lhe o que estava fazendo naquele deserto. Ele respondeu: “E tu, príncipe, o que estás procurando?” “Vou caçar feras”; e o eremita: “E eu vou à caça de Deus”.

Um tirano ofereceu a São Clemente ouro e pedras preciosas, a fim de o fazer renunciar a Jesus Cristo. O santo suspirou e exclamou: “Ai, um Deus a ser comparado a um pouco de lama!” Feliz o que conhece esse tesouro do amor divino e procura obtê-lo! Quem o obtiver se despojará de tudo para não ter nada além de Deus: “Quando a casa está pegando fogo”, dizia São Francisco de Sales, “todas as coisas são jogadas pela janela”. E o Padre Paolo Segneri Juniore, grande servo de Deus, costumava dizer que o amor é um ladrão, que nos despoja de todos os afetos terrenos, a ponto de nos levar a dizer: “E o que mais quero eu senão só a Vós, meu Senhor?”

Afetos e súplicas

Meu Deus, eu no passado não procurei a Vós, senão a mim mesmo e às minhas satisfações, e por estas dei as costas a Vós, sumo bem. Mas o que diz Jeremias diz me consola: Bonus est Dominus animæ quaerenti illum — “O Senhor é bom para os que nele esperam, para a alma que o busca” (Lm 3, 25). Ele me diz que Vós sois todo bondade para com aqueles que vos procuram. 

Meu amado Senhor, sei o mal que fiz ao deixar-vos, e me arrependo de todo o meu coração. Conheço o tesouro infinito que sois Vós; não quero abusar dessa luz; deixo tudo e vos elejo como meu único amor. Meu Deus, meu amor, meu tudo, amo-vos, anseio por Vós, suspiro por Vós. Ó Espírito Santo, vinde e com vosso fogo sagrado destruí em mim todo o afeto que não seja por Vós. Fazei que eu seja todo vosso e tudo vença a fim de vos agradar.

Ó Maria, minha mãe e advogada, ajudai-me com vossas orações.

10.º dia: Meios para amar a Deus e santificar-se

“Pentecostes”, por Juan Bautista Maíno.

Quem ama mais a Deus, torna-se mais santo. São Francisco de Borja disse que a oração é aquilo que introduz o amor divino no coração humano; a mortificação é então aquela que tira a terra do coração e o torna capaz de receber aquele fogo santo. Quanto mais terra há no coração, menos lugar o amor santo encontra lá. Sapientia nec invenitur in terra suaviter viventium — “A sabedoria não se encontra na terra dos que vivem em delícias” ( 28, 13). 

Portanto, os santos tentavam mortificar o amor-próprio e seus sentidos tanto quanto podiam. Os santos são poucos; mas devemos viver com os poucos se quisermos nos salvar com os poucos. Vive cum paucis, si vis regnare cum paucis, escreve São João Clímaco (Escada do Paraíso, 4). E São Bernardo diz: Perfectum non potest esse nisi singulare [xvii]. Quem quer levar uma vida perfeita, deve levar uma vida singular. 

Antes de tudo, porém, para se tornar santo é preciso ter o desejo de se tornar santo: desejo e resolução. Alguns sempre desejam, mas nunca começam a colocar a mão na massa. “Destas almas não resolvidas”, dizia Santa Teresa, “o diabo não tem medo” (Caminho de Perfeição, 23). Por outro lado, dizia a santa, “Deus é amigo das almas generosas” (Livro da Vida, 13). 

O diabo tenta fazer parecer orgulho pensar em fazer grandes coisas para Deus. Seria orgulho se pensássemos em realizá-las com nossas próprias forças; mas não é orgulho resolver ser santo, confiando em Deus e dizendo: Omnia possum in eo, qui me confortat — “Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4, 13). Devemos, portanto, ter coragem, resolver e começar. A oração pode fazer qualquer coisa. O que não podemos com a nossa força, bem podemos com a ajuda de Deus, que prometeu dar-nos o que o buscamos. Quodcumque volueritis, petetis, et fiet vobis — “Pedireis tudo o que qui­serdes, e ser-vos-á concedido” (Jo 15, 7).

Afetos e súplicas

Meu querido Redentor, Vós desejais ser amado por mim e me ordenais amar-vos com todo o meu coração. Sim, meu Jesus, de todo o coração quero vos amar. Confiando em vossa misericórdia, meu Deus, eu vos direi que os pecados que cometi não me assustam, porque agora eu os odeio e os detesto acima de todo mal; e sei que esqueceis as ofensa de uma alma que se arrepende e vos ama. Com efeito, porque vos ofendi mais do que aos outros, quero amar-vos mais do que aos outros com a ajuda que espero de Vós. 

Meu Senhor, quereis que eu seja santo, e eu quero me tornar um santo para vos agradar. Amo-vos, bondade infinita. Dou-vos tudo. Sois meu único bem, meu único amor. Não vos aparteis de mim, meu amor. Fazei-me todo vosso, e não permitais mais que eu vos desagrade. Concedei que eu me sacrifique inteiramente por Vós, como vos sacrificastes inteiramente por mim.

Ó Maria, esposa mais amável e amada do Espírito Santo, obtende para mim amor e fidelidade.

Referências

  1. Altare quippe Dei est cor nostrum, in quo iubetur ignis semper ardere, quia necesse est ex illo ad Dominum caritatis flammam indesinenter ascendere (PL 76, 328).
  2. Missal Romano (rito antigo), Sábado das Quatro Têmporas de Pentecostes, Oratio II post Kyrie
  3. Missal Romano, Festa de Pentecostes, Sequência Veni Sancte Spiritus.
  4. “Ó Senhor e verdadeiro Deus meu! Quem não Vos conhece não Vos ama! Oh que grande verdade é essa! Mas, ó dor, ó dor, Senhor, dos que não Vos querem conhecer!” (Escritos de Teresa de Ávila. São Paulo: Loyola, 2001, p. 899).
  5. Medici quippe unicuique morbo suum applicant remedium; sanctorum autem oratio commune malis omnibus est remedium (PG 82, 1418). A frase provém de Sb 7, 27: Et cum sit una, omnia potest, “Embora sendo uma só, tudo pode”.
  6. Missal Romano, Festa de Pentecostes, Sequência.
  7. Missal Romano (antigo), Vigília de Pentecostes, Postcommunio.
  8. “A essas almas, em sua maioria, dói-lhes tudo quanto se diga delas; e não abraçam a cruz, mas a levam arrastando, e assim são magoadas por ela, ficam cansadas e se fazem em pedaços. Porque a cruz, quando é amada, é suave de carregar” (Escritos de Teresa de Ávila. São Paulo: Loyola, 2001, p. 859). 
  9. Santo Agostinho, De moribus Ecclesiae catholicae et de moribus Manichaeorum I, 22 (PL 32, 1329): Nihil est tam durum atque ferreum, quod non amoris igne vincatur. Quo cum se anima rapiet in Deum, super omnem carnificinam libera et admiranda volitabit pennis pulcherrimis et integerrimis, quibus ad Dei amplexum amor castus innititur.
  10. São João Crisóstomo, In Epistola ad Ephesios, hom. 8, 1 (PG 62, 57): Nihil est melius quam male pati propter Christum. Non tam beatum praedico Paulum quod raptus sit in paradisum, quam quod coniectus sit in carcerem; non tam enim dico beatum quod audierit arcana verba quam enim censeo beatum propter vincula; non tam beatum dico quod raptus sit in tertium caelum quam propter illa vincula.
  11. Santo Agostinho, De bono viduitatis, 21 (PL 40, 448): Interest ergo quid ametur. Nam in eo quod amatur, aut non laboratur, aut et labor amatur.
  12. Concílio de Trento, Sessão VI, Decreto sobre a justificação, c. 11: Deus namque sua gratia semel iustificatos non deserit, nisi ab eis prius deseratur.
  13. Santo Agostinho, De consensu Evangelistarum I, 12, 18 (PL 34, 1050): Solebant autem Romani deos gentium, quas subiugabant, colendos propitiare, et eorum sacra suscipere. Hoc de Deo gentis hebraeae, cum eam vel oppugnaverunt vel vicerunt, facere noluerunt. Credo quod videbant, si eius Dei sacra reciperent, qui se solum, deletis etiam simulacris, coli iuberet, dimittenda esse omnia quae prius colenda susceperant, quorum religionibus imperium suum crevisse arbitrabantur: in quo eos plurimum fallacia daemonum decipiebat.
  14. São João Crisóstomo, Expositio in Ps. 44, n. 11 (PG 55, 200): Ipse enim est Dominus tuus et pater, et ipse omnia tibi dedit. O conceito é familiar ao santo: cf. Hom. in Matth. 25, 3 (PG 57, 331); 76, 5 (PG 58, 700).
  15. Santo Agostinho, De moribus Ecclesiae catholicae I, 11, 19 (PL 32, 1319); De Trinitate VIII, 10, 14 (PL 42, 960); Enarrat. in Ps. 62, 17 (PL 36, 758).
  16. Santo Agostinho, In Ep. I Ioann. ad Parthos IV, 8 (PL 35, 2033): Semel ergo breve praeceptum tibi praecipitur: Dilige, et quod vis fac.
  17. Lactâncio, Div. institutiones III, 15 (PL 6, 391-92): Et sic unus est huius mundi constitutor et rector Deus, una veritas: ita unum esse ac simplicem sapientiam necesse est, quia quidquid verum ac bonum id perfectum esse non potest nisi fuerit singulare.

O que achou desse conteúdo?

0
0
Mais recentes
Mais antigos