A polêmica iniciada no Facebook do Padre Paulo Ricardo por causa do vídeo Abortos Ocultos trouxe à tona os excessos e as falácias do pensamento feminista. De fato, como dissemos outrora, as mulheres não precisam de anticoncepcionais para serem livres. Precisam de dignidade. Essa é a questão de fundo que deve ser tratada com seriedade de argumentos e razoabilidade. O feminismo radical está comprometido com uma agenda contrária à autêntica natureza da mulher. Por isso, deve ser desmascarado, a fim de que as mulheres, já oprimidas por uma série de fatores históricos e sociais, não sejam cooptadas por um movimento ainda mais opressor. A experiência dos últimos anos só comprova um fato: o feminismo não é o caminho para o devido respeito à mulher.

Outro aspecto deste assunto, porém, merece atenção: o machismo. A opressão masculina sobre as mulheres é uma das raízes de tantos movimentos que atentam contra a família e a dignidade humana. Infelizmente, não se pode negar que, por de trás de muitos abortos, está a mão intimidadora de um homem. Mesmo no que diz respeito ao uso de anticoncepcionais, sabe-se, por meio de vários testemunhos, que grande parte das mulheres são forçadas pelos seus maridos a usarem esse tipo de medicamento. Isso é grave. Torna-se demasiado difícil cobrar da mulher o amor à maternidade, à família e ao matrimônio, quando, em sua própria casa, é obrigada a esquecer os Mandamentos da Lei de Deus para submeter-se à arbitrariedade do homem. Os abusos masculinos, como bem denunciou São João Paulo II, "humilham a mulher e inibem o desenvolvimento de relações familiares sadias" [1].

Existe uma guerra contra a virilidade. O machismo nada mais é que uma deformação da identidade masculina, cuja origem se encontra precisamente na queda do primeiro homem. Lemos no relato de Gênesis sobre uma das consequências do pecado original: "Sentir-te-ás atraída para o teu marido, e ele te dominará" (Gn 3, 16). "Este domínio", conforme explica São João Paulo II, "indica a perturbação e a perda da estabilidade e da igualdade fundamental" entre o homem e a mulher [2]. O cristianismo jamais foi conivente com essa injusta desigualdade. Ao contrário, assim como existe a pregação do apóstolo sobre a submissão das mulheres aos seus maridos, existe também a exortação para que os maridos morram por suas mulheres, como Cristo morreu pela Igreja (cf. Ef 5, 25). Nada é mais urgente que recuperar o sentido dessa pregação. Dar novo vigor a esse ensinamento da Igreja faz-se imprescindível para anular os efeitos de certas ideologias que visam cancelar a complementariedade dos sexos [3].

Com efeito, na luta contra o machismo, deve-se repudiar com vigor toda forma de emasculação, isto é, a tendência a negar a virilidade, como se a solução do problema fosse transformar o homem numa mulher. Infelizmente, os homens têm se tornado cada vez mais femininos, ora pelas roupas que vestem, ora pelas músicas que ouvem ou outras modas despropositadas. Prestem atenção: a masculinidade não é o problema. Trata-se simplesmente de direcioná-la para o exercício da vocação própria do homem. E essa vocação tem nome. Chama-se paternidade. Todo homem, seja celibatário seja casado, é chamado à paternidade. Os celibatários, no pastoreio das ovelhas de Cristo; os casados, no zelo pela esposa e pelos filhos. Na vida matrimonial, mais especificamente, "o amor à esposa tornada mãe e o amor aos filhos são para o homem o caminho natural para a compreensão e realização da paternidade" [4].

A presença do pai na família é essencial. Conforme explica Padre Paulo Ricardo neste vídeo, o pai é aquele que exerce a função de estabelecer justos limites e conduzir os filhos para o desenvolvimento de suas próprias vocações e anseios. Aliás, a figura masculina, quando alicerçada pela oração, garante a segurança do lar e dá à mulher a força para educar as crianças, mesmo diante dos grandes desafios. Pais santos geram famílias santas. Basta pensar nos exemplos de Santa Teresinha e de São João Paulo II. Ambos foram formados em lares em que a figura paterna se sobressaía pela vida interior, pela caridade fraterna como pelo zelo evangélico. O pai de Santa Teresinha, sobretudo — o senhor Louis Martin, cuja canonização sua e de sua mulher, Maria Zélia Guérin, foi aprovada recentemente pelo Papa Francisco para o próximo mês de outubro —, aparece como um verdadeiro modelo de masculinidade orientada para a vocação divina. Exerceu deveras a paternidade sem precisar flertar com um falso estereótipo — em que pese a ausência de sua esposa, devido ao falecimento.

A presença dos pais para os filhos torna-se ainda mais importante, em face das grandes transformações vividas pelos meninos durante a puberdade. Não há como negar que "a ausência do pai provoca desequilíbrios psicológicos e morais e dificuldades notáveis nas relações familiares" [5]. A experiência tem mostrado isso de maneira incontestável. O menino necessita de uma referência masculina para saber lidar com sua sexualidade e, por conseguinte, manter-se longe das ofertas fáceis da pornografia e da masturbação. Recentemente, o jornalista americano Michael Voris publicou dois interessantes vídeos (que podem ser vistos aqui e aqui) sobre a importância do pai no desenvolvimento do filho. Voris salienta que o menino necessita sentir-se amado pelo pai e livre para poder perguntar sobre determinados assuntos que provavelmente ele não se sentiria confortável para falar com a mãe: "Seu filho deve sentir-se livre para chegar em você e falar sobre assuntos sexuais assim como ele se sente livre para falar com você sobre esportes, ou hobbies, ou trabalhos escolares, ou seu futuro". Nesta atmosfera de confiança, marcada pela adequada discrição no vocabulário, o pai poderá transmitir ao filho os valores do sacrifício, do devido respeito às mulheres, da pureza e da busca pela santidade.

A verdadeira masculinidade precisa ser redescoberta como um valor inegociável da identidade do homem. Não se pode mais compactuar com o machismo nem com o feminismo. Que as mulheres sejam mulheres e que os homens sejam homens. Assim é que está escrito na lei natural, assim é que deve ser.

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