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LiteraturaVirgem Maria
Poema em louvor da Natividade de Maria
“Todos para ti se voltam, os povos buscam teu rosto, ó flor nascida em setembro e ressurgida em agosto. Os anjos que te colheram levaram-te em tuas mãos com os dedos e as almas trêmulas, tamanha a tua beleza!”
Dom Marcos Barbosa, OSB
8.Set.2023Tempo de leitura: 2 minutos
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Este poema de Dom Marcos Barbosa “Em louvor da Natividade” é de 1963 e consta em sua obra “Poemas do Reino de Deus”. É dedicado a Nossa Senhora, por ocasião de seu nascimento neste mundo, festa que a Igreja comemora a 8 de setembro — nove meses depois da Imaculada Conceição. (Do mesmo autor, e honrando o mesmo evento, já publicamos aqui “Pelos dias dos teus anos”.)
Dom Marcos é natural de Cristina (MG), foi monge beneditino (daí o “dom” que lhe precede o nome), esteve diretamente envolvido na tradução brasileira do Ofício Divino, tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras em 1980 e faleceu em 1997. Sua poesia era apreciada por nomes como Gustavo Corção e Cecília Meireles.
Para facilitar a compreensão de alguns termos do poema, enriquecemo-lo de notas, as quais se encontram logo abaixo do texto em verso.
Em louvor da Natividade
Nossa Senhora menina nasceu de Ana e Joaquim, do beijo que ambos trocaram em frente à Porta Dourada [i].
Giotto conta em quadrinhos essa história comovente [ii], e a lenda vira verdade pelos séculos afora.
Nos velhos corpos estéreis passa de repente um frêmito e brota a rosa menina do negro tronco rugoso.
Branca de Neve, que outra terá sido assim tão branca, e qual terá despertado ao beijo de maior Príncipe?
A obscura Cinderela, nascida sem ruga e mancha, com seu pé tão pequenino esmaga a cruel serpente.
Maria-não-vai-com-as-outras, após João vai marcando com o pão descido do céu a estrada que leva ao Pai [iii].
Ó Raquel, Ester, Judite [iv], o velo de Gedeão [v], todo orvalhado de graça, enxuto de toda culpa!
Todos para ti se voltam, os povos buscam teu rosto, ó flor nascida em setembro e ressurgida em agosto [vi].
Os anjos que te colheram [vii] levaram-te em tuas mãos com os dedos e as almas trêmulas, tamanha a tua beleza!
Salve, arca da Aliança [viii], salve, esposa dos Cantares [ix], poeta do Magnificat, ave da Ave-Maria!
O sol te serve de túnica, doze estrelas te coroam [x], o rosário é teu roteiro, o arco-íris é tua porta [xi].
Maria, escrava nascida na humilde terra dos homens, toma posse da coroa, preparada antes da aurora.
De ti nos falam as fontes, os jardins são tua imagem, as nuvens são o teu trono, a lua teu escabelo.
Salve Rainha, escrava de Deus e de todos nós [xii], mãe dos homens, mãe da Igreja, mãe do Cristo, minha mãe!
Mãe nossa, que estás no céu, mas que sempre nos visitas, aparecendo entre as águas ou na fenda dos rochedos [xiii]…
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