Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 11, 27-28)
Naquele tempo, enquanto Jesus falava, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e lhe disse: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”. Jesus respondeu: “Muito mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”.
Hoje, vemos um Evangelho propício para refletirmos a respeito da Bem-aventurada Virgem Maria, pelo fato de que todo sábado é consagrado a ela. Uma mulher no meio da multidão a elogia, por ter sido o ventre que trouxe Cristo ao mundo e o seio que o amamentou. Então, Jesus responde: “Muito mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28), recordando assim qual é a verdadeira felicidade de Maria: o fato de ter acreditado na Palavra de Deus.
Alguns vão dizer: “Isso é um exagero! Os protestantes, por exemplo, não interpretam desse modo: eles acham que Jesus está simplesmente dizendo que Maria é uma mulher como outra qualquer”. Será mesmo que isso é verdade? Analisemos o contexto deste Evangelho.
Se formos olhar para os primeiros capítulos do Evangelho de Lucas, eles estão cheios de elogios à Maria. Primeiro, o anjo Gabriel aparece a ela dizendo: “Alegra-te, cheia de graça” (Lc 1, 28); depois, Santa Isabel exclama ao vê-la: “Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1, 42), e, no próprio hino do Magnificat, Nossa Senhora admite: “O Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1, 49). E é exatamente no momento de sua visita à Isabel que vemos um paralelo com o Evangelho de hoje, pois a frase de Jesus é muito parecida com a de Isabel: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque há de se realizar aquilo que o Senhor profetizou” (Lc 1, 45). Assim, percebemos que, na realidade, Nosso Senhor estava elogiando a sua Mãe bendita. Eis o motivo pelo qual a chamamos de Bem-aventurada!
Recordemos um outro fato: o sábado é dedicado à Virgem Maria porque ele antecede o domingo, que é o dia do Senhor, e Maria é a “Estrela d’alva”, que anuncia o grande Sol da manhã. Mas existe um motivo mais importante para ela ter um dia consagrado para si. Na Sexta-feira Santa, a Igreja, como um todo, pareceu ter fracassado. Quando a pedra foi posta sobre o túmulo de Cristo, a fé desapareceu da face da terra, inclusive a de São João e das santas mulheres que estavam junto à Cruz. Tanto que, no domingo de manhã, todos eles correram ao sepulcro para procurar Jesus entre os mortos, porque não haviam acreditado na Ressurreição de Nosso Senhor.
Contudo, a fé prevaleceu apenas em um coração: o da Virgem Santíssima. Não é impressionante que Maria, a Mãe de Nosso Senhor, não tenha corrido ao túmulo no domingo de manhã? Por que ela, como mãe pressurosa, não fez isso? No filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, no caminho do Calvário, a Virgem é retratada correndo para acudir seu Filho, que tomba debaixo do peso da Cruz. Logo, não seria natural que, no domingo de manhã, ela, cheia de zelo, de afeto e de amor, corresse às pressas para o túmulo de Jesus? No entanto, Nossa Senhora não correu, porque a fé resistiu em sua alma, e ela sabia que Cristo não estava mais lá.
Por isso, com toda a certeza, podemos dizer que, no Sábado Santo, a Igreja “reductio in Mariam”, foi reduzida a Maria. Peçamos, pois, à Bem-aventurada Virgem Santíssima que nos ensine o caminho para crescer na fé e robustecê-la, para que um dia, no Céu, possamos ser também chamados de bem-aventurados.




























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