Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 7, 7-12)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a porta vos será aberta! Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate a porta será aberta.
Quem de vós dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão? Ou lhe dá uma cobra, quando ele pede um peixe? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem! Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas".
"Pedi e vos será dado", garante-nos Jesus no Evangelho desta quinta-feira. E, como mestre bom e sábio, dá em seguida o motivo por que devemos estar seguros de que, se procuramos, com certeza acharemos: "Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem". A razão de nossa firme esperança na eficácia da oração reside, portanto, na confiança em Deus, infinitamente bom e fidelíssimo às suas promessas. No entanto, para que nossas súplicas se revistam desta infalibilidade (cf. Mt 21, 22) que o Senhor hoje nos afiança, precisamos cumprir três requisitos básicos [1]. Antes de tudo, temos de orar por e para nós mesmos, pois "a concessão de uma graça divina exige sempre um sujeito disposto" [2] a recebê-la, o que pode às vezes não suceder com aquele por quem intercedemos junto a Deus; ora, quem pede algo para si já mostra, por isso mesmo, estar aberto à graça que deseja e, portanto, se dispõe a ser ouvido.
Em segundo lugar, temos de pedir, não qualquer coisa — como riquezas e sucessos materiais —, mas o que "de alguma maneira seja necessário ou conveniente para a nossa salvação" [3]: graças atuais eficazes, o dom da perseverança final e, de modo bastante insistente, o crescimento em nós das virtudes teologais infusas. Pedir mais fé, nesse sentido, deve ser uma constante em nossa vida de oração, uma verdadeira e santa obsessão, pois o Senhor jamais negaria aos que lho podem de coração sincero aquilo sem o qual é impossível agradá-lO (cf. Hb 11, 6). Por fim, nossa oração precisa brotar de uma alma humilde (cf. Tg 4, 6), confiante (cf. Tg 1, 6) e, sobretudo, perseverante, a exemplo do amigo inoportuno (cf. Lc 11, 5-12), da viuvinha persistente (Lc 18, 1-5), da cananéia confiada (Mt 15, 21-28) e, enfim, do próprio Cristo, que, angustiado no Horto das Oliveiras, "orava ainda com mais instância" (Lc 22, 44).
Aproveitemos este tempo de Quaresma para, perseverantes no exercício da oração tanto vocal quanto mental, nos unirmos a Cristo no deserto do silêncio, na mortificação da carne e no amor confiado ao Pai providentíssimo, no qual há de estar apoiada, como em uma rocha inabalável, toda nossa confiança, pois "em tudo quanto Lhe pedirmos, se for conforme à sua vontade, Ele nos atenderá. E se sabemos que Ele nos atende em tudo quanto lhe pedirmos, sabemos daí que já recebemos o que pedimos" (1Jo 5, 14).
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