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Texto do episódio
559

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 6, 6-11)

Aconteceu num dia de sábado que Jesus entrou na sinagoga, e começou a ensinar. Aí havia um homem cuja mão direita era seca. Os mestres da Lei e os fariseus o observavam, para verem se Jesus iria curá-lo em dia de sábado, e assim encontrarem motivo para acusá-lo. Jesus, porém, conhecendo seus pensamentos, disse ao homem da mão seca: “Levanta-te, e fica aqui no meio”. Ele se levantou, e ficou de pé. Disse-lhes Jesus: “Eu vos pergunto: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?” Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor, e disse ao homem: “Estende a tua mão.” O homem assim o fez e sua mão ficou curada. Eles ficaram com muita raiva, e começaram a discutir entre si sobre o que poderiam fazer contra Jesus.

Hoje, Jesus cura o homem da mão seca em um dia de sábado. No sentido literal deste Evangelho, trata-se de um conflito onde Jesus está mostrando claramente para os fariseus e os escribas que Ele é alguém muito mais importante que Moisés, porque se declara Senhor do sábado. Já no sentido espiritual, Jesus nos mostra a incapacidade do ser humano de realizar o bem.

Esse é o significado da mão seca, que simboliza a nossa incapacidade de amar e realizar boas obras sem o auxílio da graça de Deus. Nesse contexto, percebemos que todo o sistema do Antigo Testamento se demonstrou extremamente caduco e ineficaz. Ora, Deus tinha dado uma Lei ao seu povo, esperando que este correspondesse com amor e obras de justiça. Afinal, o resumo dos Mandamentos e das leis do Antigo Testamento era exatamente este: “Amar a Deus de todo coração e amar o próximo como a si mesmo”. No entanto, as pessoas honravam ao Senhor somente com os lábios, e não com o coração. 

Essa realidade é representada no Evangelho pelos doutores da Lei e pelos fariseus, ou seja, aqueles que eram chamados a amar mas que apenas observavam as leis exteriormente, sem servir a Deus de coração, e, portanto, não realizavam verdadeiras obras de justiça. O ato de cessar o trabalho no sábado, por exemplo, tornou-se uma espécie de doença, pois o povo não manifestava amor a Deus. E essa é a grande impotência do ser humano: ele, por si mesmo, não é capaz de amar. 

Todo esse drama está representado no homem da mão seca, que não é capaz de realizar a obra do amor, a única que realmente importa. Existe uma corrente teológica ligada ao luteranismo, a qual diz que nós não somos capazes de realizar boas obras e que, portanto, seremos salvos apenas pela fé. Que triste essa teologia, que acredita que devemos nos resignar, pois é impossível amarmos! Segundo ela, estamos condenados ao egoísmo! 

Nós, católicos, nunca aceitaremos essa teologia, porque sempre iremos crer na santidade. Por isso, reconheçamos nossa impotência e incapacidade de amar, dizendo humildemente: “Senhor, sou um homem de mão seca, um coração de pedra que não é capaz de vos amar. Entretanto, Vós tudo podeis, e, mesmo quando cessarem todas as boas obras, o vosso amor não cessará jamais. Por isso, Senhor, realizai hoje o prodígio de fazer com que este miserável egoísta que sou seja capaz de vos amar verdadeiramente, para assim realizar obras de justiça e santidade”.

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