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Como a graça de Deus opera?

A graça divina opera na vida da Igreja e na de todos os fiéis como uma semente que desabrocha e o fermento que faz crescer a massa. É preciso saber esperar e deixar essa força oculta de Deus transformar-nos dia após dia.

Texto do episódio
964

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 13, 18-21)

Naquele tempo, Jesus dizia: “A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? Ele é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore, e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”. Jesus disse ainda: “Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus? Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”.

No Evangelho de hoje, Jesus conta duas parábolas sobre a força interna da graça divina: a da semente de mostarda e a do fermento na massa. São, em outras palavras, histórias sobre a dinâmica do Evangelho. Na primeira, Jesus usa de uma hipérbole. Uma semente de mostarda torna-se uma grande árvore. Ora, todo mundo sabe que o grão de mostarda não cresce em árvore, mas, quando muito, em arbusto.

No entanto, a imagem aponta para uma realidade presente já no Antigo Testamento, no Livro de Ezequiel: um galho arrancado da árvore é plantado no Monte de Sião e torna-se uma árvore frondosa, espalhando os ramos até o mar e servindo de abrigo em que os pássaros possam fazer ninho. Assim é a grandeza da Igreja, nascida da força do Evangelho, e é Jesus quem a “planta” para que cresça sempre mais. Mesmo que passe por tribulações e pareça às vezes sem raízes firmes, o Livro do Apocalipse garante que o destino da Igreja é exuberante: passadas as aflições, perseguições e martírios, ela triunfará no último dia ao som do aleluia final que as almas entoarão ao Cordeiro.

Além de fazer parte da árvore, é necessário também receber o fermento que leveda a massa, ou seja, transformar-se interiormente. Com efeito, não se deve pôr no forno a massa que acabou de receber fermento. É preciso deixá-la crescer. Eis o que Jesus quer nos ensinar com a segunda parábola: devemos ser perseverantes na oração e esperar pacientemente que ela mude nossa vida. Quando recebemos a Eucaristia, por exemplo, não sentimos efeitos imediatos; mas se continuarmos rezando todos os dias e comungando com devoção crescente, iremos notar as mudanças que só a graça de Deus pode operar em nós. 

Eis, nessas duas parábolas, a dinâmica do Evangelho, que nos cura de nossa astenia, de nossas fraquezas, pois é a força de Deus para aquele que crê. Peçamos a Deus, tão indulgente e amoroso, que aumente dia após dia a nossa fé, ainda que seja pequena e frágil.

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