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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 12, 35-37)

Naquele tempo, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Como é que os mestres da Lei dizem que o Messias é Filho de Davi? O próprio Davi, movido pelo Espírito Santo, falou: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos debaixo dos teus pés’. Portanto, o próprio Davi chama o Messias de Senhor. Como é que ele pode então ser seu filho?” E uma grande multidão o escutava com prazer.

Com alegria celebramos hoje a primeira sexta-feira de junho. Embora não seja ainda festa do Sagrado Coração de Jesus, é a primeira sexta-feira do mês dedicado a ele. Por isso, é muito importante dar-se conta do que é a devoção ao Sagrado Coração. Em primeiro lugar, é preciso entender o que está por trás das figuras de linguagem. Quando se fala de Sagrado Coração, fala-se, antes de tudo, da alma de Jesus, aquele “lugar” na humanidade de Cristo de onde procede o amor. Deus é amor, mas Ele se fez homem, criando para si uma natureza humana. Deus fez para si corpo e alma. A partir da Encarnação, Deus começou a nos amar com uma alma e vontade humanas, nas quais havia uma graça extraordinária de amor. Sim, Deus em si mesmo é amor e nos ama infinitamente, mas quis usar como instrumento próprio a alma de Jesus para nos amar. Quando, portanto, se fala do Sagrado Coração, ou seja, do amor de Deus encarnado por nós, fala-se da alma de Cristo.

Ora, é evidente que em nós, seres humanos, a capacidade de amar é representada por um órgão corporal. De fato, a sede do amor é a alma, mas todo o mundo — e isso é um símbolo da cultura universal —, quando fala de amor, fala de coração. Por quê? Porque sempre se observou que, quando alguém tem sobressaltos de amor, o coração também se altera, palpitando, batendo mais forte. O coração é símbolo natural do amor. Além disso, é um órgão sem o qual é impossível viver. Pode-se viver sem pés nem braços, mas sem coração ninguém vive. Por isso o coração é símbolo do centro da alma. Também Deus quis ter um coração humano para que, do centro da alma de Cristo, Ele pudesse nos amar. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus, portanto, não é própria de algumas agremiações católicas, de alguma espiritualidade como a do Apostolado da Oração ou das Visitandinas, por exemplo.

Não, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é verdadeiramente católica, ou seja, universal. É para todos. Por quê? Porque Deus, querendo nos amar de forma que tivéssemos experiência concreta de sua caridade, se fez homem para nos amar com um coração humano. De fato, nós temos uma dificuldade enorme, sobretudo depois do pecado original, de entender que Deus, infinito e perfeitíssimo, nos ama… Afinal, é mais fácil ver que outro homem como nós nos ama. Então, Deus se fez homem para que, com a ternura de um amor humano, nos convencêssemos do seu amor. Pelo Coração de Jesus, passamos a enxergar o amor de Deus. Assim, quando vemos Jesus enternecido pelas crianças, dizendo: “Deixai vir a mim as criancinhas”, vemos como é terno e meigo o amor de Deus! Quando Jesus abre os braços e diz: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração”, vemos naquele Coração humano, naquela mansidão e naquela humildade, um reflexo do coração de Deus! Quando Jesus olha para o povo e se comove interiormente, “porque eram como ovelhas sem pastor”, vemos como Deus se preocupa conosco e vela por nós! Quando Jesus chora diante do túmulo de Lázaro, vemos o coração de Deus, que não se contenta com a morte do homem, mas quer que ele viva! Quando vemos o Coração de Jesus transpassado pela lança no Calvário, pregado na cruz, vemos que Deus se deixa ferir pelos nossos pecados porque Ele muito nos ama!

É nisso que consiste a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, a qual deve marcar não só todo o mês de junho, mas toda a devoção cristã, toda a nossa vida. E o que, concretamente, essa devoção pede de nós? Quando apareceu a Santa Margarida Maria de Alacoque, Jesus lhe disse que o seu Coração sofria por causa das ingratidões e indiferenças dos homens. O Amor quer ser amado, mas nós o tratamos com indiferença e esquecimento! Foi esse esquecimento no qual vivemos que levou São Francisco, nos seus últimos dias de vida, a chorar amargamente, lamentando-se repetidamente: “O Amor não é amado! O Amor não é amado!” Olhando para o Coração de Jesus, esse amor divino e humano com o qual somos amados, devemos reagir com penitência por nossa ingratidão e indiferença e, ao mesmo tempo, com gratidão, com amor, com dedicação, com entrega, com devoção.

Devoção quer dizer estar pronto para mudar de vontade para fazer a de Deus e adequar o próprio coração ao de Cristo. Peçamos a Jesus durante este mês de junho um transplante de coração. Que Jesus retire nosso coração de pedra e nos dê outro novo, mais semelhante ao seu, um coração manso, um coração humilde. Dóceis a Deus, que queiramos cada vez mais fazer em tudo a vontade dele, não só seguindo os Mandamentos, mas abraçando os pequenos acontecimentos da vida, renunciando a nossas vontades, caprichos e veleidades, santificando-nos e configurando nosso coração a esse Coração santo que quer reinar em nós.

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