Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 15, 9-11)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”.
Estamos comentando o centro da mensagem de Fátima. Falamos do milagre do Sol, que atesta a credibilidade das aparições, e recordamos a centralidade eucarística da mensagem: Jesus está realmente na Eucaristia. Muita gente não se recorda disso, mas é algo posto desde o início, já nas aparições do anjo de portugal, do anjo da paz, que nos ensina a amar a Deus e a adorá-lo em verdade. Na primeira aparição de Nossa Senhora, no dia 13 de maio de 1917, a mensagem dada aos meninos é muito simples. Maria diz vir do céu e quer que os três voltem ao mesmo lugar durante seis meses, todo dia 13, à mesma hora. Marcado o encontro, ela faz uma pergunta: “Quereis oferecer-vos a Deus?” Aqui está outro núcleo importantíssimo da mensagem de Fátima. É o fato de que Nossa Senhora quer que nós participemos do amor de Deus. Jesus veio a esse mundo e ofereceu-se por nós. Na Eucaristia, o seu corpo é o corpo dado, o seu sangue é sangue derramado. Foi para isso que o anjo veio preparar o coração dos meninos. Ora, tudo isso é uma proposta de Deus, que espera, por sua vez, uma resposta do homem. Mas qual é, geralmente, a nossa resposta? Aqui vem o problema. É o pecado, a ofensa, a indiferença… Esse é o nosso drama, o drama da história da salvação. O Deus de amor se importa conosco, vem a esse mundo para nos salvar. Ele nos convida a estarmos consigo no céu, a sermos felizes eternamente. Nossa Senhora veio do céu para nos lembrar isso: “Eu vim do céu. Não tenhais medo, não vos faço mal”. Mas a Deus, que nos fez essa proposta de amor, chamando-nos à felicidade de o amar para sempre, adorando o Pai, o Filho e o Espírito Santo, o que responde a humanidade? Responde com indiferença, com pecado, com egoísmo, com esquecimento de Deus… Para reverter a situação, Nossa Senhora diz: “Vede o mal que há no mundo, a desgraça, o império de Satanás”. É evidente que nossa primeira reação diante da maldade, da cultura da morte, do império infernal que reina no mundo, é o desalento, a entrega. “O que eu posso fazer? São males tão grandes!” Pensemos, por exemplo, nas crianças, em 1917. O que a Europa estava vivendo? A I Grande Guerra, a maior que a humanidade jamais vivera. O morticínio da I Guerra foi tremendo. O que pobres pastorinhos, crianças de 10, 9 e 7 anos de idade, poderiam fazer para se opor a tanta maldade? Nossa Senhora vem dar-nos uma boa notícia: nós podemos, sim, fazer alguma coisa! Nós podemos fazer alguma coisa amando a Deus de volta! Maria quer-nos dar a graça de fazer alguma coisa diante dos males do mundo. “Quereis oferecer-vos a Deus?” Eis a maravilha da mensagem de Fátima! Eis a transcendência da mensagem de Fátima: diante do mal que impera, nós, fracos que somos, pequeninos embora, podemos fazer algo. O que nós podemos fazer? Com boa vontade, oferecer-nos a Deus. E a finalidade desse oferecimento, diz Nossa Senhora que são duas coisas. Primeiro: se Deus é ofendido com os pecados, se Deus nos ama, mas recebe em resposta indiferença, blasfêmia, insulto, ódio, então é preciso reparar, isto é, amá-lo de volta. É como quando um filho ofende a mãe. Imaginemos que um filho cuspa no rosto da mãe, num acesso de raiva e ódio. Então, o irmão, que vê a mãe ofendida, pega um lenço, enxuga-lhe o rosto, beija-o e diz à mãe: “Ó mamãe! Não ligue, não. Perdoe o fulano. Ele estava com raiva, mas ele não é assim, não. Nós amamos você”. O que é isso? É um ato de reparação, é amar a quem nos amou, mas foi ofendido. Aqui está a beleza da mensagem de Fátima. Nós podemos reparar as ofensas enormes que a humanidade faz a Deus. Além disso — segunda coisa —, podemos salvar os pecadores, ou seja, o mesmo filho que cuspiu no rosto da mãe. Podemos oferecer-nos a Deus em ato de reparação pelos pecados, mas também em ato de súplica pela conversão dos pecadores. Ouçamos tudo o que Nossa Senhora disse aos pastorinhos na primeira aparição: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?”, e os meninos generosamente respondem: “Sim, queremos”. Nossa Senhora acrescenta: “Ide, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será vosso conforto”. Nesse momento, Maria abre os braços e dá a graça aos pastorinhos. Maria não se limita a prometer, ela faz, ela dá a graça. Abrindo as mãos, comunicou uma luz muito intensa, da qual disse Lúcia: “Fazendo-nos ver nós mesmos em Deus, que era essa luz”. Deus é essa luz! Maravilha, maravilha! É Deus mesmo quem nos dá a graça, o amor com que Ele quer ser amado. Há quem não entenda a mensagem de Fátima, dizendo: “Fátima fala de um Deus sanguinário, que fica ofendido com qualquer coisinha…”. Isso é uma perversão demoníaca. Quem diz isso de Fátima ou não sabe do que fala, ou está muito mal intencionado. Pensar assim é uma perversão do demônio. Fátima não é nada disso. Fátima é amor. Deus quer ser amado, e nós, diante do egoísmo do mundo, o que devemos fazer é reparar as ofensas a Deus — caridade para com Deus —, mas sem desprezar os pecadores — oferecer-nos em sacrifício —, a fim de que se convertam. É uma mensagem de amor: o amor do céu veio visitar-nos, Nossa Senhora. Qual há de ser nossa resposta? Amar a Deus de volta, reparando as ofensas, e amar os irmãos, oferecendo-nos por sua conversão
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