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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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As várias cores litúrgicas servem para "exprimir externamente de modo mais eficaz, por um lado, o caráter peculiar dos mistérios da fé que se celebram e, por outro, sentido progressivo da vida cristã ao longo do ano litúrgico", é o que nos ensina a Instrução Geral do Missal Romano, promulgada pelo bem-aventurado João Paulo II, em seu número 345.

Apesar de ser algo que quase não se vê, é permitido o uso da cor preta como cor litúrgica. É a cor para os Ofícios e Missas de defuntos. A mesma instrução no número seguinte diz que:

"346. Quanto à cor das vestes sagradas, mantenha-se o uso tradicional, isto é:
a) Usa-se a cor branca nos Ofícios e Missas do Tempo Pascal e do Natal do Senhor. Além disso: nas celebrações do Senhor, exceto as da Paixão, nas celebrações da bem-aventurada Virgem Maria, dos Anjos, dos Santos não Mártires, nas solenidades de Todos os Santos (1 de Novembro), de S. João Batista (24 de Junho), nas festas de S. João Evangelista (27 de Dezembro), da Cadeira de S. Pedro (22 de Fevereiro) e da Conversão de S. Paulo (25 de Janeiro).
b) Usa-se a cor vermelha no Domingo da Paixão (ou de Ramos) e na Sexta-Feira da Semana Santa, no Domingo do Pentecostes, nas celebrações da Paixão do Senhor, nas festas natalícias dos Apóstolos e Evangelistas e nas celebrações dos Santos Mártires.
c) Usa-se a cor verde nos Ofícios e Missas do Tempo Comum.
d) Usa-se a cor roxa no Tempo do Advento e da Quaresma. Pode usar-se também nos Ofícios e Missas de defuntos.
e) A cor preta pode ser usada, onde for costume, nas Missas de defuntos.
f) A cor de rosa pode ser usada, onde for costume, nos Domingos Gaudete (III do Advento) e Laetare (IV da Quaresma).
As Conferências Episcopais podem, no que respeita às cores litúrgicas, determinar e propor à Sé Apostólica as adaptações que entenderem mais conformes com as necessidades e a mentalidade dos povos."

Ora, diante da clareza dessa instrução, por que não se vê a cor preta nas celebrações? Por causa do possibilidade que se enxerga na letra "d", quando se lê: "usa-se a cor roxa no Tempo do Advento e da Quaresma. Pode usar-se também nos Ofícios e Missas de defuntos." Aliado a essa abertura da legislação, está o fato de que a cor preta, durante um certo tempo, principalmente nos anos 60, 70, foi vista como "negativa", o que já não ocorre nos tempos atuais. Foi uma moda que passou.

O uso tradicional das cores litúrgicas é muito bem vindo atualmente. Os fiéis recebem e entendem a cor preta nas celebrações em que são permitidas pela legislação. O que ocorre agora é que os padres têm um certo "preconceito".

A legislação quanto ao uso da cor preta diz: "A cor preta pode usar-se, onde for costume, nas Missas de defuntos." Mesmo antes da reforma litúrgica promovida por Paulo VI havia uma concessão quanto à utilização dessa cor, uma vez alguns países tradicionalmente não adotam a cor preta como sendo a que representa o luto. O Japão, é o mais emblemático, pois tem como cor do luto justamente o BRANCO.

O costume brasileiro é que o preto é a cor do luto, dos defuntos, assim, o mais correto é que a legislação vigente seja aplicada. Mas, o que é a Missa de defuntos e o que ela significa para a prática das vivências cristãs? O Catecismo da Igreja Católica ensina que:

"A Igreja que, como mãe, trouxe sacramentalmente em seu seio o cristão durante sua peregrinação terrena, acompanha-o, ao final de sua caminhada, para entregá-lo 'às mãos do Pai'. Ela oferece ao Pai, em Cristo, o filho de sua graça e deposita na terra, na esperança, o germe do corpo que ressuscitará na glória. Esta oferenda é plenamente celebrada pelo Sacrifício Eucarístico. As bençãos que a precedem e a seguem são sacramentais.
Os funerais cristãos são uma celebração litúrgica da Igreja. O ministério da Igreja tem em vista aqui tanto exprimir a comunhão eficaz com o defunto como fazer a comunidade reunida participar das exéquias e lhe anunciar a vida eterna." (CIC 1683-1684)

A ausência dessas celebrações nas comunidades só encontra resposta na carência de sacerdotes, de vocações sacerdotais, o que acaba por sobrecarregar os párocos e vigários na ativa.

As intenções pelos defuntos são colocadas com todas as outras nas missas. Não há uma mudança de rito e, consequentemente, nem dos paramentos. O que se vê, então, são missas pela alma de alguém ou mesmo de Sétimo Dia, juntamente com missa em ação de graças pelos 50 anos de casamento, ou pelo nascimento de outrem. Isso só se compreende pela falta de sacerdotes nas paróquias.

Ainda assim, seria apropriado retomar a tradição em marcar missas específicas para recordar os fiéis defuntos, sugerindo-se a segunda feira, pois é o dia em que tradicionalmente a Igreja já reza pelo sufrágio dos defuntos. Nestas missas usariam-se os paramentos pretos e os formulários próprios para a recordação e o sufrágio das pessoas falecidas.

Não se trata somente de um costume a ser recuperado. É muito mais que isso, trata-se de uma realidade espiritual. É preciso rezar pelos fiéis defuntos e é preciso também sensibilizar os paroquianos para que rezem pelas pessoas falecidas.

A realidade do Purgatório e da necessidade de sufragar as almas que lá se encontram vem sendo deixada de lado, primeiramente nos seminários e depois, consequentemente, nas paróquias.

Infelizmente, o purgatório está sendo tratado como uma invenção medieval e suas respectivas práticas são tidas como obsoletas, porque agora o que se se celebra é 'a ressurreição que já aconteceu em algum lugar', dizem os adeptos dessa nova teoria. Desnecessário dizer que esta não é a fé da Igreja de dois mil anos, nem a fé do Catecismo, o qual, por sinal, é bem claro ao dizer:

"Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.
(...) Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, especialmente o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas e as obras de penitência em favor dos defuntos: Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai, por que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles." (CIC 1030 e 1032)

Portanto, esta é a fé da Igreja. O Papa Bento XVI afirma na sua carta Encíclica Spe Salvi que o purgatório é uma grande esperança para os homens. Aqueles que morrerem na graça e em amizade com Deus certamente irão para o Purgatório, onde serão purificados de suas culpas para "obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu", conforme nos ensinou o Catecismo.

Ora, crer no Purgatório é praticar também os atos que lhe são indicados. Dar esmolas, fazer obras de penitência e colocar intenções na Santa Missa. Isso tudo já se faz, mas, seria muito oportuno e pedagógico que os pastores da Igreja dedicassem alguns dias do mês ou da semana para o sufrágio das almas, ainda que coletivamente. Isto serviria para sensibilizar as pessoas e alertá-las para esta missão de caridade que é rezar pelos fieis defuntos.

Uma missa especial, com os paramentos pretos e os formulários adequados contribuiria e, muito, para que se aumentasse, entre os fiéis, a espiritualidade católica.

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