Neste episódio do programa “A Resposta Católica”, vamos falar sobre o verdadeiro significado da Quaresma. A Igreja possui uma longa pedagogia e convida-nos, todos os anos, a imitar Nosso Senhor. Como lemos nos Evangelhos, Cristo foi para o deserto onde viveu quarenta dias de jejum e, ao ser tentado, santificou a nossa Quaresma. Mas o quê, afinal, isso significa? Qual é o referente disso na realidade? É o que responderemos agora.
De fato, a nossa vida é como a jornada do povo de Israel no deserto. Após sair do Egito, que representa o pecado e a escravidão, o povo atravessa o Mar Vermelho, representando as águas do Batismo. Mas antes de chegar à Terra Prometida — o Céu ou a santidade —, é necessário passar pelos “quarenta anos de deserto”, um período de purificação. Nesse processo, os “rebeldes” dentro de nós, como as paixões desordenadas, influências negativas e tentações externas, precisam morrer para que possamos alcançar a renovação e a verdadeira liberdade.
Esse percurso constitui, portanto, um verdadeiro deserto, isto é, uma luta árdua. Como diz o livro de Jó: “É uma luta a vida do homem sobre a Terra” (Jó 7, 1). Então, na Quaresma, nós vivemos a dinâmica de um exercício compacto, por assim dizer, de uma escola que nos ensina a viver intensivamente aquilo que teremos de fazer a vida inteira.
A Igreja, digamos assim, oferece anualmente um “curso intensivo” de quarenta dias para nos ajudar a retomar nossa missão principal: aprender a amar Jesus. No entanto, somos constantemente atraídos pelo egoísmo, seja ele proveniente de nossas paixões desordenadas, do mundo ou de Satanás. Essa luta contra o egoísmo é representada pelos quarenta dias de Jesus no deserto, antes de iniciar seu ministério e começar a pregar o Evangelho. Nesse período, Ele vivenciou compactamente o que o povo de Deus enfrentou nos quarenta anos no deserto, onde também houve tentações e vários desafios. O simbolismo é belíssimo, mas a verdade é que, ao vencer Satanás no deserto, Jesus estava conquistando a vitória para nós.
A vida humana é uma luta contra o inimigo das nossas almas. E assim como os soldados treinam para a guerra, nós também começamos um exercício espiritual todos os anos. Por isso, o inimigo tenta nos convencer de que a Quaresma não é necessária, sugerindo que Deus, sendo o Deus da vida, não quer sacrifícios, mas apenas coisas agradáveis. Porém, precisamos resistir a essa tentação e encarar a Quaresma como um verdadeiro exercício de guerra espiritual.
Por esse motivo, a Igreja, em sua sabedoria, oferece-nos sacramentais, como as cinzas recebidas, todos os anos, na Quarta-feira de Cinzas. Elas simbolizam uma espécie de exorcismo, declarando guerra aos inimigos da alma e recebendo de Deus a graça de combatê-los. Ao usar com devoção esse sacramental, assim como também o crucifixo e a água benta, participamos ativamente dessa batalha espiritual, permitindo que nosso egoísmo perca forças, e que a graça de Deus possa agir cada vez mais em nossas vidas, de modo que possamos amar e servir a Nosso Senhor.
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esclarecedor !
O deserto é lugar de preparação.