No próximo domingo, 25 de maio, o Papa Leão XIV irá, pela primeira vez, à sua Catedral, a Basílica de São João de Latrão. Mas muitas pessoas ficaram surpresas, porque achavam que a Catedral do Papa fosse a Basílica de São Pedro. Ora, isso nos dá a ocasião perfeita para explicar o que é, de fato, uma catedral.
Vejamos: todas as dioceses têm uma Catedral, que é a igreja do bispo. Este, como sabemos, é responsável, como pastor, por uma porção do povo de Deus. Casa bispo é um sucessor dos Apóstolos. É por isso que ele tem a função de congregar o seu rebanho na unidade da fé. No Evangelho de São João, nós ouvimos Nosso Senhor dizer: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz” (Jo 10, 27). Ora, o pastor tem uma voz que conduz as suas ovelhas, e essa voz é o Magistério episcopal; é o bispo que, como representante dos Apóstolos, carrega sobre si a missão de confirmar a fé dos fiéis na fé dos Apóstolos de Jesus. Ele é a voz do pastor.
Pois bem, a voz do pastor é o seu ensino, que é exercido com autoridade de doutor, porque ele tem uma Cátedra — ainda hoje, nós usamos essa nomenclatura na universidade, ou seja, dizemos que alguém é catedrático porque ele ensina com autoridade de doutor. A cátedra pastoral do bispo representa a sua própria autoridade. Dessa forma, em todas as dioceses há uma igreja na qual está a Cátedra do bispo, esta é a igreja Catedral — é onde está a cadeira do bispo que, em latim, é “sedis”, a “sé” em português. A Praça da Sé, em São Paulo, é a praça da Catedral — “sé” quer dizer cadeira, é a Catedral. Por exemplo, em alemão, Santa Sé é “Der Heilige Stuhl”, que quer dizer “a santa cadeira”; em inglês, “The Holy See”. É a cadeira de Pedro, o pastor dos pastores, o Papa. É por isso que o Papa Leão assina “Leonis, P.P. XIV”, ele é o pastor dos pastores.
Assim, o Pontífice tem a sua Cátedra, a Santa Sé — a Cátedra de Pedro. E essa cadeira do Papa está localizada em uma igreja: a Igreja Catedral, São João de Latrão — o mais antigo templo público da história da Igreja Católica. Há outras Igrejas mais antigas, mas eram casas particulares adaptadas como igrejas à época da perseguição aos critãos. Mas em 313, quando o Imperador Constantino — juntamente com Licínio — publicou o “Édito de Milão” — uma carta endereçada ao governador da Bitínia —, os cristãos foram liberados para prestar culto a Deus. Depois dessa “carta de alforria” dos cristãos, por assim dizer, a Igreja começou a construir templos públicos para reunir os fiéis.
No subúrbio de Roma, Constantino tinha uma porção de terra que ele havia herdado como dote de casamento com Fausta. Essas terras eram conhecidas como “Domus Faustae”, a Casa de Fausta. A propriedade foi doada pelo imperador ao Papa, que deu ordens para que ali fosse construído um local para o culto dos cristãos, ou seja, uma Basílica. Porque naquela área vivia a família dos Laterani, a construção dos cristãos recebeu o nome de Basílica de Latrão — outra forma portuguesa para dizer Basílica de Laterano que, aliás, não é um nome religioso.
Essa é a nossa primeira igreja, que nós, católicos, veneramos como “Mater et Caput omnium ecclesiarum”, a “Mãe e Cabeça de todas as igrejas”. Isso porque ela foi a primeira Igreja oficialmente construída. A Catedral de Latrão foi sagrada pelo Papa São Silvestre — o mesmo Pontífice do Concílio de Niceia. Portanto, será nessa Catedral de mais de 1.700 anos de história que o Papa Leão XIV irá tomar posse. É a Catedral do Papa.
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Gosto tanto quando o padre conta esses movimentos históricos, como quando citou sobre as vestimentas, ou mais processos orgânicos que foram acontecendo na igreja …
Maravilhoso, como sempre! Obrigada!
Obrigada, padre!
Como é bom conhecer a história da Igreja.
Como sempre, clareza, e profundidade!