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Homilia Dominical
7 Mai 2015 - 25:28

Eu vos chamo amigos

Eis a grande novidade da religião cristã. Deus, que habita em luz inacessível, veio ao mundo para se fazer amigo do homem. “Já não vos chamo servos, mas amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai.” Em que consiste esse amor de amizade de que fala o Evangelho? Como querer e agir efetivamente pelo bem do próximo? Aprenda, nesta pregação, como pôr em prática o mandamento do amor.
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Homilia Dominical - 7 Mai 2015 - 25:28

Eu vos chamo amigos

Eis a grande novidade da religião cristã. Deus, que habita em luz inacessível, veio ao mundo para se fazer amigo do homem. “Já não vos chamo servos, mas amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai.” Em que consiste esse amor de amizade de que fala o Evangelho? Como querer e agir efetivamente pelo bem do próximo? Aprenda, nesta pregação, como pôr em prática o mandamento do amor.
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No Evangelho deste Domingo, Nosso Senhor deixa aos Seus discípulos o mandamento do amor: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei.” E como amou Cristo os Seus apóstolos? Dando por eles a Sua própria vida, como diz no versículo seguinte: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos.”

Santo Tomás de Aquino, comentando este trecho das Escrituras, esclarece que a caridade é uma amizade e trata de diferenciá-la do amor de concupiscência:

“Segundo Aristóteles, não é qualquer amor que realiza a noção de amizade, mas somente o amor de benevolência, pelo qual queremos bem a quem amamos. Se, porém, não queremos o bem daquilo que amamos e, antes, queremos para nós o bem que há neles, quando, por exemplo, dizemos amar o vinho, ou o cavalo etc., não há amor de amizade, mas um amor de concupiscência.” [1]

A primeira característica do amor de amizade é, portanto, a benevolência (do latim bene volere, “querer bem”). Quando pede aos discípulos que permaneçam no Seu amor, Nosso Senhor se explica: “Eu vos disse isso, para que minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”. O grande bem que Deus quer para o ser humano é que ele participe da Sua alegria, no Céu. Deus mesmo não ganha absolutamente nada com essa amizade, mas, justamente porque quer o bem dos homens, manifesta-se como “um Deus ciumento” (Ex 20, 5), pedindo que eles O amem sobre todas as coisas e não tenham outros deuses diante d’Ele. O bem de que aqui se trata pode muito bem ser grafado em maiúsculas, já que, dos muitos bens que se pode desejar a uma pessoa, o maior de todos, o Bem por excelência, é a sua salvação eterna.

Quando Cristo diz, portanto: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”, é em vistas à salvação da alma do próximo que se deve amá-lo. O verdadeiro bem é o Céu. O verdadeiro mal é o inferno. Diante da possibilidade de nunca contemplar a face de Deus no Céu, qualquer mal desta Terra é uma trivialidade. Diante do horror que é perder a Deus eternamente, a maior tragédia deste mundo é um nada. Assim, querer o bem das pessoas é querer que elas se salvem. Se alguém deseja aprender a amar o outro, deve começar rezando pela sua salvação eterna.

A segunda característica da amizade é a beneficência (do latim bene facere, “fazer o bem”). Não basta querer bem o outro; é preciso que isso se torne algo efetivo. Como o modelo supremo é Cristo, é preciso fazer o bem como Ele fez: “Ninguém tem maior amor que aquele que dá a vida pelos amigos”. Nosso Senhor não ficou somente em afetos e desejos, mas operou o bem, veio do Céu como filantropo (em grego, φιλάνθρωπος), como verdadeiro amigo dos homens, entregando a Sua própria carne e derramando o Seu próprio sangue por eles.

Na Santa Missa, este único sacrifício de Cristo é celebrado nos altares do mundo inteiro, operando eficazmente pela salvação da humanidade. Quando os comunistas tomaram o poder na Rússia e a Igreja Ortodoxa foi violentamente perseguida, os agentes soviéticos também levaram consigo o Patriarca de Moscou. Perguntando se tinha algum último desejo antes de ser preso, o religioso respondeu: “Deixem-me celebrar pela última vez a divina Liturgia, com a certeza de que, por este santo sacrifício, o mundo será salvo”.

Esta é a fé da Igreja: que a celebração dos Sacramentos são os sinais eficazes da graça de Deus na vida dos homens. Por isso, quando as pessoas se aproximam regularmente da Confissão e da mesa da Eucaristia, estão de fato fazendo o bem.

Mas, o começo da beneficência está na pregação da Palavra. “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2, 4). O primeiro modo de fazer o bem às pessoas é dar a elas a fé, de preferência mostrando-lhes a vida dos santos, “caminho seguro para efetuar uma hermenêutica viva e eficaz da Palavra de Deus” [2].

Assim, colocando em primeiro lugar a e os Sacramentos, tendo em vista a salvação das almas, todos os outros bens que se desejam aos homens serão devidamente ordenados. Saúde física, longa vida, prosperidade, tranquilidade: nada, absolutamente nada, deve ser anteposto a Cristo.

Referências

  1. Suma Teológica, II-II, q. 23, a. 1; cf. também Comentário ao Evangelho de São João, 15, 4.
  2. Papa Bento XVI,Exortação Apostólica Verbum Domini (30 de setembro de 2010), n. 49.

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