Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 16, 16-20)
“Pouco tempo ainda, e já não me vereis. E outra vez pouco tempo, e me vereis de novo”. Alguns dos seus discípulos disseram então entre si: “O que significa o que ele nos está dizendo: ‘Pouco tempo, e não me vereis, e outra vez pouco tempo, e me vereis de novo’, e: ‘Eu vou para junto do Pai?’”.
Diziam, pois: “O que significa este pouco tempo? Não entendemos o que ele quer dizer”. Jesus compreendeu que eles queriam interrogá-lo; então disse-lhes: ‘Estais discutindo entre vós porque eu disse: ‘Pouco tempo e já não me vereis, e outra vez pouco tempo e me vereis?’
Em verdade, em verdade vos digo: Vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria”.
Estamos no grande dia da primeira aparição de nossa Mãe SS. em Fátima. “Dia 13 de maio, na Cova da Iria, no céu aparece a Virgem Maria”! É o que cantamos com alegria, é o que queremos celebrar hoje: Nossa Mãe bendita se preocupa tanto conosco e nos ama a tal ponto, que veio ensinar-nos o caminho do céu pela devoção ao seu Imaculado Coração. Cumpre salientar um aspecto da mensagem de Fátima que é muitas vezes esquecido: durante o milagre do Sol, visto como um disco de prata a rodopiar em seu eixo e a andar em ziguezague pelo céu, Lúcia e os primos, Francisco e Jacinta, viram algo muito mais sublime. Viram Nossa Senhora vestida de forma diferente, envolvida num manto azul e trajada de branco, e S. José e o Menino Jesus a abençoar o mundo. É importante salientar isso porque estamos no ano de S. José. A aparição de S. José é, pois, digna de especial menção. Por quê? Porque S. José é modelo de proteção. Por que é modelo? Porque, se Nossa Senhora mesma disse: “Tende devoção ao meu Imaculado Coração” e “Quero que a Lúcia fique na terra para espalhar no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”, então não pode haver melhor modelo, nem maior exemplo de devoto do Imaculado Coração do que S. José. Afinal, não houve pessoa humana que tenha amado mais Nossa Senhora, nem admirado tanto as virtudes do seu Imaculado Coração do que o santo Patriarca. É claro que Jesus amou mais a Virgem SS. do que S. José, mas Jesus não é uma pessoa humana, é Deus feito homem. É uma pessoa divina. Ora, entre todas as pessoas humanas — antes, entre todas as criaturas, incluindo os anjos! —, ninguém amou mais Nossa Senhora do que S. José. Ele tem verdadeiramente o coração humano que mais amou a Virgem Maria, porque ele teve contato diário com essa Mãe medianeira de todas as graças. Nós, consagrados a Nossa Senhora, podemos e devemos imitar S. José, modelo de verdadeira devoção mariana. O coração castíssimo de José jamais olhou para a Virgem Maria com desejos menos honestos. Ele, desde o início, via em Nossa Senhora virtudes excelentes, nas quais devia sempre se espelhar. Quem de nós não enxerga que José, olhando para o amor que a Virgem SS. tinha a Jesus, certamente terá pensado muitas vezes: “Tenho de imitar Maria, imitá-la na sua fé, no seu amor, na sua confiança”? José era o chefe da Sagrada Família, mas liderado por Nossa Senhora no seu exemplo, na sua grandeza, na sua santidade. Aqui está a verdadeira devoção: imitar o Imaculado Coração de Maria. Ao aparecer a Lúcia no dia 13 de junho, quando previu que a menina deveria ficar na terra para propagar a devoção ao Imaculado Coração, Nossa Senhora disse-lhe: “Eu nunca te deixarei”. Apliquemos isso a S. José. Nossa Senhora sempre esteve com ele: “Eu nunca te deixarei, e o meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”. Quantas vezes S. José não terá visto na alma de sua bendita esposa, de sua castíssima e virginal Maria, o caminho para Deus? Sim, José foi aprendiz na escola de Maria: ele, líder da Sagrada Família; ele, chefe da Sagrada Família, mas liderado por Nossa Senhora, por ter como modelo a grandeza das virtudes dela! Que quer dizer: “Eu serei o teu caminho”? Que temos de olhar para o Coração Imaculado e imitá-lo na fé, na confiança, na obediência, na pureza, no amor a Jesus… Pela imitação da Virgem Maria, da qual S. José é mestre, podemos caminhar verdadeiramente para as alturas da santidade. Primeiro ponto: S. José é consagrado a Nossa Senhora, imitador das virtudes de Nossa Senhora, modelo dos devotos da Virgem Maria. Segundo ponto: durante o milagre do Sol, S. José abençoou o mundo, mas com o Menino Jesus ao colo. Foi no momento em que setenta mil pessoas viram o Sol precipitar sobre suas cabeças e, por isso, estavam literalmente desesperadas. Quando lemos nas fontes da época a narrativa do milagre do Sol, vemos que muitas pessoas estavam realmente convencidas de que iriam morrer. Muitos começaram a fazer atos de contrição, e uma mulher chegou a ser vista contando seus pecados em público para pedir perdão. Estavam convencidos de que era o apocalipse, o fim do mundo, como se tudo fosse acabar naquele momento. E foi nesse momento de tumulto que S. José as abençoou. S. José estava abençoando o mundo, sim, o mesmo mundo louco que não quer fazer penitência, que não quer ouvir os apelos do anjo: “Penitência, penitência, penitência!”. Eis que, de repente, com a intervenção de José, o mundo fez penitência; de repente, ali em Fátima, diante da bênção de S. José, as pessoas, perante o Padroeiro da boa morte, deparam-se com a possibilidade de morrer, por isso se arrependem de seus pecados e começam a mudar de vida! Neste ano de S. José, se há uma graça que podemos e devemos pedir ao nosso pai e senhor é que ele, lá do céu, mais uma vez nos dê uma bênção semelhante à que deu em 1917. Nossa Senhora previra em setembro: “Virá S. José para abençoar o mundo”. Nossa Senhora poderia ter dito: “Por ser mais santa, dar-vos-ei a bênção eu mesma”, mas ela não fez isso. Por quê? Desígnios de Deus! Podemos crer — eu creio e partilho a minha convicção — que este ano de S. José é uma realização das profecias de Fátima; que, neste ano de S. José, nós estamos vendo mais uma vez o santo Patriarca como que debruçar-se de lá do céu para abençoar o mundo. Sim, o mundo tresloucado, o mundo que perdeu o rumo, o mundo que se vai destruindo a si mesmo, como recordava Lúcia: “Não é Deus quem castiga o mundo, são os próprios homens que, com sua liberdade, providenciam o castigo com o qual eles serão castigados”. S. José vem, pois, abençoar-nos para nos dar arrependimento, para nos dar conversão, para nos dar o firme propósito de não mais pecarmos, de nunca mais voltarmos a ofender o imaculado, santíssimo e puríssimo Coração de Maria, nem o SS. Coração de nosso divino Redentor, Jesus Cristo. Que coisa mais pode querer S. José, senão que paremos de ofender esses dois Corações? O coração dele quer que desagravemos o de Maria e o de Jesus! Que nesse dia, festa de Fátima, saibamos celebrar de forma especialíssima nossa devoção a Nossa Senhora debaixo da bênção de S. José, sob o seu patrocínio, à luz de seu modelo — modelo de devoto, de quem ama a Jesus e Maria. Nossa Senhora disse à Ir. Lúcia que a última batalha — a da cidade em ruínas — entre Satanás e os homens seria travada sobre a família. O campo de batalha é a família, e não é à toa que, na visão de 13 de outubro de 1917, tenha aparecido no céu a Sagrada Família. Na hora em que Lúcia apontou para o Sol, e o povo viu o disco prateado, os pastorinhos contemplaram Nossa Senhora vestida de branco com um manto azul, enquanto S. José e o Menino Jesus abençoavam o mundo. É a Sagrada Família, bênção para as nossas famílias, bênção para todos nós. Neste dia tão importante, coloquemos pois nossa própria família sob a proteção da Sagrada Família.
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