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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 8, 19-21)

Naquele tempo, a mãe e os irmãos de Jesus aproximaram-se, mas não podiam chegar perto dele, por causa da multidão. Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver”. Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática”.

“Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”. Essas palavras que nos refere hoje o Evangelho não significam, como poderíamos ser tentados a pensar, que Jesus despreze ou faça pouco caso de sua Mãe. Ao contrário, contêm o maior elogio que a Maria se pode fazer, pois ninguém, depois de Cristo, cumpriu de maneira tão perfeita a Palavra de Deus como ela. Com isto, Jesus nos quis dizer duas coisas, a saber: a) que em seu ministério público como Messias não depende dos laços de sangue, mas somente da vontade de seu Pai celeste, b) e que o parentesco mais profundo e verdadeiro com Ele se estabelece pelos vínculos da graça divina, muito mais do que pelos vínculos da carne. Nesse sentido, pode-se dizer que Maria era mais parente de Jesus pela plenitude imensa de graça que a fazia tão agradável a Deus do que pelo fato de o ter concebido em suas entranhas virginais e dado à luz em Belém. Encontramos essa mesma doutrina na resposta que, em situação muito parecida, dá Jesus ao grito entusiasmado de uma mulher do povo: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!” (Lc 11, 27). Ao dizer, com efeito, que são mais “bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam” (Lc 11, 28), o Senhor não nega o elogio feito à sua Mãe SS., mas dele se aproveita para ensinar que os vínculos sobrenaturais que estabelece a graça divina em quem ouve a Palavra de Deus e a põe em prática são, em si mesmos, mais valiosos e profundos do que os vínculos estabelecidos naturalmente pelo parentesco de sangue. Ora, a Virgem SS. possui em grau superlativo esses dois vínculos: ela é Mãe na ordem natural, por ter concebido a Cristo em seu puríssimo seio, e cheia de graça na ordem sobrenatural. Por isso, não só tinha a razão a mulher que gritou: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe”, senão que Jesus mesmo o confirma, acrescentando que Maria, além de bendita por ser Mãe, é ainda mais bem-aventurada, por ser a primeira dos que “ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” [1].

Referências

  1. Tradução levemente adaptada de Antonio Royo Marín, La Virgen María. 2.ª ed., Madrid: BAC, 1997, pp. 29-30, n. 21.
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