Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 16, 29-33)
Naquele tempo, os discípulos disseram a Jesus: “Eis, agora falas claramente e não usas mais figuras. Agora sabemos que conheces tudo e que não precisas que alguém te interrogue. Por isto cremos que vieste da parte de Deus”. Jesus respondeu: “Credes agora? Eis que vem a hora – e já chegou – em que vos dispersareis, cada um para seu lado, e me deixareis só. Mas eu não estou só; o Pai está comigo. Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo, tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!”
Hoje, a Igreja faz memória de S. Carlos Lwanga, que, com outros 21 companheiros, conclui a vida no fim do séc. XIX com a coroa de um duplo martírio: a do pudor e a da religião. Neles, com efeito, se cumpriu o que na Liturgia desta segunda-feira nos diz Jesus Cristo: “No mundo, tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!” O beato Carlos e os que com ele foram martirizados pertenciam à corte de Mwanga II, rei de Buganda de 1884 a 1897 que empreendeu uma feroz perseguição contra os cristãos, vistos como uma ameaça para o reino ugandês. No entanto, não foi apenas o ódio à fé o que os levou à morte; foi também o ódio à santa pureza. Mwanga II, como é sabido, possuía um grande harém masculino, composto pelos pajens de sua corte, que, segundo as tradições do reino, estavam obrigados a satisfazer todos os desejos do monarca. Pagão de mente e coração, Mwanga II não podia compreender a doutrina cristã sobre a moral sexual, eterna pedra de tropeço para o mundo, nem aceitar a menor desobediência de seus súditos. Por isso, em 1886, o rei deu um ultimato a todos os que se professavam católicos: ou renegar a fé, submetendo-se a seus caprichos sexuais, ou a morte. Sem temer as ameaças do rei, e entregando seus corpos antes a Deus que ao pecado, S. Carlos e seus companheiros preferiram suportar quaisquer tribulações e, com enorme coragem, triunfar do mundo com Jesus Cristo. Assim, o beato Carlos, que se recusou a abrasar os vícios do rei, foi queimado vivo, merecendo ser morto primeiro que os outros. — Que a morte destes valorosos heróis da fé, que mereceram, por sua fidelidade a Cristo e pelo testemunho da mais perfeita castidade, as honras triunfais que reserva Deus a seus mártires, nos encha de coragem para fazermos frente, com santa intransigência, aos ataques do mundo à nossa fé e à moral sexual que a Igreja, como fiel guardiã da verdade revelada e mestra das nações, com tanto empenho e paciência busca transmitir às almas.
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