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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

(Mt 14,13-21)

Naquele tempo, quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. Ao sair da barca, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!” Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. Jesus disse: “Trazei-os aqui”. Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.

Hoje, 2 de agosto, a Igreja, abrindo com materna generosidade os tesouros dos méritos e satisfações de Cristo, dá a seus filhos a possibilidade de lucrar a chamada indulgência da Porciúncula, cuja origem está na ardente caridade com que São Francisco de Assis iluminou e incendiou de amor os lugares e as almas que tiveram a graça de o conhecer.

Segundo as crônicas da Ordem, no ano de 1216, após passar a noite em oração, São Francisco teve na pequena igreja da Porciúncula, nas proximidades de Assis, uma visão de Maria Santíssima e seu divino Filho. Perguntaram-lhe naquela milagrosa aparição que favor ele gostaria de pedir. Zeloso pela salvação das almas, Francisco não hesitou: “Que todos quantos, arrependidos e devidamente confessados, vierem visitar esta igrejinha possam receber a completa remissão de seus pecados”. Jesus então lhe disse: “É grande o que me pedes; mas o concedo a ti de bom grado, sob a condição de que vás pedir tal indulgência ao meu vigário na terra, o Papa”. Francisco foi às pressas ao encontro do Pontífice reinante à época, Honório III, que, apesar das hesitações da Cúria Romana, acabou por aprovar o inusitado pedido [1]. Voltando a Porciúncula poucos dias depois, o pai seráfico exclamou com lágrimas de alegria, diante do povo e do episcopado da Úmbria: “Irmãos, quero levar-vos todos para o paraíso!” E assim ficou instituído o chamado Perdão de Assis.

Essa indulgência, válida até os nossos dias, pode ser lucrada todo dia 2 de agosto pelos fiéis que, cumprindo as condições usuais, visitarem a igreja da Porciúncula, na Basílica de Santa Maria dos Anjos. No entanto, aos que não for possível realizar essa peregrinação, a Igreja concede a mesma indulgência, bastando-lhes para isso, além de cumprir as condições de sempre (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Santo Padre), visitar uma igreja catedral ou sua matriz paroquial e, nessa visita, recitar um Pai-nosso e o Credo Apostólico (cf. Indulgentiarum Doctrina, normas 15-16; Manual das Indulgências, concessão n. 65). Esse privilégio se estende também a todas as igrejas franciscanas.

Aproveitemo-nos, pois, dos dons que o Senhor, por intermédio de sua Igreja, hoje nos concede. Corramos a lucrar a indulgência da Porciúncula; livremo-nos do purgatório, socorramos as almas que lá padecem e abramo-nos ao perdão de Deus. — “Irmãos, quero levar-vos todos para o paraíso!”, clama hoje do céu o poverello de Assis.

Notas

Na época de São Francisco, as indulgências plenárias estavam atreladas a obras bastante árduas, algumas até com risco para a vida do fiel (v.gr., concedia-se indulgência a quem fosse em cruzada defender dos mouros a Terra Santa). O perdão de Assis, nesse sentido, representou uma “revolução” na disciplina penitencial da Igreja, que a partir de então começou a enriquecer com indulgências plenárias obras mais simples e acessíveis ao fiel comum.

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