Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 6, 6-11)
Aconteceu num dia de sábado que Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Aí havia um homem cuja mão direita era seca. Os mestres da Lei e os fariseus o observavam, para ver se Jesus iria curá-lo em dia de sábado, e assim encontrarem motivo para acusá-lo. Jesus, porém, conhecendo seus pensamentos, disse ao homem da mão seca: “Levanta-te, e fica aqui no meio”. Ele se levantou, e ficou de pé. Disse-lhes Jesus: “Eu vos pergunto: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?”
Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor, e disse ao homem: “Estende a tua mão”. O homem assim o fez e sua mão ficou curada. Eles ficaram com muita raiva, e começaram a discutir entre si sobre o que poderiam fazer contra Jesus.
A cura do homem de mão seca (cf. Mt 12, 9-13; Mc 3, 1-5; Lc 6, 6-10). — a) As circunstâncias de lugar e tempo são indicadas apenas de modo geral pelos evangelistas: Aconteceu num dia de sábado que Jesus entrou na sinagoga (em Mateus: na sinagoga deles, isto é, dos judeus ou, talvez, dos habitantes de Cafarnaum, entre os quais Ele costumava demorar-se) e começou a ensinar.
b) O milagre. — V. 1-4. Achava-se ali um homem que tinha a mão (direita, acrescenta Lucas) seca (ἐξηραμμένην), isto é, tábida, sem suco vital ou, como se diz português, atrofiada [1]. E porque Jesus fizera milagres outras vezes, também em dia de sábado, por ser maior nesse dia o afluxo de pessoas na sinagoga, por isso os escribas e os fariseus O observavam, para ver se iria curá-lo em dia de sábado. Jesus porém disse ao doente: Levanta-te, e fica aqui no meio, e em seguida interrogou seus inimigos: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca? É o modo hebraico de dizer: “É lícito ou não fazer o bem em dia de sábado? É lícito salvar alguém da morte ou de um grave perigo?”
Em Mateus, reforça-se a pergunta com este argumento: se a ovelha de alguém cair num poço em dia de sábado, quem entre vós não a irá procurar e retirar? Ora, não vale o homem muito mais que uma ovelha? Mas eles se calavam, convencidos, de um lado, pela verdade dos fatos e, ademais, pela sua atitude habitual e, de outro, coagidos pela interpretação estrita de suas tradições .
V. 5. Então, lançando um olhar indignado, isto é, com rosto severo, sobre eles, mas ao mesmo tempo contristado interiormente com a dureza de seus corações, isto é, com sua dureza e obstinação, diz ao homem: Estende tua mão! Ele estendeu-a e a mão foi curada.
c) Os fariseus decidem matar Jesus (cf. Mt 12, 14; Mc 3, 6; Lc 6, 11). — Saindo dali os fariseus, ficaram com muita raiva (acrescenta Lucas), isto é, quase perderam a cabeça de ira, e deliberaram logo com os herodianos (que tinham muita influência junto de Herodes Antipas) como O haviam de prender. Foi, em linhas gerais, a sentença de morte que contra Cristo então foi lavrada [2].
Nota espiritual para o dia 7 de setembro. — No dia em que se comemora a Independência do Brasil, é importante recordar, segundo a doutrina comum entre os teólogos, que não só os homens em particular, mas também os países estão sob a proteção de um anjo tutelar especialmente designado por Deus para essa missão. Com efeito, ensina o Doutor Angélico que Deus, assim como constituiu a certos anjos causas secundárias e ministeriais para executar os desígnios de sua Providência sobre cada homem, também constituiu a outros custódios universais (cf. STh I 113, 3 c. e ad 2), incumbidos de proteger e conduzir à beatitude celeste os coletivos humanos, que são, ao seu modo, uma só pessoa moral. Ora, se já são inumeráveis os benefícios que sobre cada homem derrama o seu respectivo anjo da guarda, não há dúvida de que são imensas as vantagens que trazem para cada povo e nação o anjo tutelar que é por ela devidamente respeitado e invocado [3]. — Rogando pois ao Santo Anjo da Guarda do Brasil, peçamos-lhe que a nossa querida nação, que nos nutriu e formou, reencontre o caminho que o Senhor lhe tem traçado e se torne efetivamente um país de fé e de obediência à Igreja: uma Terra de Santa Cruz.
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