CNP
Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org®

Aproveite a maior promoção do ano!

Descontos regressivos:
quanto antes você assinar, maior o desconto. A partir de 45% na assinatura anual.

  • Descontos diminuem com o tempo;
  • Quanto antes você assinar, maior o desconto;
  • 50 cursos à sua disposição;
  • Biblioteca de livros digitais para complementar seus estudos;
  • Acesso a transmissões exclusivas para alunos;
  • Participação no programa Studiositas;
  • Condição especial na compra dos livros da Editora Padre Pio;
Assine agora
  • 40
  • 41
  • 42
  • 43
  • 44
  • 45
Texto do episódio
00

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 7,1-5)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Não julgueis, e não sereis julgados. Pois vós sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes; e sereis medidos com a mesma medida com que medirdes. Por que observas o cisco no olho do teu irmão, e não prestas atenção à trave que está no teu próprio olho? Ou, como podes dizer a teu irmão: ‘Deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando tu mesmo tens uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu próprio olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”.

“Não julgueis, e não sereis julgados”. Com o Evangelho de hoje, Jesus nos chama a atenção para o fato de sermos míopes e condescendentes com os nossos erros, mas rápidos e “precisos” para identificar e condenar os do próximo. Sempre que pecamos, buscamos uma justificativa — a nosso ver, muito razoável — para o que fizemos; mas se foi um nosso irmão quem pecou, não há desculpa possível: julgamo-nos em condições não só de o condenar sem direito a recurso, mas de saber em detalhes o que o motivou a fazer o que fez.

Esse fenômeno tão comum é um sinal claro de que o nosso amor próprio desordenado afeta nossa capacidade de julgamento. Isso se vê com ainda maior clareza quando sofremos de fato alguma injustiça, por leve que seja. Nosso mundo cai, sentimo-nos a mais pobre vítima da história, ferida em sua honra e em seus mais nobres sentimentos; mas quando somos nós os injustos, dizemos sem piscar: “Isso acontece, ninguém é de ferro”. Essa excessiva indulgência para com nós mesmos e essa desmedida severidade para com os outros prova que não vemos as coisas com os olhos de Deus.

Eis por que temos de lhe pedir a graça de poder vê-las com o seu olhar, sempre justo e compreensivo. Trata-se, é verdade, de uma graça rara, que só vemos realizada perfeitamente nos grandes santos; mas nós, que desejamos atender ao chamado: “Sede perfeitos”, não podemos medir esforços para ser parecidos com Nosso Senhor, que tudo via e julgava com olhar limpo, reto e misericordioso. Que Ele nos dê um Coração como o seu, disposto a tudo suportar — mesmo as injustiças — por amor ao Pai e aos homens. 

* * *

O juízo temerário (cf. Mt 7,1-5; 10,24s; 15,14; Mc 4,24b). — Tendo lançado os fundamentos da caridade fraterna, o escritor sagrado refere agora um alerta de Cristo aos que, sem fazer caso dos próprios defeitos, acusam duramente os alheios. — (Lc 6,37): Não julgueis, i.e., não condeneis a conduta e a intenção dos outros, e não sereis julgados (μὴ καταδικάζετε, subentende-se: ‘por Deus’) [1]. Mateus acrescenta (7,2): Pois segundo o juízo com que julgardes, sereis julgados, i.e., assim como tratardes os outros, assim também vos tratará Deus (cf. Sl 17 [18],25s). Logo, fala-se antes da qualidade do juízo que do objeto julgado. — Escreve Agostinho: “Julguemos o que é manifesto, mas sobre o que está oculto deixemos o juízo para Deus. Não censuremos o que não soubermos com que intenção foi feito, nem repreendamos de tal forma o que é manifesto, que julguemos [o próximo] sem esperança de salvação” (De serm. Domini in monte II 18, 60).

Lucas é mais rico. Além do λόγιον sobre o não julgar, exposto de três formas diferentes (v. 37: não julgueis, não condeneis, perdoai), traz ainda outro (v. 38), sobre o dar aos demais: Dai (aos outros), e dar-se-vos-á (por Deus). Exprime com três adjetivos a grandeza do prêmio: com efeito, se derdes ao próximo, uma medida boa (καλόν = considerável, não parca), cheia (πεπιεσμένον = comprimida) [2], recalcada (σεσαλευμένον = agitada, batida, para que se encha melhor) e acogulada (ὑπερεκχυννόμενον = lit. sobre-exsudante, i.e., transbordante), ou seja, uma medida além da medida [3] vos será lançada nas dobras do vosso vestido [4]; conforme a vossa benignidade para com os outros, Deus vos há de retribuir, não de mão fechada e avara, mas larga e generosa. — Porque com a mesma medida etc. não se deve entender, como entenderam alguns intérpretes antigos, como igualdade absoluta (= ‘de tanto por tanto’), mas a modo de provérbio, como certa proporção entre o trato dispensado aos outros e o que Deus dispensará a nós: ‘Quanto mais benigno fores com os outros, quer no dar, quer no perdoar, tanto mais benigno acharás a Deus; quanto mais severo fores, mais severo ele será contigo’.

V. 39. Dizia-lhes também esta comparação (gr. παραβολήν, lt. similitudinem): Pode porventura um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no barranco? A imagem é tirada da vida cotidiana da Palestina, onde às margens das ruas e estradas não era difícil deparar com buracos e cisternas escavadas, que só um homem atento e de boa visão podia evitar; os cegos, porém, corriam sempre o risco de cair. — Sentido: ‘Não te é lícito julgar os outros, enquanto tu mesmo precisas de correção’, sobretudo porque (v. 40) o discípulo não é mais que o mestre; mas todo (gr. πᾶς = lt. quivis, i.e., qualquer discípulo) será perfeito (gr. κατηρτισμένος = bem instruído), se for [no máximo] como seu mestre [5], i.e., sobretudo porque ‘se tu, sendo mestre, também és cego, não poderás dar luz a teu discípulo’.

V. 41s (cf. Mt 7,3ss). Em seguida, por meio da imagem (tirada talvez de algum provérbio popular [6]) de alguém que corrige o irmão por ter um cisco no olho, embora ele mesmo tenha no seu não um cisco mas uma trave, condena o Senhor a hipocrisia [7] dos que veem os defeitos mais leves do próximo, mas não os próprios [8]. — Esse dardo tem por alvo especialmente os fariseus; mas a doutrina aqui contida, como se vê, é universal, englobando todos os que padecem este vício, sobretudo os ministros da Igreja que, quando cumprem o dever de corrigir, mostram às vezes ter as mesmas manchas — e até mais feias! — do que as repreendidas.

Notas

  1. As formas impessoais passivas (μὴ κριθῆτε = não sereis julgados; μὴ καταδικασθῆτε = não sereis condenados; μὴ ἀπολυθήσεσθε = não sereis perdoados) aqui empregadas têm a Deus por sujeito intencional. Entre os rabinos são mais frequentes as formas ativas impessoais com o mesmo significado (cf. Lc 6,38: δώσουσιν = darão, i.e., ‘Deus dará’; 16,9: ἵνα δέξωντα ὑμᾶς = para que vos recebam, i.e., ‘para que Deus vos receba’).
  2. A metáfora alude ao costume de comprimir com as mãos o trigo para encher o recipiente com mais grãos.
  3. Essa descrição tão detalhada lembra graficamente alguns costumes dos comerciantes palestinos: “A boa medida já é algo mais do que a quantidade estritamente exigida; o alimento é pressionado, para que no recipiente caiba mais; sacudido, para que os espaços sejam preenchidos (se se trata, por exemplo, de frutas), e ainda transborda quando é derramado [no saco]” (J.-M. Lagrange, Évangile selon saint Luc. 5.ª ed., Paris, 1941, p. 198).
  4. Lançar nas dobras do vestido, ou no seio da túnica (gr. εἰς τὸν κόλπον, lt. in sinum [sc. vestis]), é uma expressão hebr. (נָתַן בֵּחֵיךְ) que significa ‘retribuir’, ‘compensar’, ‘devolver’ (cf. Is 65,7; Jr 32,18; Sl 79,12, em sentido negativo; 2Sm 18,8, em sentido positivo).
  5. Alguns intérpretes preferem ler o pron. πᾶς em sentido adverbial (como sinônimo de ‘completamente’, ‘de todo’ etc. = lt. omnino), o que é possível em gr. segundo certos gramáticos. O sentido, pois, seria: “Não está o discípulo acima do mestre; quando estiver completamente instruído, será <no máximo> como o seu mestre”.
  6. Cf. Baba Bathra (f. 15b), apud *Strack–Billerbeck, I, p. 446: “Está escrito: no dia em que julgarem os juízes […], quando disser <o juiz> a alguém: ‘Tira o cisco do teu olho’, responderá ele: ‘Tira tu a trave do teu’”.
  7. Agostinho, De serm. Domini in monte II 19, 64: “Denunciar vícios é dever próprio dos bons e benevolentes; mas quando são os maus que o fazem, então agem como se o não fossem, assim como os hipócritas, que ocultam sob a máscara o que são e com ela ostentam o que não são”.
  8. Em Mt 7,5 e Lc 6,42, reconhecer e corrigir os próprios defeitos é precondição para poder ajudar o próximo a reconhecer e corrigir os seus: E então verás (gr. διαβλέψεις) etc., i.e., ‘então terás a acuidade, finura, delicadeza de olhos necessária para tirar a aresta do outro’.

O que achou desse conteúdo?

Mais recentes
Mais antigos
Texto do episódio
Comentários dos alunos