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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 9, 27-31)

Naquele tempo, partindo Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi!” Quando Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou-lhes: “Vós acreditais que eu posso fazer isso?”

Eles responderam: “Sim, Senhor”. Então Jesus tocou nos olhos deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé”. E os olhos deles se abriram. Jesus os advertiu severamente: “Tomai cuidado para que ninguém fique sabendo”. Mas eles saíram, e espalharam sua fama por toda aquela região.

1. Deus não é indiferente. — Estamos no tempo do Advento e temos a alegria de comemorar hoje, primeira sexta-feira do mês, o S. Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, uma devoção de que nunca nos devemos esquecer e que, neste “ambiente” de Advento, se reveste de uma coloração bem distinta e específica. Deus é amor e é o amor infinito, amor eterno, amor perfeito. Essa é a realidade própria de Deus: ser amor. No entanto, nós temos dificuldade de compreender o amor de Deus. Por quê? Porque Deus, sendo perfeitíssimo, não está submetido a fragilidades, próprias de nossa natureza. Deus, por exemplo, não tem “emoções” como nós temos: Deus não sofre, não padece, pois Ele é impassível. Mas quando ouvimos que Deus é imutável e impassível, que Ele não padece nem tem emoções e paixões como nós, isso nos soa como certa “indiferença”, como se Deus mesmo fosse indiferente. Como é possível que Deus nos ame e, vendo-nos sofrer, não sofra também? Como é possível que Ele se importe conosco, mas permaneça inalterável? Ora, para que nós víssemos o quanto Ele nos ama e como meio de nos salvar, Deus assumiu nossa humanidade. Foi a Encarnação. Deus tomou para si uma humanidade, para que este amor infinito que Ele é pudesse manifestar-se também de forma humana. Deus veio — digamos assim — falar “na nossa língua”, para que nós o compreendêssemos. Deus desceu até nós, como uma mãe que se reclina sobre o berço e a fragilidade da criança; como a mãe, inclinada sobre o berço, põe o rosto bem perto do da criança, para que esta, vendo o da mãe, sorria e fique com o seu iluminado.

2. O Amor feito carne. — Foi isso que Deus fez por nós. Ele, que ama de modo infinito e perfeitíssimo lá no alto dos céus, quis que nós soubéssemos o quanto somos amados, e por isso assumiu nossa natureza humana: para nos amar humanamente, de um modo que enfim o compreendêssemos. Eis o grande mistério que iremos celebrar no Natal. No Natal, nós iremos celebrar o mistério de Deus que se fez homem, do amor infinito que se pôs num Coração humano. Eis a grande alegria de ver um Coração humano, o de Jesus, que é capaz de amar de forma infinita, que é capaz de amar de forma perfeitíssima, tão próximo de nós e, ao mesmo tempo, tão próximo de Deus. Pronto! Transpôs-se enfim o muro de separação, o abismo que havia entre Deus e o ser humano: agora, estamos unidos, porque temos um Pontífice, isto é, alguém que seja a ponte entre Deus e o homem. Durante o Advento, tempo em que vamos preparando o nosso coração para a vinda e a presença de Deus em nossas almas, olhemos para o Coração bondoso de Cristo, para aquele Menino no presépio, Deus feito tão frágil, tão amoroso, tão pequenino, para manifestar a sua onipotência e o seu amor na impotência do presépio, na miséria e na pobreza. Ali, sabemos que Ele se importa conosco, sim; Ele quer que saibamos o quanto somos amados. Esta é notícia que nos redime, este é o conhecimento redentor: saber que dele sou amado, saber que o Céu é meu amigo.

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