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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 15, 12-17)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos.

Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que, então, pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.

“Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. Nestas palavras, de todos tão conhecidas e por todos tão repetidas, está contida in nuce a Lei evangélica, fundada no amor a Deus e ao próximo, e a economia da graça, sem a qual é impossível cumpri-la. Porque, se bem já na Antiga Aliança havia o povo de Israel recebido de Deus o mandamento de o amar sobre todas as coisas, e uns aos outros por amor a Ele, foi só na Nova Aliança que o povo do novo Israel, que é a Igreja, passou a receber em plenitude a graça de Cristo redentor, que cria em nós um coração novo, capaz de amar com amor verdadeiramente divino, absoluto e eficaz, segundo a promessa feita pela boca de Ezequiel: “Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne” (Ez 36, 26). Erram, portanto, os que pensam que o homem pode por si só, a partir de suas meras forças naturais e contando unicamente com o exemplo de Nosso Senhor, amar a Deus como Ele quer e deve ser amado, isto é, como autor e fim da ordem não apenas natural, mas sobrenatural. A Igreja, pelo contrário, ensina e professa, em plena conformidade com as SS. Escrituras, que se a todo ato salutar é necessária a graça interna, com mais forte razão será ela necessária ao maior e mais perfeito de todos os atos salutares, que é o amor a Deus. É por isso que o Concílio de Trento anatematiza quem quer que diga “que o homem, sem a inspiração preveniente do Espírito Santo e sem o seu auxílio, pode crer, esperar e amar ou arrepender-se como convém, para obter a graça da justificação” (DH 1553), e o Concílio Arausicano II reitera: “É pois dom de Deus o amar a Deus. Foi Ele, que ama antes de ser amado, quem nos deu o poder amá-lo. Quando éramos inimigos, fomos amados, para que se nos desse o amar como amigos. Difunde pois a caridade em nossos corações o Espírito do Pai e do Filho, a quem amamos com o Pai e o Filho” (Denz. 198). Daí se entendem, por último, as conhecidas palavras de S. Agostinho: “Donde vem aos homens o amor a Deus e ao próximo, senão de Deus? Ora, se não vem de Deus, mas dos homens, venceram os pelagianos; se porém vem de Deus, vencemos os pelagianos. Tome pois assento o Apóstolo João e nos julgue esta causa. ‘Caríssimos’, diz ele, ‘amemo-nos uns aos outros’. Nestas palavras de João, começam a deblaterar os pelagianos, dizendo: ‘Por que se nos prescreve isto, senão porque temos em nós mesmos donde nos amemos uns aos outros?’, esquecendo o que diz logo em seguida o mesmo João, para confusão deles: ‘Porque o amor vem de Deus’ (Jo 4, 7). Não é de nós, portanto, que vem a caridade, mas de Deus” (De gratia et libero arbitrio XVIII 37: PL 44, 903).

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