Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 11, 28-30)

Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

“Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso”. Esse brado do Redentor nos faz lembrar, neste tempo de Advento, o peso do nosso egoísmo, fardo terrível que temos de carregar em virtude do nosso pecado, de nossas inúmeras faltas contra o Amor. Mas o Senhor virá, daqui alguns dias, trazer-nos um outro jugo, não só mais leve, mas ainda mais doce e suave de carregar: o jugo da caridade. Pois se o egoísmo nos esmaga e oprime, porque nos desvia dos caminhos de Deus, a caridade nos anima e liberta, rompe os grilhões da escravidão do pecado que nós mesmos, insensatos, ligamos a nossas mãos e a nossos pés. Se o egoísmo nos acorrenta, por viciar-nos à iniquidade e prender-nos a paixões e falsos “amores”, a caridade nos confere a verdadeira liberdade, própria dos filhos de Deus. Somos, sim, “livres” para escolher o pecado, mas não o somos para evitar suas consequências naturais: a sujeição às criaturas, o arrefecimento no amor, a tristeza, a falta de sentido, a asfixia do egoísmo, o ensimesmamento e uma série de outras sequelas que tornam insuportável a nossa vida e a dos que nos rodeiam. É de todo esse fardo, pesado e inútil, que Jesus nos quer hoje livrar, propondo-se a si mesmo como modelo a imitar-se: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”. Humildade e pequenez, simplicidade e docilidade: eis aqui os remédios que o Senhor nos oferece para enfim nos vermos livres do peso do nosso egoísmo. A exemplo de Cristo, pois, lancemo-nos todos os dias aos braços de Maria SS., em cujo colo teremos a paz e a serenidade necessárias para aprendermos de seu Filho a ser, também nós, mansos e humildes de coração.