Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 10,24-33)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Para o discípulo, basta ser como o seu mestre, e para o servo, ser como o seu senhor. Se ao dono da casa eles chamaram de Belzebu, quanto mais aos seus familiares!
Não tenhais medo deles, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!
Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais.
Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus”.
Celebramos hoje a Memória de São Bento de Núrsia, o grande São Bento, a quem poderíamos chamar verdadeiramente de Patriarca do Ocidente. Por quê? Porque aquele homem, que, solitário, quis entregar-se a Deus na imitação dos monges do deserto do Egito, retirando-se a uma caverna de Subiaco, foi escolhido por Deus para uma grande obra.
São Bento nem de longe imaginava a repercussão histórica que teria o seu recolhimento. Ele buscou a Deus, como Jesus havia dito: “Buscai primeiro o reino de Deus, e tudo mais vos será acrescentado”. A Providência divina é assim. Os que buscam a Deus terminam usados por Deus para realidades maravilhosas que eles jamais imaginariam. Bento procurou a Deus fazendo jejuns e orações na caverna de Subiaco.
A fama de que havia um santo naquela colina começou a se espalhar pela região, e outros homens vieram a ele pedindo-lhe que lhes ensinasse o caminho do Céu, o caminho para Deus. Eis que Bento foi levado para o que ele não queria, ou seja, tornar-se mestre de santidade. É coisa típica da Igreja Católica. Os santos sempre foram gerados por alguém que foi modelo de santidade. Existe realmente uma genealogia da santidade, e São Bento está na origem de uma grande árvore genealógica de grandes santos que irão atravessar os séculos da Igreja.
São Bento fez uma Regra, caracterizada exatamente pela moderação. Enquanto os primeiros santos heroicos, os monges do deserto do Egito, eram mais admiráveis do que imitáveis, a Regra de São Bento é verdadeiramente para pessoas chamadas à santidade por um caminho que é, sim, generoso, de doação e de entrega, mas sem excessos, sem os rigores extremos das primeiras experiências monásticas do deserto.
O que nós podemos aprender verdadeiramente com a Regra de São Bento? Muitas coisas. Um detalhe que eu acho que valeria muito a pena recordar: São Bento diz que o abade não deveria receber no mosteiro alguém ele não tivesse verdadeiramente certeza de estar buscando a Deus. Eis a realidade do caminho de santidade: “Buscai primeiro o reino de Deus”. Buscar a Deus verdadeiramente! Hoje vivemos um clima e uma situação em que estamos um passo atrás de São Bento. Nós temos de convidar as pessoas a buscarem a Deus.
Não podemos barrá-las na porta: “Não, você não está buscando a Deus. Então nem entre. Não vai entrar na nossa família”. Temos de fazer as duas tarefas. A primeira é levar as pessoas a verdadeiramente buscar a Deus e buscar a verdade; se fizerem isso, com verdadeira sinceridade, então, sim, passaremos a ensinar-lhes qual é o caminho, qual é a “engenharia” da santidade.
Foi exatamente o que São Bento quis ensinar aos monges e monjas que, maravilhosamente, acenderam no céu da história da Igreja uma constelação de santos que, podemos dizer, fundaram a civilização cristã ocidental.
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