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Inteligência iluminada e coração ardente

“Os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. Então um disse ao outro: ‘Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?’”

Texto do episódio
656

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 24, 13-35)

Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido.
Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. Então, Jesus perguntou: “Que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?”
Ele perguntou: “Que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”.
Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?” E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.
Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar com eles. Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía.
Nisso, os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?” Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os Onze reunidos com os outros. E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.

Nesta Oitava de Páscoa, continuamos a leitura das aparições de Cristo. Na segunda e na terça-feira, vimos duas que aconteceram no domingo de manhã; hoje, o Evangelho relata aquela que aconteceu no domingo à tarde, quando Jesus apareceu para os discípulos de Emaús. 

A história nos diz que dois discípulos saíram de Jerusalém e caminhavam em direção à cidade de Emaús. Porém, no meio do caminho, um estrangeiro — Jesus — começou a lhes falar a respeito das Escrituras, conduzindo-os a uma meditação profunda e fazendo com que entendessem como era necessário que Cristo sofresse para entrar na sua glória. 

Nesse contexto, percebemos uma realidade extraordinária sobre a qual a Igreja Católica, na sua tradição de dois mil anos, tem convicção: em cada palavra escrita no Antigo Testamento, havia um sentido latente que ninguém enxergava, mas estava verdadeiramente presente — o próprio Cristo. Então, hoje, Jesus nos ensina a meditarmos as Sagradas Escrituras e, uma vez que os discípulos o reconhecem, eles dizem: “Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?”(Lc 24, 32), e voltam para Jerusalém alegremente, dando a notícia aos onze Apóstolos . 

É importante observarmos como está no original grego o trecho: “Não estava ardendo o nosso coração?”. Apesar de estar bem traduzido, há sempre um significado mais profundo. No grego, o verbo kaio significa “acender uma lâmpada” e, sendo muito usado nos Evangelhos, ele possui dois sentidos: o primeiro, de acender o fogo que ilumina a lâmpada; o segundo referindo-se a um fogo que consome. 

Ora, se formos meditar observando o que Jesus fez com os discípulos de Emaús, iremos notar que acontece exatamente esses dois passos. É somente através da inteligência iluminada, ou seja, quando a luz acende a lâmpada (inteligência), que a vontade dos discípulos começa a ser convidada para o amor, e assim, a luz não somente brilha, mas começa a aquecer e a chamá-los. 

Todos nós estamos celebrando a Ressurreição de Jesus, um ser humano vivo que está presente no Céu, junto de Deus, está fisicamente nos sacrários e envia o seu Espírito Santo para tocar o nosso coração. Mas qual é a forma com a qual Cristo quer nos tocar, como Ele prometeu para Maria Madalena e a todos nós? Antes de tudo, através da inteligência.

É nesse momento que vemos o quanto o diabo impede que sejamos atingidos pelo toque da graça, uma vez que, na cultura atual, impera uma ideologia anti-intelectualista, dizendo: “Ah, Deus é amor! Não fique se preocupando com teorias, dogmas, doutrina, catecismo, ensinamentos, verdades teológicas, pois o importante é amar!”. Ledo engano, pois ninguém ama o que não conhece. 

Portanto, antes que brote em nosso coração aquele amor ardente que grita: “Eu quero me unir a Jesus, amá-lo e dar a vida por Ele”, é necessário que nossa inteligência seja iluminada. Por isso, Jesus disse aos discípulos de Emaús, não sem uma uma ponta de reprovação, que eles eram “sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram” (cf. Lc 24, 25). Sem inteligência, porque é nela que a fé se inicia. Logo, sendo mentes obtusas e fechadas, onde a luz da verdade divina não entra, jamais irão produzir corações ardentes e entusiasmados, que se entregam numa união amorosa. 

Então, coragem! Vamos conhecer Jesus Cristo e meditar as Sagradas Escrituras, os dogmas da fé e os ensinamentos dos santos, a fim de que, com a nossa inteligência iluminada, possamos encontrar também o mesmo ardor e o mesmo amor que brotou no coração dos discípulos de Emaús.

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RC
Robson Cola
24 Abr 2025

É gigantesca a quantidade de informações sobre  a vida de Jesus, dos santos e santas, dos mártires, sobre a história da nossa Santa Igreja, etc. Como podemos conectar entre si e compreender tantas informações sem a INTELIGÊNCIA? 

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VS
Valdonio Sales
23 Abr 2025

É nesse momento que vemos o quanto o diabo impede que sejamos atingidos pelo toque da graça, uma vez que, na cultura atual, impera uma ideologia anti-intelectualista, dizendo: “Ah, Deus é amor! Não fique se preocupando com teorias, dogmas, doutrina, catecismo, ensinamentos, verdades teológicas, pois o importante é amar!”. Ledo engano, pois ninguém ama o que não conhece. 

Responder
VS
Valdonio Sales
23 Abr 2025

Portanto, antes que brote em nosso coração aquele amor ardente que grita: “Eu quero me unir a Jesus, amá-lo e dar a vida por Ele”, é necessário que nossa inteligência seja iluminada. Por isso, Jesus disse aos discípulos de Emaús, não sem uma uma ponta de reprovação, que eles eram “sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram” (cf. Lc 24, 25). Sem inteligência, porque é nela que a fé se inicia. Logo, sendo mentes obtusas e fechadas, onde a luz da verdade divina não entra, jamais irão produzir corações ardentes e entusiasmados, que se entregam numa união amorosa. 

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GF
Geraldo Filho
23 Abr 2025

Lentos para crer..., dai-nos, Senhor, a Graça de reconhecer-Vos no partir do pão Eucarístico e, de coração aquecido, anunciar-Vos ressuscitado aos irmãos.  Amém!

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JF
Jonas Fontes
23 Abr 2025

Amém!

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ÁL
Álerson Lima
23 Abr 2025

Amém!

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Texto do episódio
Comentários dos alunos