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Texto do episódio
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É uma grande alegria para a nossa comunidade celebrar hoje o aniversário de nosso pároco, Padre Overland de Morais Costa. No Céu — e somente no Céu —, veremos o que realmente significou para nós tê-lo como pároco, porque Deus se agrada de usar até mesmo instrumentos frágeis, como nós, para fazer grandes coisas. É isso que ouvimos nas palavras de Nossa Senhora, no Cântico do Magnificat: “O Senhor olhou para a pequenez, o Senhor fez maravilhas” (Lc 1, 46-56).

Esta é a verdade de todo sacerdote que pretenda ser minimamente fiel a Jesus: a partir de seu nada, Deus poderá fazer grandes coisas. Mas se isso é verdade na vida de um sacerdote que faz o mínimo esforço, quanto mais será possível se esse padre realmente buscar o caminho da santidade! Por isso, contamos com as suas orações pelos sacerdotes, para que sigamos fiéis e atentos à vontade de Deus.

Vivemos tempos difíceis, nos quais precisamos de muitas luzes e discernimento. É comum desejarmos o controle de tudo o que diz respeito à nossa vida, como se pudéssemos ter um script sobre o que vai acontecer amanhã, depois e assim por diante. Mas Deus não quer que seja assim. Ele quer que cresçamos na fé, na confiança. E, por isso, ao invés do script, o Senhor nos dá, para caminhar ao nosso lado, alguém que sabe o caminho: a Virgem Maria.

Por isso, queremos pedir a Deus, Nosso Senhor, que conceda ao nosso pastor, Padre Overland, a graça de agarrar a mão de Nossa Senhora e não soltá-la em momento algum, para que assim ela nos conduza todos ao Céu.

Hoje, 12 de setembro, é um dia dedicado ao Santíssimo Nome da Bem-Aventurada Virgem Maria. Santo Afonso Maria de Ligório, em sua famosa obra Glórias de Maria, dedica um capítulo inteiro a esse tema, e o inicia dizendo que, pela tradição da Igreja — como nos recordam São Jerônimo, Santo Epifânio e tantos outros santos —, o nome Maria não veio de São Joaquim e de Sant’Ana, mas foi dado por Deus e revelado a eles (assim como ouvimos no Evangelho a respeito do nome de Jesus).

Ora, se o nome Maria veio do Alto, então deve significar algo muito especial. No entanto, os especialistas em hebraico, em língua egípcia e aramaico, entre outros, parecem não entrar num acordo em relação a esse significado. O estudo que considero mais satisfatório com relação ao nome Maria foi publicado em 1895, em uma revista alemã de estudos bíblicos. Esse artigo dedica 160 páginas à investigação das várias teorias acerca do nome, chegando a uma conclusão que nos parece satisfatória.

Primeiramente, o significado tradicional do nome de Maria, Estrela do Mar, é devido a um equívoco ocorrido na Idade Média — ainda que continuemos venerando esse belo conceito, tanto ao cantar Ave Maris Stella (“Ave Estrela do Mar”) quanto ao honrar, por exemplo, a devoção de São Bernardo que diz: “Chama Maria, olha para a estrela”.

Recordemos, também, que Maria era um nome bastante popular na época de Nossa Senhora. Basta nos lembrarmos de Maria Madalena, Maria de Cléofas, da “outra Maria” ou da Maria de Betânia, que estava aos pés de Jesus, contemplativa. Observa-se, porém, que ainda que fosse um nome popular na época de Jesus, já não era tão frequente no Antigo Testamento.

Segundo o referido estudo, o significado mais provável do nome de Maria parece ser “aquela que é bela”, ou “aquela que é perfeita em sua beleza”. Não vamos aqui nos alongar nas explicações a respeito disso, mas as outras teorias não nos parecem convincentes. Afinal, seria improvável — e nos parece pouco inspirador — que um nome feminino popular significasse “mar de amargura”,  ou “rebelião”. Por outro lado, um nome que significasse “formosa”, “bela”, “perfeita”, seria mais adequado.

Desse modo, Maria foi o nome escolhido por Deus para a Virgem Santíssima. Eis o nome que é venerado no Céu e pela Igreja, desde sempre. Sabemos que esse nome tem um poder espiritual, algo que é atestado pelos santos. Nossa Senhora e o próprio Jesus, em aparição a Santa Brígida, disseram sobre o poder da invocação do Santo Nome de Maria. Aqui, porém, gostaríamos de recordar somente um trecho extraído de Glórias de Maria, de Santo Afonso, no qual ele diz que o nome de Nossa Senhora tem o poder de encorajar os pecadores à conversão, quando invocado com grande confiança:

[...] Ricardo de São Lourenço encoraja os pecadores a recorrerem a este grande nome, porque ele sozinho bastará para curá-los de todos os seus males, dizendo que não há enfermidade tão maligna que não ceda imediatamente à força deste nome. 
Por outro lado, os demônios, afirma Tomás de Kempis, temem de tal maneira a Rainha do Céu que ao ouvir pronunciar o seu grande nome fogem de quem o pronuncia como de um fogo a queimá-los.
A mesma Santíssima Virgem revelou à Santa Brígida que não há nesta vida pecador tão frio no amor divino que, invocando ele o seu santo nome com o propósito de converter-se, o demônio dele não se afaste imediatamente. E o confirmou ainda outra vez dizendo-lhe que todos os demônios de tal maneira têm respeito e medo por seu nome que ao ouvi-lo soar imediatamente soltam as almas das garras com as quais as mantinham presas.
E tal como se afastam os anjos rebeldes dos pecadores que invocam o nome de Maria, assim, por sua vez, disse a mesma Senhora nossa à Santa Brígida, os anjos bons se aproximam ainda mais das almas justas que devotamente o pronunciam.

A partir desse ensinamento, somos chamados a fazer uma reflexão inteligente. Não se trata de algo mágico: basta dizer o nome de Maria para que as pessoas se convertam e os demônios fujam. Antes, entendamos do que se trata a invocação de um nome.

Os demônios são anjos, seres de pura inteligência, que não têm corpo. Eles não têm um processo cerebral limitando o ato de inteligência. Portanto, quando se invoca um nome diante de um anjo qualquer — bom ou mau —, aparece-lhes imediatamente a substância daquele nome: o que aquilo realmente significa, e é o brilho dessa verdade que causa verdadeiro horror e afugenta os anjos maus, enquanto atrai os anjos os bons.

Enquanto isso, nós, seres humanos, não possuímos essa mesma capacidade. Para que a verdade de um nome se nos apresente, precisamos meditar a respeito dele. Então, o que Santo Afonso está nos dizendo é que mesmo os pecadores de coração mais duro, diante da meditação do nome de Maria, podem enxergar pouco a pouco a verdade que ali está contida, cedendo ao chamado irresistível de conversão que está na compreensão ainda que ínfima do que significa Nossa Senhora.

Façamos uma breve meditação para compreendermos o que devemos fazer diante do nome de Maria. Para enxergarmos o que significa Maria, como os anjos o enxergam, recordemos que a nossa inteligência é discursiva. Por isso, precisamos invocar a nossa memória, utilizando a nossa capacidade de fantasia, exercitando a imaginação a respeito desse significado.

Considerando que Nosso Senhor Jesus é uma pessoa divina, Nossa Senhora é o único coração, a única alma, a única pessoa humana que amou a Deus como Ele merece ser amado.

Nossa Senhora recebeu a plenitude da graça e por isso o Anjo Gabriel, ao vê-la, fez aquilo que fazem todas as milícias celestes, conforme nos diz o livro do Cântico dos Cânticos (Ct 6, 10): “Quem é esta? Quem é esta?”, por três vezes o livro do Cântico dos Cânticos pergunta: “Quem é esta?”, como se os anjos quisessem ouvir do Altíssimo, como resposta, aquele dulcíssimo nome: “Quem é esta que avança como a aurora?”; “É Maria!”

Os anjos exultam de alegria diante da verdade de Maria Santíssima: “Quem é esta que ama assim? Quem é esta alma humana que tem mais amor por Deus do que a reunião de todas as cortes celestes: todos os querubins, serafins, tronos, dominações e potestades? Do que todos os anjos e santos que existiram e jamais existirão? Quem é esta que amou tanto assim a Deus?” Todos eles se rejubilam com o nome de Maria por verem Deus sendo honrado, crido, obedecido, enfim, amado desse modo como Ele merece ser amado. Com que notável pureza, com que coração imaculado e virginal Deus é amado no coração de Maria!

Nossa Senhora doou-se inteira, de forma inominável, a Deus. De tal forma que seu nome está envolto em inefável mistério, escapando à nossa percepção humana limitada e frágil. Por essa razão, é somente no Céu que veremos, realmente, quem é Maria.

Quando virmos Maria Santíssima no Céu, nos sentiremos envergonhados por tê-la honrado tão pouco aqui na terra. Quando virmos o quanto ela ama a Deus, nos sentiremos pequenos e mesquinhos, vis e miseráveis por tê-la amado tão pouco, por ter pronunciado com tão pouca devoção e tamanha irreverência o seu santo nome. Ao mesmo tempo, nosso coração se preencherá de júbilo e satisfação quando virmos com que amor ela amou a Deus. 

No Céu, veremos Maria como os anjos a veem, com toda sua glória de amor. Também no Céu, será grande o arrependimento por não termos, diária, contínua e constantemente nos lembrado do nome de Maria, glorificando por isso a Deus e obedecendo ao que a Santa Palavra nos diz: “Todas as gerações me chamarão de Bem-Aventurada, porque o Poderoso fez em mim maravilhas.” Quando virmos Nossa Senhora, vamos nos surpreender com a profundidade, com a grandeza do amor com que ela amou a Deus, e então saberemos realmente aquilo que conseguimos até então captar somente às apalpadelas, na obscuridade da fé.

Eis então, nesta meditação, o que precisamos fazer com o nome de Maria. Fomos conduzindo a nossa imaginação a fim de penetrarmos um pouco mais nesse mistério. Por isso, quando agora falamos “Maria!”, uma verdade salta diante de nossos olhos e, por um momento, nos assemelhamos aos anjos jubilosos no Céu. Por um momento, também o Inferno treme diante de nós, porque estamos vendo a verdade sobre como ela amou a Deus; e como Deus foi glorificado nela.

Meus queridos, digamos então como São Bernardo: “Invoca Maria, olha para a Estrela!” Aquela que, de fato, é a Mãe do Belo Amor, a Perfeitíssima Virgem Maria. Quem ama a Deus alegra-se de vê-lo amado assim. Quem ama a Deus rejubila-se de alegria por vê-lo receber o amor que Ele merece.

Por isso, no dia de hoje, coloquemos toda a nossa comunidade paroquial debaixo da poderosa intercessão da nossa Mãe Bem-Aventurada e Imaculada. Celebramos esta Santa Missa em ação de graças pelo aniversário do Padre Overland, mas sobretudo pedindo proteção àquela cuja descendência tem o poder de esmagar a cabeça da Serpente. Que o nome de Maria seja pronunciado nos quatro cantos da terra, e diante dele fujam os demônios e corram em nosso socorro os anjos de Deus. Por fim, que possamos trilhar, sob o santíssimo nome de Maria, o nosso caminho para o Céu, guiados pelos nossos pastores visíveis aqui da terra; que sejam pastores que agarrem firmes a mão de Nossa Senhora, e não a soltem em momento algum.

Vamos juntos! Ela sabe o caminho: sabe por que vales teremos de mergulhar e por quais montanhas teremos de nos elevar. Invocai, meus queridos, o nome de Maria. Olhai para a estrela!

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