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Homilia Dominical
27 Set 2019 - 25:04

O que o seu dinheiro não pode comprar

“Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão”, diz o evangelho deste domingo. Do rico, porém, só se diz que “morreu” e que “foi enterrado”. Isto é, dos que servem a Deus e procuram levar uma vida de virtudes, há uma eternidade de glória à espera. Mas àqueles cuja única “moeda de troca” era o próprio dinheiro... só restam a morte e, quiçá, o Inferno. Eis o tema tão necessário de mais esta meditação do Padre Paulo Ricardo.
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Homilia Dominical - 27 Set 2019 - 25:04

O que o seu dinheiro não pode comprar

“Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão”, diz o evangelho deste domingo. Do rico, porém, só se diz que “morreu” e que “foi enterrado”. Isto é, dos que servem a Deus e procuram levar uma vida de virtudes, há uma eternidade de glória à espera. Mas àqueles cuja única “moeda de troca” era o próprio dinheiro... só restam a morte e, quiçá, o Inferno. Eis o tema tão necessário de mais esta meditação do Padre Paulo Ricardo.
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 16, 19-31)

Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus: “Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.

Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado. Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’. Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. E, além disso, há um grande abismo entre nós; por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’.

O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa do meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’. Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!’

O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’. Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos’”.

No Evangelho de domingo passado, Nosso Senhor dizia aos seus discípulos que é impossível servir a Deus e ao dinheiro. E, de fato, ninguém pode julgar-se verdadeiramente religioso se em seu coração houver o mínimo apego às coisas mundanas. Esse apego, por menor que seja, leva a alma a desprezar os bens espirituais, numa busca desenfreada pelas glórias materiais. A visão do homem fica, assim, embotada pelas sombras da criatura.

A parábola do pobre Lázaro e do rico epulão, que Jesus conta no Evangelho deste domingo, é uma ilustração contundente desse ensinamento. O rico epulão, ao contrário de Lázaro, é exatamente o típico personagem que serve ao dinheiro. Com isso, ele dedica todo o tempo de sua vida à conquista daquilo que o “vil metal” pode comprar: os bens materiais. E essa é a sua ruína, porque, agindo assim, o rico epulão deixa de acumular tesouros no Céu para servir-se com os requintes passageiros desta terra.

Nenhum dinheiro pode comprar o amor de um filho ou de uma esposa, nem mesmo a maior fortuna é capaz de comprar as virtudes, os dons de Deus e a eternidade no Céu. Esses bens espirituais só se adquirem no serviço a Deus, por meio da oração e da caridade. E são esses os bens que tornam a vida humana realmente cheia de sentido e de alegria, pois são bens eternos, que nem a traça ou a ferrugem podem destruir.

O dinheiro, por isso mesmo, deveria servir apenas para nutrir as necessidades básicas do corpo humano. Mas quando ele se torna a “razão de ser” das pessoas, acaba se tornando também um obstáculo à verdadeira felicidade, aos verdadeiros bens que preenchem a alma. E, assim, as pessoas descobrem a alma para cobrirem o corpo de “púrpura e linho fino”, gastam seu tempo em academias e clínicas de estética, fazem investimentos e negociações — às vezes, criminosas —, na tentativa desesperada de aumentarem o próprio capital.

Todo esse investimento, porém, deve resultar numa única coisa: no nada. Sim, porque todo o investimento do “rico epulão” terminou com a sua morte, e ele foi enterrado no mesmo cemitério que o pobre Lázaro. Além disso, Nosso Senhor diz que Lázaro, ao morrer, foi levado pelos anjos à presença de Abraão, ao passo que o rico não alcançou a mesma glória porque já havia recebido seus bens durante a vida. Ou seja, ele havia investido no lugar errado.

Nosso Senhor revela, com essa parábola, como o apego aos bens desta vida é uma estultícia, porquanto faz o homem acumular bens que passam com a morte. Nesse sentido, os santos sempre recomendaram uma salutar meditação sobre os Novíssimos, ou seja, sobre o destino final da vida humana, uma vez que o pensamento sobre a morte contribui para nos recordar da fragilidade de nosso ser. Apesar de a cultura atual fazer de tudo um pouco para ignorar a existência da morte, essa é uma certeza inevitável, que, mais cedo ou mais tarde, chegará para todo mundo. Inteligente, portanto, é aquele que sabe se preparar verdadeiramente para esse momento.

Foi numa meditação sobre a morte que São Francisco Bórgia se converteu. Ele, que era um nobre e fazia parte da corte do imperador espanhol Carlos V, tinha também uma grande estima pela imperatriz Isabel, uma mulher realmente belíssima. Quando ela faleceu, porém, São Francisco teve a missão de acompanhar o corpo da esposa do imperador até a cidade de Granada, Espanha, onde seria sepultada. O calor era grande e isso acelerou o processo de decomposição do cadáver. Ao abrirem o caixão, então, São Francisco e todos os presentes viram o rosto da belíssima rainha agora irreconhecível, totalmente desfigurado. E São Francisco Bórgia, contemplando aquela imagem horrível, disse em seu íntimo: “Nunca mais eu irei servir a um senhor que me morra”.

Ora, quem serve ao dinheiro serve a um senhor que vai morrer. Mas quem serve a Deus alimenta a própria alma com as virtudes, com as graças, e está ornando o seu coração com uma beleza eterna, com a beleza de um Senhor que venceu a morte. Daí a grande diferença entre a morte de Lázaro e a morte do rico. Este terminou seus dias na amargura do Inferno, enquanto aquele outro encontrou a verdadeira alegria na presença dos anjos e dos santos de Deus. Do que adianta, pois, conquistarmos todos os tesouros deste mundo se, com isso, podemos perder a vida verdadeira?

Hoje ecoa mais uma vez para nós as palavras de Josué ao povo de Israel: “Se vos desagrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses, a quem serviram os vossos pais além do rio, se aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais”. De nossa parte, precisamos responder como ele: “Eu e minha casa serviremos o Senhor” (Js 24, 15). Somente assim poderemos evitar a queda nos vícios, nos apegos aos bens deste mundo, que nos arrastam ao pecado mortal e, por conseguinte, ao Inferno.

Com astúcia demoníaca, os servos das trevas querem nos distrair a todo tempo com as riquezas desta terra, a fim de que nos esqueçamos do “único bem necessário”. Sejamos, pois, pobres como Lázaro, para no fim de nossas vidas sairmos carregados nas asas dos anjos do Céu.

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