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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 1,46-56)

Naquele tempo, Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem.

Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.

Estamos nas antevésperas do Natal e fazemos a penúltima antífona das grandes Antífonas do Advento. Trata-se de “O Rex gentium”, “Ó Rei das nações”. Vejamos o texto: “Ó Rei das nações, desejado dos povos! Ó pedra angular que os opostos unis! Ó vinde salvar este homem tão frágil, que um dia criastes do barro e da terra”.

Primeira coisa que nos espanta. Até agora estávamos na história de Israel. Toda a história das antífonas parece que acompanhou desde a criação: “Ó Sabedoria”; depois “Ó Adonai”, que fala da época de Moisés; depois “Ó Raiz de Jessé”, que é o pai de Davi; “Ó Chave de Davi”, que é do tempo dos reis; “Ó Sol nascente”, o que faz justiça na época dos Profetas; e agora uma coisa que parece romper nossas expectativas.

Chegamos aos profetas. Parece que deveria vir logo a Encarnação. Não é isso? Mas a Antífona nos diz que não havia só Israel a esperar Jesus; também as nações, também os pagãos esperavam Jesus.

É interessante ver que existe uma tradição que costuma olhar um pouco para as profecias que acontecem nas falsas religiões e encontrar nelas também indícios que mostram quanto os seres humanos esperavam por Jesus.

É o caso, por exemplo, das sibilas, profetizas da Antiga Roma. Parece que elas indicavam, sim, a vinda do Emanuel. É por isso que no Dies Iræ se diz: Teste David cum Sibila. Ou seja: a vinda de Jesus é atestada por Davi no Antigo Testamento — é a revelação — e pela Sibila, pois também entre os próprios pagãos há um sinal de Cristo.

Mas o que isso quer dizer concretamente para a nossa vida?

Quer dizer que todos os seres humanos, absolutamente todos, até o mais pagão de todos, têm pelo menos um vestígio da graça de Deus, aquilo que nós chamamos de graça suficiente. Esta graça está lá, é uma presença que vem em suaves toques, uma voz.

Nós somos a todo momento convidados a ir para Cristo, mesmo que seja no profundo do nosso pecado.

O problema é que nós não damos chance a Deus de nos falar, e no entanto Ele é verdadeiramente o desejado dos povos. Mas precisamos clamar e pedir a Ele que venha nos salvar, porque somos frágeis.

A antífona nos lembra a fragilidade humana. Voltamos ao princípio da criação: “Ó Sabedoria”, recordando a criação do homem a partir do barro da terra.

Nós precisamos mesmo de um rei, de um rei que venha nos dar solidez. A antífona, então, sugere esta solidez através da imagem da pedra angular, aquela que está no ângulo de duas paredes para uni-las.

Ali, arquitetonicamente falando, estruturalmente falando, existe uma tensão, então é necessário que seja colocada uma pedra mais forte, pela qual as duas partes do muro se unem.

É o que está no original latino: “Que de dois opostos”, de duas tensões, “se faz unidade”. Essa briga interna que nós temos dentro de nós, as brigas da humanidade, são apaziguadas por Cristo.

O homem, tão frágil, que parece não ter consistência, que parece destruir a si mesmo, encontra nele, pedra angular, a firmeza de uma rocha que o auxilia. Que Ele venha e verdadeiramente apazigue o desejo de nossos corações.

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