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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 8,1-4)

Tendo Jesus descido do monte, numerosas multidões o seguiam. Eis que um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fica limpo”. No mesmo instante, o homem ficou curado da lepra. Então Jesus lhe disse: “Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho para eles”.

Nós estávamos lendo o grande Sermão da Montanha (capítulos 5, 6 e 7 de São Mateus). Agora iniciamos o capítulo 8, por isso a introdução do Evangelho de hoje diz assim: “Tendo Jesus descido do monte…”.

Terminou o grande ensinamento em que Jesus fez, na realidade, uma fotografia ou radiografia do seu Coração, para deixar bem claro qual é o caminho dos cristãos, qual é o caminho do seguimento de Cristo.

O povo começa a ter fé, mas é uma fé incipiente, ou seja, uma fé que está começando, uma fé claudicante, uma fé ainda meio capenga, meio manca, mas já é fé. E Jesus, que está pregando não somente para a multidão, para o povo, quer também, na sua infinita caridade, pregar para aqueles que irão condená-lo à morte, ou seja, para os chefes dos judeus e os sacerdotes.

É o que nós vemos hoje no milagre da cura do leproso. O leproso se aproxima de Jesus, se ajoelha diante dele e faz uma profissão de fé belíssima: “Senhor, se queres, tens o poder de me purificar”. Ele não diz: “Senhor, se podes, purifica-me”. Não! Ele atesta que Jesus tem esse poder agora: “se queres”.

Primeira coisa: que exemplo sublime de oração! É a oração que todos nós deveríamos fazer. Todos nós deveríamos rezar desta maneira, sempre pedindo as coisas, mas pedindo-as com franqueza, com parresia e, ao mesmo tempo, pedindo-as com piedade, com confiança filial, sabendo que Deus é meu amigo, Deus sabe o que é melhor para mim, Deus sabe o dom que Ele quer me dar.

Nossa oração é isso. Nossa oração é um pedir a Deus o que nós achamos que é bom, mas ter muita certeza; do que nós, sim, temos certeza é da bondade dele. Eu não sei se é bom ser curado de lepra, mas sei que o Coração de Jesus é bom; Ele tem o poder: se for bom, Ele o vai querer também; se estiver nas bondades de Deus, Ele irá querer, por isso peço: “Se queres, tens o poder de me purificar”. Pois bem, “Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: ‘Eu quero, fica limpo’”.

Quando uma pessoa tocava num leproso, ficava impura. Com Jesus é o contrário: Ele o toca, e o leproso fica puro. O poder de Jesus é atestado com muita clareza, e este sinal que Jesus fez, Ele o fez, sim, por caridade para com o leproso, mas o fez também por caridade para com os sacerdotes de Jerusalém.

Jesus, no alto da montanha, estava pregando. Ele fez o seu sermão, as pessoas começam a crer e Jesus já tem os olhos em Jerusalém. Se Ele puder fazer algo para converter os sacerdotes, Ele já começa a fazê-lo desde agora, porque, sim, nós sabemos que os sumos sacerdotes, os doutores da Lei e os fariseus, irão condenar Jesus, mas isso não quer dizer que todos irão condenar Jesus.

Certamente, alguns deles se converterão. Nós temos, por exemplo, Nicodemos, que procurou Jesus na calada da noite. Então, alguns desses líderes dos judeus se converteram, e se converteram porque Jesus, na sua caridade infinita, quis convertê-los, por isso eles se abriram à conversão.

Então, Jesus dá a ordem ao leproso: “Não digas nada a ninguém; mas vai mostrar-te ao sacerdote e faze a oferta que Moisés ordenou”. Para quê? “Para servir de testemunho para eles”. Os sinais e as intervenções de Deus na nossa vida são para nós causa de soerguimento ou de ruína, de sairmos melhores ou piores.

Diante daquele leproso, que se apresentou purificado aos sacerdotes do Templo de Jerusalém, certamente os sacerdotes perguntaram: “Mas quem fez isso contigo? Quem foi que causou isso em ti?”, e Jesus havia ordenado ao leproso que não dissesse isto a ninguém, a não ser aos sacerdotes, “para que lhes sirva de testemunho”. Foi Jesus, suprema caridade.

Se Jesus quisesse simplesmente evitar confusão, ou se quisesse simplesmente se poupar, Ele diria, segundo uma mentalidade carnal e mercadológica, o seguinte: “Vai, leproso curado, e conta-o a todo o mundo; só não vás a Jerusalém; não me vás cutucar a onça com vara curta, porque são eles que vão me matar. Então, deixa que os outros creiam em mim, mas eles não”.

Jesus faz o contrário. Ele diz: “Não o contes a ninguém, mas vai e conta-o aos sacerdotes, porque eu preciso convertê-los por primeiro”, isto é, exercer a caridade por primeiro, amá-los por primeiro. “O povo que já está recebendo a minha doutrina ficará sabendo cedo ou tarde quem eu sou”, como o leproso que já tem fé e diz: “Tu podes”. Agora é necessário que também os inimigos recebam a verdade da fé.

Então, meus queridos, que maravilha a caridade de Cristo, o seu Coração bendito, o seu Coração de amor, que ama os inimigos e quer que eles tenham fé! Também nós precisamos ter a mesma atitude. Também nós, no mundo atual, temos tantos inimigos da Igreja, tantos inimigos da doutrina de Cristo. Precisamos rezar para que eles se convertam, para que encontrem a verdade, e se lhes abram assim as portas do Céu.

Então, vamos rezar, e rezar muito, para que eles recebam o testemunho da luz da verdade.

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