Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 7, 11-17)
Naquele tempo, Jesus dirigiu-se a uma cidade chamada Naim. Com ele iam seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: “Não chores!” Aproximou-se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo”. E a notícia do fato espalhou-se pela Judeia inteira, e por toda a redondeza.
Celebramos hoje, com grande alegria, a Memória de São Cornélio e São Cipriano, dois grandes homens que estão presentes no Cânon Romano, ou seja, na lista de santos da Oração Eucarística I.
Quem foram eles? Cornélio era bispo de Roma — e mais tarde se tornou Papa — e Cipriano era bispo de Cartago. Ambos foram mártires e viveram por volta do ano 250, numa época em que a Igreja era perseguida pelo então Imperador romano Décio. Foi uma das maiores perseguições que a Igreja teve de enfrentar naqueles tempos, podendo ser comparada à de Nero e à de Diocleciano.
Como em cada onda de perseguição, houve muitos mártires, mas também aqueles que caíram devido à fragilidade humana. Muitos renegaram a fé, sacrificando oferendas aos imperadores e ídolos falsos, entregando os livros da Sagrada Escritura diante da requisição dos soldados romanos, e até mesmo comprando um certificado que dizia que eles adoravam ao imperador e, por isso, estavam livres. Eram os chamados “lapsi”, ou seja, pessoas que caíram e cometeram o grave pecado de, tendo ocasião de testemunhar sua fé por Cristo e morrerem por Ele, terminaram escolhendo o caminho mais “confortável”. Então, de repente, a Igreja se encontrou com um número enorme de pessoas que eram antes bons cristãos, mas que, diante da perseguição, tiveram momentos de fraqueza.
E o que fazer com essa gente? Surgiram duas reações extremas: em Roma, um padre chamado Novaciano era rigoroso e não queria que ninguém fosse readmitido; porém, São Cornélio, seguindo a tradição antiquíssima da Igreja, defendeu que, se eles fizessem muita penitência, poderiam ser readmitidos e ter seus pecados perdoados.
Do outro lado do Mediterrâneo, em Cartago, era o oposto: um herege, chamado Novato, queria que as pessoas fossem aceitas de volta sem necessidade de penitência. No entanto, São Cipriano discordou e deu uma opinião equilibrada, reconhecendo que elas deviam ser readmitidas, mas só depois que fizessem penitência por seus pecados. Desse modo, esses dois santos adotaram uma posição moderada e justa diante dos dois extremos.
E o que esse episódio da vida deles ensina para as nossas vidas? O ensinamento de que, provavelmente, estamos caindo no excesso que teve de enfrentar São Cipriano. Ou seja, nós pecamos, vamos ao confessionário, mas não nos preocupamos em fazer penitência depois. Ora, a penitência serve não só para impôr sobre nós o castigo que merecemos por nossas culpas, mas também para reconstruir o nosso coração, que se comportou de forma egoísta, a fim de nos configurarmos e nos unirmos mais a Cristo crucificado. Eis o verdadeiro valor da penitência cristã.
Mesmo que não tenhamos a oportunidade de derramar o nosso sangue como mártires, é nosso dever dar testemunho da fé morrendo para o mundo, para a carne e para as tentações do demônio por meio da penitência. Portanto, peçamos a intercessão de São Cornélio e São Cipriano, para que sejamos corajosos e tenhamos força de vontade para confessar os nossos pecados e aceitar as punições que merecemos, pedindo a Deus a mudança do nosso coração e do coração de tantos outros pecadores.




























O que achou desse conteúdo?