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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5, 43-48)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!

Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa?

E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.

O Evangelho de hoje é mais uma vez tirado do Sermão da Montanha. Jesus nos ensina o amor ao inimigo. É interessante como o Senhor o explica: precisamos amar aos inimigos, porque devemos ser perfeitos como o nosso Pai celeste é perfeito. É a imitação do Pai do céu que nos leva a amar aos inimigos. Isso é algo típico do cristianismo, que os pagãos têm grande dificuldade em entender. Autores pagãos, ao ouvir a regra cristã “amai aos vossos inimigos”, dizem: “Mas se eu pagar a meus inimigos com amor, com que irei pagar aos amigos?” Trata-se de uma matemática justiceira: amor com amor se paga, injustiça com vingança se paga. Mas se Deus nos tivesse tratado assim, estaríamos perdidos. “Quando éramos inimigos de Deus”, diz S. Paulo, Ele nos enviou o seu Filho. Temos de nos dar conta de que toda pessoa que está em pecado mortal, por mais que vá à igreja, ainda que “sinta” afeto por Deus, tem no fundo da alma ódio a Deus. Pode ser que ela não o enxergue agora, mas o irá enxergar se morrer em tal estado. No momento da morte, o corpo separa-se da alma, e esta vê-se tal qual é. Em vida, porém, não vemos nossa alma. Por quê? Porque ela está unida ao corpo. Muito do que vemos dentro de nós pertence à alma, são sentimentos do cérebro, reações corporais, físicas, passionais… Aqui, não temos acesso ao fundo da alma, por isso há quem pense ser amigo de Deus pelo só fato de ter “afetos”, reações cerebrais em relação a Deus; mas, na hora da morte, o corpo separa-se da alma, e a alma vê-se nua: ela enxerga que está em pecado mortal, que odeia a Deus e o rejeita, é ela mesma quem escolhe ir para o inferno, para longe de Deus. Mas “quando éramos inimigos” — ou seja, quando estamos em pecado mortal e temos essa inimizade contra Deus —, Ele nos enviou o seu Filho para nos amar! Se um dia cometemos pecados mortais, mas depois nos convertemos e agora estamos na graça e na amizade de Deus, saibamos que Ele nos perdoou quando éramos inimigos seus. Ora, se Ele agiu assim conosco, como lhe iremos retribuir? Como iremos amar de volta um amor assim? Só há um jeito: podemos retribuir o amor de Deus por nós amando aos nossos inimigos na Terra. Para amar e honrar o amor que Deus teve para comigo, amo aos meus inimigos — por gratidão, por abundância de gratidão a Deus. Hoje é sábado, dia de Nossa Senhora. Que ela, Mãe das Dores, que esteve de pé junto da cruz de Cristo, perdoando aos algozes que lhe matavam o Filho querido, nos dê força para entender o que é misericórdia, o que é o amor com que Deus nos tratou e com que ela mesma, reflexo do amor divino, nos trata sempre que nós recorremos a ela, Virgem SS., Mater misericordiæ, Mãe de misericórdia. Que Maria seja um reflexo desse amor, para que também nós possamos refletir o mesmo amor pelo perdão aos nossos inimigos.

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