Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 21, 34-36)
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: “Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós, pois cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de conseguirdes escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem”.
No Evangelho de hoje, Jesus faz um alerta para que o nosso coração não fique pesado devido aos excessos deste mundo e, por esse motivo, impossibilitado de elevar-se para Deus. Essa é a mensagem básica e principal deste Evangelho, que enfatiza a necessidade da oração constante.
Mas, de que modo a nossa alma fica apegada e incapacitada de unir-se a Deus? Por meio de duas realidades. A primeira é a crápula, que significa “excesso em alguma coisa”, como a embriaguez, a gula, a droga, o sexo desregrado… Ora, nunca vamos realmente trilhar um caminho espiritual para Deus se continuarmos apegados à ideia louca de que a felicidade está no prazer físico. Evidentemente, isso não significa que sentir prazer é errado, porque, se fosse assim, nem corpo teríamos. Portanto, os prazeres são possíveis, mas se tornam um problema quando a alma, que deveria controlar o corpo, é controlada por eles, fazendo com que busquemos a felicidade onde ela não se encontra.
Os animais, quando sentem prazer, ficam plenamente satisfeitos; já nós, seres humanos, queremos cada vez mais e mais, porque o nosso coração se apequena diante de mesquinharias. No entanto, unindo-se a Deus, ele se engrandece e é capaz de abandonar os prazeres carnais para buscar as coisas do alto. Devemos, pois, sair de vez dessa obsessão de procurar a felicidade no prazer terreno, atitude esta que se torna um pecado grave, pois o transformamos em um ídolo em nossas vidas.
A segunda realidade que nos impede de seguir o caminho do Céu são as preocupações da vida. Ela é bem retratada no Evangelho de São Lucas, quando Jesus diz: “Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas com tantas coisas. Uma só coisa é necessária” (Lc 10, 41). Se o nosso coração é um campo de batalha que, ao invés de procurar o Único Necessário, fica feito uma biruta, movendo-se conforme o vento, procurando a felicidade a todo custo e querendo contentar a todos, ele está bem longe de Deus. Por isso, nós precisamos ter um foco, e esse foco consiste na nossa total entrega a Deus: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”.
Não procuremos a felicidade no corpo, que é como uma criança mimada que, quanto mais tem, mais quer. Dando muitos prazeres ao corpo, o caminho que iremos seguir é o da depressão e da irritação constante, que é capaz de ir contra tudo e contra todos. Desfaçamos-nos dessa loucura, e tenhamos em mente que a verdadeira felicidade está em seguir a Jesus e buscar as coisas do alto.
Portanto, estando às portas do Advento, peçamos a Deus a graça de um coração leve e capaz de erguer os olhos para o alto, como a Virgem Maria, que glorifica ao Senhor no Céu, de corpo e alma, e como os anjos, que o glorificam com hinos de louvor.



























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